Professores, pesquisadores e estudantes da Unicamp se reuniram com representantes do poder público de Campinas e do Estado de São Paulo, nesta quarta-feira (13), com o objetivo de debater planos e ações para o impulsionamento regional da transição energética. Realizado no Centro de Convenções da Universidade, o fórum Transição Energética e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) integra o programa Fóruns Permanentes, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), e foi organizado pelo Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn), um dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A abertura do fórum contou com a presença do reitor da Universidade, Antonio José de Almeida Meirelles, de Marco Antonio Zago, presidente do Conselho Superior da Fapesp, de Marisa Barros, subsecretária de Estado de Energia e Mineração, de Luiz Carlos Silva, diretor do CPTEn, e de Marco Aurélio Cremasco, professor da Unicamp e assessor da Proec. Representando o poder público municipal, participaram Rogério Menezes, secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e Marcelo Coluccini, secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano.
Meirelles alertou que o Brasil já perdeu várias oportunidades de mudar o curso de sua história e que, hoje, um dos temas capazes de contribuir para virar essa página é a transição energética. O reitor elogiou o CPTEn e o projeto Campus Sustentável, também dirigido por Silva, afirmando que os órgãos contribuem para que a Universidade cumpra um papel transformador no campo energético.
“Quando eu assumi a gestão da Unicamp, desenvolvemos trabalhos nessa direção e debatemos a necessidade de termos a aspiração de ser a universidade mais sustentável da América Latina. Penso que estamos caminhando a largos passos nessa direção, na direção de construir um campus universitário que seja bastante sustentável”, afirmou Meirelles, ressaltando a transversalidade do tema, que atrai a atenção da sociedade e de um grande número de pesquisadores, e lançando o desafio de ampliar a geração solar fotovoltaica nos campi. Atualmente, do total da energia consumida na Cidade Universitária Zeferino Vaz (campus de Barão Geraldo), cerca de 10% vêm de fontes fotovoltaicas. Nas unidades da Unicamp em Limeira, esse índice sobe para 30%.
Zago ressaltou o sucesso dos projetos implementados pelos Centros de Ciência para o Desenvolvimento, considerando-os exemplos de uma política acertada da Fapesp em seus esforços para aproximar a ciência paulista das demandas da sociedade e do setor produtivo. “Hoje, comemoramos esse centro de pesquisa de transição energética [CPTEn] que faz parte de outros 22 centros criados pelos nossos editais de Ciência para o Desenvolvimento, lançados em 2020 e 2022. Aplicamos cerca de R$ 220 milhões. Além da transição energética, objeto desse centro, as iniciativas aprovadas nesse programa estão voltadas para temas como ciência aplicada a segurança, agricultura digital, neutralidade climática na pecuária e xenotransplantes. Todos esses são considerados gargalos tecnológicos para o desenvolvimento do Estado de São Paulo”, declarou Zago.
Campinas e o Índice de Desenvolvimento Sustentável
Menezes mencionou o processo de elaboração do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC), que, em um mapeamento inédito no mundo, feito a partir de cem indicadores, monitorou a situação dos 17 ODS nas 5.570 cidades brasileiras. Segundo o ranking, as cidades brasileiras estão distantes de um desenvolvimento que possa ser considerado minimamente sustentável. Segundo o secretário municipal, isso se deve não apenas à falta de compromissos com o meio ambiente e com a transição energética, mas também a outros fatores. “O resultado quanto a muitos dos ODS é sofrível. Por exemplo, a representação política das mulheres e o percentual de vereadoras nas câmaras municipais do Brasil são vexaminosos. A meta do ranking dos ODS sugere algo em torno de 40% de representação, o que já seria baixo, visto que as mulheres representam mais de 51% do eleitorado nacional. São pouquíssimas as cidades em que esse percentual passa de 10%”, exemplifica Menezes.
O secretário destacou ainda que Campinas conta com uma central de inteligência para monitorar os indicadores dos ODS na cidade. “Hoje estamos com uma nota de 5,8. Inicialmente, recebemos uma nota 6. Depois, caímos um pouco durante o contexto da pandemia. Trata-se de um recuo, mas a nossa é a segunda melhor nota em termos de grandes cidades brasileiras. Em relação aos ODS, Campinas está à frente de todas as capitais brasileiras, com exceção de São Paulo”, pontuou.
Ao longo de todo o dia, o fórum contou com apresentações sobre o Plano de Ação Climática (PAC 2050) e o Plano Estadual de Energia (PEE), ambos elaborados pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, e sobre ações de eficiência energética em desenvolvimento no Estado, além de palestras sobre pesquisas e trabalhos desenvolvidos por especialistas ligados aos oito eixos temáticos do CPTEn.