Organização de Procura de Órgãos da Unicamp dá cobertura a 124 cidades da região

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O agravamento do quadro de insuficiência cardíaca do apresentador de televisão Fausto Silva, conhecido como Faustão, e a necessidade de um transplante de coração noticiado por diversos veículos de comunicação trouxeram à tona a questão da lista de espera por doação de órgãos no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde.

De acordo com o SNT, com 45,5 mil procedimentos feitos nos dois últimos anos, o Brasil possui o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo, um procedimento médico garantido a toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo financiamento de cerca de 90% dos transplantes no país. Em 2021, foram feitos mais de 23,5 mil procedimentos do tipo e, desse total, cerca de 4.800 foram transplantes de rim, 2 mil, de fígado, 334, de coração e 84, de pulmão.

Apesar dos transplantes realizados, a quantidade de pessoas em listas de espera para receber um órgão ainda é grande. Hoje, no Brasil, há 386 pessoas esperando por um transplante de coração, 173 pessoas esperando por um transplante de pulmão e quase 37 mil à espera de um transplante de rim. Veja aqui a lista completa.

Ainda segundo o SNT, a fim de vencer a desproporção entre o número de pacientes em listas e o número de transplantes realizados, é importante identificar e notificar os óbitos, principalmente os de morte encefálica, preparar os profissionais de saúde e conscientizar as pessoas sobre o processo de doação e transplante, fazendo com que estas últimas autorizem a doação.

“Atualmente, a doação de órgãos deve ser consentida. Portanto, não vigora mais a lei que só considerava efetivamente doadores aqueles que tivessem no RG ou na Carteira Nacional de Habilitação a inscrição ‘Doador de Órgãos e Tecidos’. Hoje, quem autoriza a doação são os familiares com até o segundo grau de parentesco”, explica o médico neurologista e coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Luiz Antônio da Costa Sardinha.

A OPO Unicamp, que também trata da doação de tecidos, é responsável por dar cobertura a 124 cidades da região de Campinas (SP), garantindo a notificação sobre potencial doador e a captação de órgãos. O serviço da Universidade já conquistou diversas premiações no Destaque – Transplante e Captação de Órgãos, prêmio criado pelo governo do Estado de São Paulo e que é dividido nas categorias de transplantes realizados, melhor organização de procura de órgãos e melhor comissão intra-hospitalar.

Nos meses de maio e agosto deste ano, o HC da Unicamp captou e realizou o transplante de dois corações, com o apoio da Polícia Civil, que efetuou o transporte aéreo dos órgãos desde as cidades de São Vicente e Piracicaba até o hospital. 

Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extracorpórea: de quatro a seis horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida, com tempo máximo para transplante de 8 a 16 horas. Os rins podem aguentar até 48 horas antes de serem transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos, por até cinco anos.

Desde 1984, o HC é credenciado pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes. Até 2022, o hospital da Unicamp realizou 8.860 transplantes de rim, córnea, coração, fígado e medula óssea.

Podcast Ressonância

Sardinha é o entrevistado do podcast Ressonância do mês de setembro, mês de conscientização sobre e incentivo para a doação de órgãos. O médico esclarece questões diversas e tira dúvidas sobre como é feita a doação, a retirada dos órgãos e a convocação de quem aguarda por um transplante. “Doar é um ato de bondade. Um único doador pode salvar a vida de várias pessoas, pois é possível doar mais de um órgão e também tecidos”, ressalta Sardinha durante a entrevista.

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Matéria originalmente publicada no site do HC.

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Nos meses de maio e agosto deste ano, o HC da Unicamp captou e realizou o transplante de dois corações, com o apoio da Polícia Civil

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004