A Unicamp e o consórcio Colaboratorio Universitario de Ciencias, Artes, Tecnología, Innovación y Saberes del Sur (Conusur) realizam entre agosto e novembro o Curso de Estudos Latino-Americanos (Celan). Com programação abrangente, porém centrada em questões relativas à região, o conteúdo do curso vai abranger várias áreas do conhecimento, entre as quais política, economia, saúde pública, transição energética, desenvolvimento tecnológico, linguagem, arte e sindicalismo.
A abertura do curso, com uma aula inaugural, ocorrerá no dia 15 de agosto (terça-feira), às 17h. O evento será realizado simultaneamente nas oito universidades participantes e contará com a presença de reitores, entre os quais o da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles. As demais aulas do curso, em um total de 14, também acontecem às terças, no mesmo horário, e serão ministradas nos locais aos quais seus professores estão vinculados, com transmissão, ao vivo, no YouTube.
O curso é a primeira iniciativa de um convênio firmado com as universidades Nacional Arturo Jauretche (Unaj), Nacional de Avellaneda (Undav), Nacional de Hurlingham (Unahur), Nacional de José C. Paz (Unpaz), Nacional de Moreno (UNM), Nacional do Oeste (UNO) e Nacional de Quilmes (UNQ), todas associadas ao Conusur. A parceria, que inicialmente se restringiria às áreas de saúde, energia e economia, tornou-se mais abrangente, explica José Mario Martínez, presidente do Conselho Científico Cultural do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp. “O curso surgiu do interesse coletivo em estreitar vínculos e ampliar o intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores, estudantes, docentes e instituições. Com uma visão geopolítica, de incentivo à criação de uma unidade latino-americana, para que possamos falar a mesma língua ou, ao menos, entender a língua um do outro”, diz.
Presidente do Conusur, professor Ernesto Villanueva revela que a expectativa em relação à parceria, da parte das instituições argentinas, é grande. “Estreitar relações com a Unicamp representa, para nós, a oportunidade de alavancar o desenvolvimento em diferentes áreas”, declara. Assim, o convênio pretende impulsionar o aprendizado colaborativo, buscando, a partir da perspectiva comparada e da observação de como o vizinho enfrenta os mesmos problemas, um olhar mais detalhado para questões comuns.
Villanueva ressalta, também, a necessidade de promover as inter-relações entre os países para fortalecê-los. “Hoje, se eu pergunto a um estudante o nome de um cientista, de um pensador, é provável que a resposta seja alguém da Europa ou dos Estados Unidos. É mais fácil saberem o nome do presidente da França do que o do Paraguai, nosso vizinho. Na nossa região, há muitos pensadores importantes, com trabalhos na área de neocolonialismo e na produção de um pensamento alternativo ao eurocentrismo, por exemplo”, completa.
A proposta, com o curso, é apresentar uma versão atualizada da América Latina para as novas gerações. “O projeto é uma semente para que os jovens comecem a se encontrar em uma região que é deles, à qual pertencem”, declara o professor Ivan Chambouleyron, embaixador da Unicamp na Argentina. É pouco frequente a participação, em intercâmbios, de estudantes e pós-doutorados de docentes. Consequentemente, os países latino-americanos se mantêm distanciados, o que favorece sua condição periférica, pondera o docente. “O Celan é um primeiro passo, pequeno, mas necessário, para a construção de uma ciência voltada para as questões e os problemas latino-americanos. Não uma ciência reflexa, espelhada na que é praticada nos países centrais”, opina.
“E que essa ciência seja próxima da sociedade, da indústria, e que não fique só nas bibliotecas”, completa. Pretende-se, ainda, fomentar um esforço colaborativo para superar obstáculos no campo científico na América Latina, entre os quais “a migração de cientistas latino-americanos para a Europa e os Estados Unidos, a falta de articulação com a indústria e com o governo, bem como o atraso na aprovação de pedidos de patente. Isso tudo atravanca o desenvolvimento”, complementa Villanueva.
Para além das 14 aulas, a ideia é transformar o Celan em um espaço permanente de trocas, permitindo que as universidades envolvidas desenvolvam ações conjuntas de ensino, pesquisa e extensão. “A ideia é que se reproduza, pavimentando o caminho para intensificar as ações de colaboração entre as entidades. Para que docentes possam participar de atividades de graduação e pós-graduação nas instituições envolvidas. Como a orientação de alunos em cotutela, por exemplo. E também trabalhar com temáticas relacionadas à arte e à cultura”, cita Rafael Dias, assessor da Diretoria Executiva de Relações Internacionais (Deri) da Unicamp. No curso, Dias, que é professor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade, ministrará a aula “Políticas de ciência e tecnologia para o desenvolvimento da América Latina”, no dia 17 de outubro.
Das sete universidades participantes, apenas uma não foi fundada neste século. As demais se inserem em uma política de descentralização do ensino superior adotada pela Argentina e situam-se em áreas periféricas da região metropolitana de Buenos Aires. “Elas são bastante integradas às suas comunidades e estão conectadas com os mais diferentes problemas locais. Por isso, são muito respeitadas. Acredito que a Unicamp pode aprender muito com as suas experiências”, afirma Martínez. Na Unicamp, a realização do Celan envolve a participação do IdEA, do Espaço de Ensino e Aprendizagem (EA²), da Deri e da Secretaria Executiva de Comunicação (SEC).
Serviço:
Abertura: 15 de agosto (terça-feira), às 17h
Local: Centro de Convenções da Unicamp – Campus Barão Geraldo (Campinas)
Acesse o link de transmissão no YouTube da aula inaugural.
Acesse o canal do Celan no YouTube.
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