Descentralizar a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) e criar unidades regionais que conheçam a estrutura de cada região e possam fazer a gestão das vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira mais eficiente e transparente, para acabar com gargalos na ordem de atendimento na rede pública de saúde. Esta é a proposta da Frente Parlamentar do Sistema Cross/SUS lançada na sexta-feira (23) pela deputada estadual Ana Perugini no plenário da Câmara Municipal de Campinas.
Compuseram a mesa de abertura a superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde; o secretário de Saúde de Hortolândia, Denis Crupe; o médico emergencista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Fábio Alves e o diretor-executivo da Diretoria Executiva da Área de Saúde (Deas) da Unicamp, Oswaldo Grassiotto, representando o reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles.
Em seu discurso durante a abertura do evento, a superintendente do HC falou da necessidade de um diagnóstico para avaliar a situação dos leitos no estado de São Paulo e defendeu a proposta de descentralização da Cross, que está sob avaliação do governo estadual.
“Quando estamos dentro da nossa região, é muito mais fácil fazer a reestruturação e o encaminhamento de pacientes de forma apropriada. Com essa regionalização, conseguiremos atender melhor nossos pacientes dentro de suas próprias regiões”, afirmou Elaine.
Fábio Alves, que atua como plantonista e acumula experiência como secretário de Saúde em Santa Bárbara d’Oeste, Itatiba e Paulínia, ratificou a importância da regionalização como forma de garantir equidade de acesso em todo o estado. “Se não for uma Cross regional, ela não vai olhar para lugar nenhum. Há necessidade de fazer aqui cogestão, para ter transparência no que será ofertado pelos hospitais, da especialidade dos AMEs e dos municípios”, disse Fábio.
O secretário de Saúde de Hortolândia chamou a atenção para a necessidade de reestruturação do SUS e cobrou maior participação do Governo de São Paulo. “Temos uma dificuldade enorme de conseguir qualquer recurso para custeio e até investimento nas ações do município. Nenhuma prefeitura terá capacidade de suportar todo o sistema de forma individual, sem dinheiro entrando”, disse Crupe.
Para Oswaldo Grassiotto, diretor-executivo da Deas, o fator demográfico é um dos responsáveis pela situação da saúde pública na região. Segundo Grassiotto, a Região Metropolitana de Campinas teve um crescimento quase 50% maior, se comparado ao restante do estado. Nos últimos 12 anos, ganhou 600 mil habitantes e apenas 130 leitos, aproximadamente.
“Deveríamos ter ao menos o dobro de leitos. Sabemos que nossa região precisa muito dessa ferramenta de regulação que dá racionalidade e economicidade a todo processo. Por isso, essa frente é muito bem-vinda e pode contar com apoio da Unicamp”, afirmou Grassiotto.
Ao final, a deputada Ana Perugini avaliou como técnico e enriquecedor o debate e pediu a colaboração de todos para a melhoria da regulação de vagas no estado.
“Essa é uma frente para tratar do Sistema Cross, porque é um problema que tem levado muitas pessoas ao desespero. É suprapartidária, pois precisamos de muitas forças para resolver algo que é da humanidade, em especial a saúde na região de Campinas e no estado de São Paulo. Acredito que encontraremos uma forma de melhorar o sistema e garantir equidade para todos os usuários do SUS”, disse a coordenadora da frente.
Após o lançamento da Frente Parlamentar, a deputada se reunirá com integrantes da frente para elaboração de um plano de trabalho que incluirá a realização de diligências e audiências públicas no estado.
O evento reuniu cerca de 90 pessoas, entre profissionais de enfermagem, médicos, gestores hospitalares, dirigentes da Unicamp, representantes de sindicatos, conselheiros tutelares, conselheiros municipais de saúde, vereadores de várias cidades da região, além de secretários de saúde e defensores do Sistema Único de Saúde.
Matéria originalmente publicada no site da Alesp e HC da Unicamp.
