O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou nesta terça-feira (26), por unanimidade, a concessão do título de Professor Emérito a Luis Guillermo Bahamondes, docente aposentado – atualmente colaborador voluntário – da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A indicação, aprovada pela Congregação da unidade em maio deste ano, foi avaliada por uma comissão formada pelos professores Agrício Crespo, Mario Saad, Joaquim Bustorff, Edmund Baracat e Marair Sartori. Docente da Unicamp desde 1978, Bahamondes é referência em pesquisas relacionadas à saúde da mulher, em especial ao uso de métodos contraceptivos de longa duração.
"Bahamondes constitui-se uma liderança em sua área de atuação com grande reconhecimento nacional e internacional, com importante papel de educador e difusor da ciência e inequívoca contribuição para a saúde da mulher", destacou Cláudio Rodrigues Coy, diretor da FCM.
Natural da Argentina, Bahamondes formou-se em Medicina pela Universidade Nacional de Córdoba. Ingressou na Unicamp como docente do Departamento de Tocoginecologia da FCM em 1978 e foi um dos primeiros professores da área a realizar o curso de doutorado, na época recente na unidade, obtendo o título em 1982. Em 1989, ingressou como pesquisador no Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas (Cemicamp), organização não governamental criada em 1977 para impulsionar as pesquisas sobre a saúde da mulher. Bahamondes ocupa o cargo de presidente da entidade desde 2016.
Em 1997, obteve o título de Professor Livre Docente da FCM e, em 2003, o título de Professor Titular. Na faculdade, foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia, preceptor de residentes, coordenador do Ambulatório de Reprodução Humana do Hospital da Mulher "Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti" (Caism), chefe do Departamento de Tocoginecologia e membro do comitê de avaliação de Medicina III da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Ao longo de sua carreira, desenvolveu atividades e pesquisas sobre a saúde da mulher, em especial a respeito de métodos contraceptivos, principalmente os de longa duração, como os dispositivos intrauterinos e implantes, e sua aplicação no tratamento de doenças como a endometriose e o sangramento uterino anormal. Nessa área, foi o pesquisador principal de um projeto de dez anos subsidiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um projeto do tipo Long-term Institutional Development Grant (LID grant), criado com o objetivo de ampliar a capacidade de pesquisa de países em desenvolvimento. A partir da iniciativa, muitos docentes da área na Unicamp puderam se aperfeiçoar e publicar o resultado de suas pesquisas em revistas científicas, contribuindo para que a pós-graduação da Tocoginecologia atingisse grau de excelência.
Enquanto pesquisador, também contribuiu com a avaliação e o aprimoramento de diversos contraceptivos hoje amplamente difundidos pela indústria farmacêutica. Bahamondes é colaborador de diferentes instituições e organismos internacionais, como o Banco Mundial, a Universidade Johns Hopkins, o Population Council de Nova York, o FHI 360 e a Fundação Bill & Melinda Gates. Seus conhecimentos e experiência como pesquisador também contribuíram com projetos importantes da OMS relacionados à reprodução humana.
Teve publicados 261 artigos em revistas internacionais, 11 capítulos de livros e dois livros, além de 22 dois artigos escritos a convite de editores de revistas especializadas. Orientou 67 estudantes de graduação e pós-graduação, sendo que hoje orienta duas pesquisas de mestrado e seis de doutorado e é supervisor de um pós-doutorado.
Colegas de Bahamondes no Consu ressaltaram o impacto social de sua atuação científica. Professora da FCM, Joana Bastos contou sobre a experiência de ter sido aluna de Bahamondes e o quanto sua abordagem lembrava aos estudantes a importância de associar a ciência à defesa dos direitos humanos. “Bahamondes é um lutador pela difusão dos e pelo acesso aos meios contraceptivos para as mulheres, pelos direitos reprodutivos, pela discussão sobre o aborto seguro, pelo acesso das mulheres aos serviços de saúde e pela prevenção das violências", pontuou.
"Convivi com o professor Bahamondes por muitos anos na Faculdade de Ciências Médicas e posso atestar todas essas qualidades. Ele nos trouxe importantes contribuições para a graduação e pós-graduação e também contribuiu com a difusão do Caism e da saúde da mulher", lembrou Maria Luiza Moretti, coordenadora-geral da Unicamp.
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, celebrou a aprovação da concessão do título e classificou a carreira do novo Professor Emérito como um exemplo aos docentes da Universidade. "A carreira de Bahamondes é uma prova de que é possível termos boa pesquisa associada a atividades que geram impacto não só de conhecimento para a sociedade, mas também impacto efetivo em organizações como a OMS, pelos direitos reprodutivos das mulheres. Temos que incentivar nossos docentes a desenvolverem atividades que envolvam as preocupações que uma universidade deve ter", salientou Meirelles.
