Integração regional e democracia marcam abertura do VI Congresso de Extensão da AUGM

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A ideia de integração regional e de fortalecimento da democracia na América Latina marcaram a cerimônia de abertura do VI Congresso de Extensão da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM) — entidade que reúne 41 instituições públicas de ensino superior do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai —, realizada na noite de terça-feira (27), no Centro de Convenções da Unicamp.

Coorganizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec), o Congresso tem como tema “Democracia e Extensão” e pretende estabelecer uma relação direta entre a extensão e os objetivos da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) de desenvolvimento sustentável.

“Os temas deste congresso unem, numa só convocatória, dois importantes fatores”, disse o secretário executivo da AUGM, professor Alvaro Rico. “A extensão, como legado da reforma estudantil de Córdoba, de 1918, traz a ideia de vínculo das nossas universidades com a sociedade, sobretudo junto aos mais vulneráveis”, afirmou ele. “E também a da democratização, em um continente onde nem sempre a estabilidade política, o respeito aos direitos humanos e aos sistemas democráticos são a regra”, acrescentou.  

Durante a cerimônia de abertura, o reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, disse que a AUGM é uma das mais importantes associações da América Latina
Durante a cerimônia de abertura, o reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, disse que a AUGM é uma das mais importantes associações da América Latina (Foto: José Irani/ Comunicação Proec)

Rico lembrou os 50 anos do golpe militar no Uruguai, ocorrido em junho de 1973, que resultou numa ditadura de 12 anos no país, e os 50 anos do golpe militar no Chile, ocorrido em setembro daquele mesmo ano, tendo perdurado por mais de três décadas. Rico comemorou os 40 anos do retorno da Argentina ao regime democrático, mas alertou para as ameaças à ordem democrática que rondaram o Brasil até bem pouco tempo atrás.

O secretário Executivo da AUGM chamou a atenção para o papel das universidades públicas no processo de integração regional e alertou para a necessidade de a academia se aproximar de movimentos sociais populares. “Somos parte de uma associação que tem como missão identificar os problemas e necessidades da América Latina, tratando de buscar soluções para eles”, disse.

O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, disse que a AUGM é uma das mais importantes associações da América Latina. “Além de ter vivido vários traumas ao longo de nossa história, a região também viveu recentemente momentos difíceis, em particular nosso país. Então, é essencial valorizarmos o vínculo com as causas da democracia, da justiça e da inclusão; além de destacar o papel da ciência, da cultura, do conhecimento e da inovação”, disse Meirelles.

“Já perdemos várias oportunidades, mas agora vejo, novamente, a possibilidade de darmos um salto à frente. Nós, como conjunto de países, podemos organizar uma trajetória de desenvolvimento econômico e de pensar uma sociedade que coloque a vida humana como meta. Podemos transformar nosso conhecimento acumulado em motores para a transformação dessa sociedade. Acho que esse é o grande desafio que temos pela frente”, finalizou o reitor.

A conferência de abertura foi proferida pela professora da Universidade de Brasília, Olgamir Amancia Ferreira, membro da Comissão Permanente de Extensão da AUGM
A conferência de abertura foi proferida pela professora da Universidade de Brasília, Olgamir Amancia Ferreira, membro da Comissão Permanente de Extensão da AUGM (Foto: José Irani/ Comunicação Proec) 

Eixos temáticos 

Nesta sexta edição, o Congresso registrou 1.251 inscrições e 515 trabalhos, sendo 174 de fora do Brasil. Pela segunda vez na Unicamp, o evento terá cinco eixos temáticos: Institucionalização da Extensão Universitária; Produção Artística e Cultural; Desenvolvimento Sustentável, Estado e Sociedade; Formação de Cidadania, Direitos Humanos e Inclusão; Comunicação e Redes. A programação contará ainda com 35 oficinas, sendo 26 presenciais, três híbridas e cinco delas online. O evento se estende até o dia 30 de junho.

O pró-reitor de Cultura e Extensão, professor Fernando Coelho, disse que o congresso é uma grande oportunidade para uma ampla discussão a respeito dos problemas da educação e da extensão. “A extensão tem papel fundamental na ressignificação e no papel político das universidades no Brasil e na América Latina frente à sociedade”, disse o pró-reitor. “E para entender o que as universidades podem e devem fazer para interagir de forma mais adequada com a sociedade de uma maneira geral”, finalizou.

A cerimônia de abertura contou ainda com a palestra da professora Olgamir Amancia Ferreira, da Universidade de Brasília. Doutora e mestre em Educação, ela coordena atualmente dois projetos de extensão: “Educação ambiental no Parque Sucupira” e “Maria da Penha vai à escola”. Ela é membro da Comissão Permanente de Extensão da AUGM desde 2018.

A abertura do congresso teve a participação especial do grupo Flautins Matuá, inspirado na poética popular
A abertura do congresso teve a participação especial do grupo Flautins Matuá, inspirado na poética popular

Grupo Flautins Matuá

A cerimônia oficial de abertura do VI Congresso de Extensão da AUGM contou com a apresentação do grupo Flautins Matuá. Inspirado na poética popular, o grupo baseia suas criações artísticas na sonoridade de instrumentos tradicionais, como viola caipira, percussão e pífanos.

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Coorganizado pela Proec, o Congresso tem como tema “Democracia e Extensão” e pretende estabelecer uma relação direta entre a extensão e os objetivos da Agenda 2030 da ONU de desenvolvimento sustentável (Foto João Marques/Cerimonial GR)

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004