Eventos climáticos extremos se proliferam pelo mundo, ameaçando a sobrevivência das espécies que habitam a Terra. Os sintomas da aceleração de um colapso ambiental estão cada vez mais alarmantes e frequentes, como evidencia o fato de que o mês de julho de 2023 foi considerado o mais quente da história. A reação da sociedade e dos governos, no entanto, ainda não está à altura da gravidade do problema.
A emergência climática e a crise socioambiental são tema desta edição do Analisa. Quem comenta o assunto é o professor aposentado do Departamento de História da Unicamp, Luiz Marques, autor dos livros Capitalismo e Colapso Ambiental (2015) e O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência (2023). Para ele, o agronegócio e o extrativismo violentam a terra, e a ideia de que a natureza tem preço está nos levando ao abismo.
“Não se pode pagar [pela] destruição da natureza. A natureza não é um artefato, não está aqui para ser explorada. Essa raiz da mentalidade capitalista, que é a ideia de que a natureza é uma matéria-prima, que ela simplesmente está aqui para ser incorporada ao processo econômico, é essa a ideia, se nós formos à raiz do problema, que está nos matando”, aponta.
Para reverter a situação de degradação das condições de vida na Terra, indica Marques, é preciso redefinir a vida a partir da noção de limite. “Quando você aumenta a capacidade de interferir no sistema Terra, com mais mineração, com mais extração, com mais terras aráveis, você tem um benefício imediato eventualmente, mas está contratando malefícios que são cada vez maiores. [...] Então, a noção de limite precisa ser novamente repensada.”
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