‘Unicamp está formando gente com a cara do Brasil’, diz reitor no aniversário da Universidade

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No dia em que a Unicamp completa 57 anos de fundação, 5 de outubro, esta quinta-feira, o reitor Antonio José de Almeida Meirelles lembrou os programas de inclusão e permanência implementados na Universidade como um fator que pode impulsionar o desenvolvimento do país. O dirigente renovou, também, o apelo contra a violência, a intolerância e a fragmentação – fora e dentro da Unicamp. Segundo ele, os programas de inclusão têm provocado uma mudança na demografia da Universidade, em um movimento que terá forte impacto na vida brasileira em um futuro breve.

“Temos o maior programa de inclusão e permanência do país, com ao menos R$ 110 milhões destinados a diversas modalidades de bolsas. Possuímos, provavelmente, o maior programa de inclusão indígena do Brasil”, enfatizou o reitor.

“Algo em torno de 50% dos ingressantes, hoje, na Universidade, são provenientes de escolas públicas e mais de 32% dos estudantes são pretos e pardos, grupos cuja participação na população do Estado de São Paulo é de cerca de 37%”, acrescenta.

“Por conta disso, podemos afirmar que essa é uma nova universidade. Uma universidade que está formando gente que tem muito mais a cara do Brasil. E a importância disso na transformação deste país não é pequena”, avalia.

Meirelles fez um apelo em favor do diálogo – seja na sociedade como um todo, seja no âmbito da comunidade acadêmica. “Em uma sociedade tão injusta, tão desigual quanto a nossa, que traz tantas máculas em seu passado, é muito difícil para esta sociedade convergir naturalmente no sentido de ações positivas que contemplem a grande maioria da população. A fragmentação e a desconfiança caracterizam a nossa sociedade. Mas, se continuar a predominar, isso é algo que diminui muito as nossas chances de um futuro melhor”, alerta

O reitor Antonio José de Almeida Meirelles: “Se a gente for capaz de construir um mínimo de convergência entre os interesses da maioria, seremos capazes de fazer a diferença nesta Universidade”
O reitor Antonio José de Almeida Meirelles: “Se a gente for capaz de construir um mínimo de convergência entre os interesses da maioria, seremos capazes de fazer a diferença nesta Universidade”. Foto: Antonio Scarpinetti | Arte: Alex Calixto

Segundo ele, o desafio dos intelectuais, cientistas, pesquisadores e educadores é evitar que esse processo de fragmentação predomine. Para o reitor, a Universidade tem de ser capaz de construir convergências. No entanto, segundo ele, não se trata de uma convergência qualquer.

O desafio, diz Meirelles, é reunir as pessoas em torno de um projeto que signifique desenvolvimento econômico, manutenção da democracia, inclusão e distribuição de renda. “Se a gente for capaz de construir um mínimo de convergência entre os interesses da maioria, seremos capazes de fazer a diferença nesta Universidade e dar a ela uma dimensão muito maior do que ela já tem hoje. Podemos promover um impacto ainda maior na sociedade e ser um empurrãozinho adicional na direção daquilo de que esse país precisa para sairmos, enfim, do estágio de ‘país do futuro’ que nunca se realiza no presente. Está na hora de isso acontecer”, finaliza.

Fundação

No dia 9 de setembro de 1965, o Conselho Estadual de Educação criou a Comissão Organizadora da Universidade de Campinas com a missão de estudar e planejar a instalação de suas unidades. A pedra fundamental da Universidade, porém, foi lançada em 5 de outubro de 1966 em uma gleba de 30 alqueires, doada por João Adhemar de Almeida Prado.

Lançamento da pedra fundamental em 5 de outubro de 1966

Acima e abaixo, lançamento da pedra fundamental em 5 de outubro de 1966

Lançamento da pedra fundamental em 5 de outubro de 1966

Aquele conselho autorizou o funcionamento dos institutos de Biologia, Matemática, Física e Química e das faculdades de Engenharia, Tecnologia de Alimentos, Ciências e Enfermagem, além dos colégios técnicos. Hoje, a instituição também possui campi nos municípios de Limeira, Piracicaba e Paulínia, além de duas escolas técnicas, o Cotuca (Colégio Técnico de Campinas) e o Cotil (Colégio Técnico de Limeira).

Hoje, a Unicamp é responsável por 7,10% da produção acadêmica nacional. Conta com 26 grandes centros temáticos de pesquisa e 24 unidades de ensino, pesquisa e extensão. A Universidade mantém ainda 21 centros e núcleos interdisciplinares de pesquisa.

A Universidade possui 34.652 alunos matriculados em 66 cursos de graduação e 153 programas de pós-graduação oferecidos nos campi de Campinas, Piracicaba e Limeira. Todos os anos, cerca de 800 doutores são formados.

Ranking

Em levantamento divulgado em setembro último, a Unicamp saltou da quinta para a terceira posição no ranking QS América Latina e Caribe 2024. O ranking analisou 430 universidades da América Latina e do Caribe, 97 delas do Brasil. No país, a Unicamp ficou na segunda posição.

Em julho deste ano, 70 docentes da Universidade entraram para a lista dos melhores cientistas do mundo em diversas áreas do conhecimento. O levantamento foi divulgado pelo portal acadêmico Research.com.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004