Com o tema “Desafios e Perspectivas na Educação Superior”, o IX Seminário Inovações Curriculares e o IV Simpósio Internacional de Inovação em Educação Superior acontecem simultaneamente este ano, no Centro de Convenções da Unicamp, entre os dias 21 e 23 de setembro. Pela primeira vez juntos, os eventos, em formato híbrido (na forma remota e presencial), esperam atrair mais de 2 mil participantes. Todas as mesas e palestras terão transmissão ao vivo e abordarão temas que vão de “Inteligência Artificial (IA) na Educação Superior” a “Metodologias de Ensino e Avaliação”. As inscrições (gratuitas) vão até o dia 20 de setembro.
O Seminário Inovações Curriculares é organizado pela Unicamp e o Simpósio Internacional de Inovação em Educação Superior é organizado pela Câmara de Educação à Distância (EAD) da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem). “Como os dois eventos têm o propósito de analisar todos os aspectos da educação, e eles iriam ocorrer de qualquer forma na Unicamp nesta mesma época, decidimos por juntar esforços e público, para tornar as discussões mais amplas, dinâmicas e interessantes”, afirma o professor Matheus Souza, coordenador do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE) que junto com o Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2) da Unicamp organiza os eventos.
De acordo com o professor Arnaldo Pinto Júnior, também da organização dos eventos como coordenador da EA2, a preocupação central dos eventos é valorizar e qualificar as formas de ensino e aprendizagem na educação superior. “Quais os desafios do ensino superior na década de 2020, especialmente pós-pandemia?”, questiona o professor, fazendo menção ao tema do simpósio e do seminário. “Efetivamente é impactarmos na formação profissional dos nossos estudantes e, para isso, precisamos apresentar e desenvolver, junto com nossas comunidades universitárias, formas significativas de ensino e aprendizagem”, responde.
Para o reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Dilmar Baretta, os temas a serem discutidos mostram-se “atuais e necessários às pautas universitárias e educacionais”. Ele diz estar otimista com a realização dos dois eventos simultaneamente. “Como reitor da Udesc e presidente da Câmara de EAD da Abruem, estou bastante otimista quanto à realização desse evento, justamente pela qualidade dos palestrantes e pelas temáticas abordadas. As universidades e outros envolvidos terão, certamente, retornos importantes com vistas a melhorar e redimensionar suas práticas tendo por objetivo ampliar a qualidade da oferta dos serviços prestados à comunidade acadêmica e à sociedade em geral. Agradecemos à Unicamp por contribuir com mais esse evento, que será um sucesso, haja vista o seu compromisso com a ciência e o social em todas as suas dimensões.”
Programação
Com convidados nacionais – de Estados e regiões diferentes – e internacionais – de países como Portugal e Espanha –, a programação inclui também a participação de representantes de instituições governamentais como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) – confira a programação no site.
A ideia é atrair profissionais e estudantes da área de Educação de todo o país, incluindo estudantes de licenciatura. “Eles terão a oportunidade de participar de um evento internacional com convidados de renome em meio a discussões importantes”, diz Souza.
As inscrições para a apresentação de trabalhos já se encerraram, chegando a um total de 330 trabalhos, um recorde do evento. Além das mesas e palestras, que se concentram especialmente nos dois primeiros dias, haverá cerca de 80 apresentações orais e a divulgação de pôsteres, no terceiro dia. Os eventos têm apoio da Reitoria da Unicamp, da Pró-Reitoria de Graduação e da Abruem. As inscrições podem ser feitas até um dia antes dos eventos.
Objetivos
O Simpósio Internacional de Inovação em Educação Superior viu sua primeira edição ocorrer em 2017, em São Luís do Maranhão, tendo sido organizado pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Ele surgiu de uma Iniciativa da Câmara de EAD e Tecnologias Educacionais da Abruem, a partir das ações de um programa organizado em 2015, o EAD em Rede da Abruem. A segunda edição foi organizada pela Udesc e ocorreu em Florianópolis (Santa Catarina), em 2019. A terceira edição foi totalmente virtual, tendo sido organizada pelas universidades estaduais do Paraná com a participação da Universidade Virtual do Paraná (UVPR). O simpósio, bianual, está em sua quarta edição.
O Seminário Inovações Curriculares começou na Unicamp em 2007 como um evento voltado para a comunidade interna, mas nas edições seguintes atraiu profissionais de todo o Brasil e ganhou dimensões internacionais. O encontro também é bianual. A última edição dele aconteceu em 2021, durante a pandemia, e foi totalmente online, com um recorde de mais de 1.500 inscrições.
O objetivo comum dos dois encontros é “favorecer a discussão, ressaltar a inovação em educação, fortalecer o intercâmbio, promover o aprofundamento de questões teóricas e práticas relacionadas às inovações curriculares e proporcionar conhecimentos acerca dos efetivos impactos das inovações em educação”, conforme texto publicado no site dos eventos.
A programação tem seis eixos temáticos: “Tecnologias educacionais e inteligência artificial (IA) na educação superior”, “Integração extensão-ensino”, “Formação empreendedora e microcertificações”, “Perspectivas da gestão EAD nas universidades públicas”, “Metodologias de ensino e avaliação” e “Conhecimentos e experiências curriculares”.
Troca de experiências
“Vamos fazer muita troca de experiências”, acredita Souza. “A minha experiência pode ajudar você a pensar as suas metodologias, no seu lugar. Se eu pegar as metodologias de Harvard e tentar colocar na Faculdade de Ciências Aplicadas [FCA], em Limeira, por exemplo, eu acredito que não vai dar certo”, diz Pinto Júnior. “Até se pensarmos dentro da universidade, há perfis diferentes no diurno e no noturno”, acrescenta Souza.
Um dos eixos temáticos da programação é a metodologia de ensino e avaliação. Sobre esse tema, os dois professores e organizadores alertam: “Não vamos entregar uma metodologia para aplicar, ou fórmulas prontas e acabadas. Não estamos discutindo metodologias revolucionárias que vão resolver os problemas”.
Os dois eventos – cada um com suas especificidades - têm a mesma perspectiva de promover a discussão sobre as metodologias desenvolvidas por colegas do Brasil e do exterior. “Para pensarmos juntos”, diz Pinto Júnior, coordenador do EA2, órgão da Unicamp que cuida da formação docente, com eventos, cursos, oficinas e mesas redondas responsáveis por ampliar visões e perspectivas do ensino-aprendizagem na graduação, com impacto também na pós-graduação.
Ensino-aprendizagem
O coordenador da EA2 reforça que, além do comprometimento institucional, o professor tem que ter comprometimento político e social na formação cidadã e profissional do aluno, com perspectivas de transformação de cenários, que em países como o Brasil são marcados pela desigualdade social, política e econômica. “Nesse sentido, na educação superior temos que ampliar os horizontes de atuação, trabalhar com diferentes realidades profissionais, sociais e culturais e efetivamente fazer com que as estudantes e os estudantes participem do processo de ensino-aprendizagem, como atores, como sujeitos que estão engajados em e comprometidos com o seu próprio processo formativo”, afirma Pinto Júnior.
Na avaliação de Souza, a tarefa do professor de orquestrar a oportunidade de aprendizado foi potencializada pela tecnologia, principalmente a partir da pandemia, que incentivou uma discussão já presente na Europa, sobre a capacitação dos docentes. “Isso é outro tópico que vai ser muito abordado no encontro e é também outro desafio da educação superior. De certa forma, nos traz novas perspectivas. A educação à distância traz um desafio muito maior que uma aula tradicional enriquecida com tecnologia.” Mas as mudanças são lentas, observa Pinto Júnior.
Os organizadores da Unicamp acreditam que os debates sobre o crescimento da utilização de plataformas e meios de comunicação digitais nos processos formativos vão gerar muita troca entre os participantes. O mesmo deve acontecer com a questão do uso ético da IA na produção de trabalhos.