Delegações da Unicamp lideradas pelo reitor Antonio José de Almeida Meirelles estiveram nesta quarta-feira (16) no Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília, para discutir a participação brasileira no DUNE (Deep Underground Neutrino Facility) — um ambicioso projeto internacional para identificação de neutrinos — e para solicitar apoio do órgão na ampliação das ações de internacionalização da Universidade.
As audiências foram realizadas com o chefe da Divisão de Ciência, Tecnologia e Inovação, Rafael Leal, e com o embaixador Laudemar de Aguiar. “Tivemos reuniões muito importantes com a equipe do Itamaraty associada a Ciência, Tecnologia e Inovação. Solicitamos a colaboração do Ministério na obtenção de apoio junto a órgãos do Governo Federal, a Instituições de Fomento, ao Congresso Nacional e a Instituições Empresariais para viabilizar a participação brasileira, coordenada pela Unicamp, no DUNE”, explicou o reitor.
“Expusemos também nossa disposição de ampliar a participação nos Programas PEC-G e PEC-PG [Programa de Estudantes-Convênio de Graduação e Pós-Graduação], de atrair mais estudantes estrangeiros para nossos cursos, de atrair mais professores, pesquisadores e estudantes para estadia junto a nossos grupos de pesquisa e para estreitar a colaboração com instituições estrangeiras em Ciência, Tecnologia e Inovação, particularmente em temas associados à emergência climática", acrescentou.
De acordo com o reitor, os encontros desta quarta-feira foram uma espécie de ponto de partida para a efetivação de ações. “A acolhida da equipe do Itamaraty foi muito positiva, e definiremos algumas ações concretas e específicas, a serem encaminhadas no futuro próximo, em relação às questões tratadas”, avaliou Meirelles.
Detector de neutrinos
No período da manhã, a comitiva da Unicamp se reuniu com o chefe da divisão de Ciência, Tecnologia e Inovação do Itamaraty, Rafael Leal. Na ocasião, foi apresentada à equipe do Ministério a participação do Brasil, com liderança da Unicamp, no projeto LBNF/DUNE (Long Baseline Neutrino Facility e Deep Underground Neutrino Facility), do Fermilab, órgão de pesquisa ligado ao Departamento de Energia dos Estados Unidos. O objetivo do projeto é possibilitar a investigação de fenômenos subatômicos e ampliar o conhecimento sobre os neutrinos e seu papel na formação do universo por meio da construção de um grande detector de neutrinos em Leads, em Dakota do Sul, a 1.400 metros de profundidade.
A apresentação do projeto foi realizada pelos professores do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) Pascoal Pagliuso, líder do projeto na Unicamp, e Mônica Cotta, diretora da unidade. Segundo Pagliuso, a iniciativa de apresentar ao Ministério o projeto surgiu a partir de uma visita da Cônsul Adjunta do Brasil em Chicago, Angélica Ambrosini, às instalações do Fermilab. Na ocasião, ela conheceu a participação do país no projeto internacional e sugeriu que as pesquisas fossem apresentadas ao Itamaraty.
“Apresentamos as pesquisas brasileiras aos membros do Ministério, que ficaram bem impressionados. Esta é uma oportunidade única de nosso país exercer uma liderança importante em um projeto com essas proporções, que durará muito tempo e trará visibilidade à ciência brasileira”, destacou o docente.
A participação da Unicamp no LBNF/DUNE concentra-se no desenvolvimento e produção em escala dos equipamentos utilizados para a purificação do argônio, cujas tecnologias são criadas nos laboratórios do IFGW, incluindo o aperfeiçoamento dos insumos utilizados para a filtragem do argônio líquido, insumo fundamental para a detecção dos neutrinos. Outra contribuição da Unicamp para o projeto é a presença da X-Arapuca no detector, dispositivo criado na Universidade e responsável pela identificação do neutrino por meio da captura da luz emitida a partir da interação do neutrino com o argônio dos tanques. A expectativa é que 1.500 desses dispositivos sejam instalados no DUNE.
Segundo Pagliuso, a divisão de Ciência, Tecnologia e Inovação vai articular um apoio formal ao projeto junto a agências de fomento federais, como o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Finep.
Auxílio governamental
O reitor e o diretor executivo de Relações Internacionais da Universidade, professor Osvaldir Taranto, reuniram-se à tarde com o embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar, para discutirem uma série de temas, como as missões internacionais e a participação em redes nas quais a Unicamp está envolvida. A delegação mostrou o projeto HIDS (Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável) em desenvolvimento na Universidade e apresentou ações de fomento da diversidade e da inclusão que tem adotado. Também participaram deste encontro os assessores docentes Rafael Dias e Alfredo Melo.
O grupo solicitou auxílio governamental na divulgação de editais no exterior para pós-graduação, pós-doutorado e concursos docentes, principalmente entre países lusófonos. Além disso, declarou a possibilidade da Universidade liderar ações de desenvolvimento e reconstrução em países em desenvolvimento. A Unicamp ofereceu, também, sua expertise no ensino de português para estrangeiros.
A delegação da Unicamp propôs, ainda, cooperação para receber alunos da Unila (Universidade de Integração Latino-Americana) e da Unilab (Universidade de Integração da Lusofonia Afro-Brasileira), disponibilizando seu espaço acadêmico para articular as integrações latino-americanas e lusófonas. O Itamaraty se comprometeu a apoiar a Unicamp como participante COP (Conferência de Mudança Climática da ONU – Conference of Parties).
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