Livro com as melhores redações reúne, pela 1ª vez, textos do Vestibular Indígena

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Autoras e autores das redações mais bem avaliadas no vestibular, selecionadas pela Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), tiveram seus textos publicados no livro Redações 2023, lançado pela Editora da Unicamp em parceria com a Comvest, nesta quinta-feira (5), durante a Feira do Livro. Os estudantes foram homenageados, autografaram os exemplares e receberam um diploma de honra ao mérito. Pela primeira vez, a publicação reúne, além do Vestibular Unicamp, redações do Vestibular Indígena Unicamp-UFSCar, aplicado pela Comvest. Outra novidade é que o formato do livro mudou e, a partir deste ano, deixa de ser “de bolso” para ter um tamanho maior. 

A coletânea com as melhores redações é publicada pela Editora da Unicamp há 24 anos, desde o Vestibular 1999 e, nesta edição, apresenta 30 textos produzidos para o Vestibular Unicamp 2023 e seis redações do Vestibular Indígena UFSCar-Unicamp 2023. Os livros podem ser adquiridos pelo site da Editora, no valor de 30 reais. 

O objetivo da publicação, de acordo com os organizadores, é servir de referência a futuros candidatos, além de ressaltar a importância da leitura e escrita no vestibular e de maneira geral. Entre os autores selecionados, há estudantes de escolas públicas e particulares, de várias cidades de São Paulo e de outros estados como Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, evidenciando a abrangência nacional dos vestibulares aplicados pela Unicamp. 

Na apresentação do livro, o diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto, e a coordenadora acadêmica da Comissão, Márcia Mendonça, lembram que “a chegada dos estudantes das mais diversas etnias e regiões do Brasil e dos mais diversos contextos socioculturais aos campi da Unicamp possibilitou aprendizagens fundamentais a toda comunidade universitária e trouxe desafios que o corpo docente, o corpo discente e a universidade como um todo devem enfrentar”. 

Apesar de ser a primeira vez que o livro traz redações do Vestibular Indígena, o exame já é realizado pela Comvest desde 2019. “O livro cresceu, não apenas em seu formato. A incorporação das redações do Vestibular Indígena agrega mais textos e mais reflexões para ajudar professores e professoras e os próprios candidatos a se preparar melhor para a prova de Redação, ao terem contato com os critérios utilizados pela banca e a textos produzidos por vestibulandos”, disse José Alves.

O diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto: “A incorporação das redações do Vestibular Indígena agrega mais textos e mais reflexões”
O diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto: “A incorporação das redações do Vestibular Indígena agrega mais textos e mais reflexões”

Aurélia Samira de Souza, estudante de Medicina da Unicamp e uma das autoras selecionadas, contou sobre a emoção ao saber que sua redação estava entre as melhores. “Recarreguei várias vezes o site para ver se de fato era real! É realmente muito gratificante, pois, nós estudantes, sabemos a tensão que a redação pode causar. Será que eu vou conseguir desenvolver bem o texto? Vou conseguir argumentar sobre tal temática? E a gramática? São tantas questões! Mas acreditem, a gente consegue desmitificar com a prática constante e se apaixonar pela arte da escrita”, disse Aurélia.

Temas

Para além de ser uma coletânea de textos, o livro busca, segundo José Alves, revelar o perfil de estudantes que a Unicamp deseja, bem como os temas apresentados a cada ano na prova de Redação, que remetem ao papel social da universidade, tais como a valorização da ciência e o respeito aos direitos humanos.

As duas propostas que foram apresentadas aos vestibulandos no Vestibular Unicamp 2023, desafiavam os estudantes a escolher entre: escrever um texto de convocação argumentativo para uma reunião com a associação de moradores de seus bairros, visando debater a instalação de um clube de tiro na vizinhança; ou assumir o papel de estudante do ensino médio que escreve um depoimento para a direção da escola sobre um projeto de educação antirracista.

A estudante Maria Gabriela Lustosa Oliveira: “A prova de Redação da Unicamp exige que nós pensemos e nos coloquemos na situação da escrita de fato”
A estudante Maria Gabriela Lustosa Oliveira: “A prova de Redação da Unicamp exige que nós pensemos e nos coloquemos na situação da escrita de fato”

As propostas de redações para o Vestibular Indígena 2023 foram bastante atuais, também, abordando: o direito ao nome ético - garantido pela Constituição Federal de 1988, e o grave problema das queimadas criminosas na Floresta Amazônica. 

O estudante Rony da Conceição Gomes, aprovado em Medicina na UFSCar pelo Vestibular Indígena, escolheu escrever a proposta de carta aberta sobre a situação climática na Amazônia a ser lida no Congresso Nacional. A redação de Rony, intitulada “(Des)governo federal em ação”, criticou as ações do governo Bolsonaro em relação à proteção da Amazônia. “Eu sabia que iria conseguir me expressar melhor e com segurança. Estudar as provas comentadas no site da Comvest e seguir o conselho de uma amiga sobre confiar nas orientações disponibilizadas nas propostas, me ajudaram bastante também”, disse o estudante.

Rony comemorou a inclusão das redações do Vestibular Indígena no livro. “Os textos do Vestibular Indígena não eram selecionados para essa publicação anual, então ao me dar conta que isso havia mudado, fiquei demasiadamente feliz e realizado”, afirmou. 

Para as professoras Cynthia Agra e Daniela Birman, que assinam a introdução do livro “Redações 2023”, é possível constatar, por meio das redações selecionadas, que os textos que se destacaram cumpriram de modo bastante competente as tarefas de leitura e escrita exigidas pela prova. “Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos, já que cada texto é um texto, bem planejado e redigido, embora não irretocável. O que a prova avalia a cada ano é a capacidade de o estudante ler global e criticamente os textos da prova e escrever a respeito do tema que lhe foi proposto no gênero de texto solicitado”. 

Para Maria Gabriela Lustosa Oliveira, estudante de Engenharia de Computação da Unicamp e autora de um dos textos selecionados do Vestibular Unicamp – entre 14 mil redações –, o exame não pede uma fórmula fechada. “A prova de Redação da Unicamp exige que nós pensemos e nos coloquemos na situação da escrita de fato, ou seja, em seu contexto. Por isso, diferentemente de outros exames que exigem um padrão, no caso da Unicamp é preciso estar atento à situação de produção, pois será crucial para um bom texto”, comentou.  

 

DEPOIMENTOS

Aurélia Samira Alves de Souza, estudante de medicina da Unicamp. Etnia Potiguara. De Baía da Traição (PB): “Vir de escola pública não é nem um pouco fácil, só quem vivencia essa realidade sabe dos desafios que temos que enfrentar diariamente. Entretanto, no meio desse percurso, encontrei professores/gestores que me incentivaram e me acompanharam nessa jornada, sempre me oferecendo toda ajuda e apoio necessário.

Aurélia Samira Alves de Souza, estudante de medicina da Unicamp.

Representar a minha etnia potiguara nessa premiação é de uma alegria inigualável, afinal, é um povo guerreiro, inteligente e que sempre me ensinou que eu posso ser capaz de realizar tudo aquilo que eu sonho. Essa conquista não é só minha, é de todos aqueles que me ofereceram a honra de sua companhia ao longo de todo esse trajeto, em especial a minha mãe, Samuela Araújo, ao meu avô Adalberto Alves, a minha família e amigos. Por fim, é estonteante saber que esse ano conseguimos que mais parentes atingissem a nota máxima e torço para que esse número só venha a crescer!!#vivaovestibularindígena”

Rony da Conceição Gomes, estudante de Medicina da UFSCar. Etnia Jiripancó. De Pariconha (AL): “Recebi, com bastante surpresa o e-mail da Comvest informando que minha redação estava entre os melhores textos e havia sido selecionada para compor o livro. Mesmo tirando uma boa nota na redação não imaginava que meu texto pudesse ser selecionado. Confesso que a pressão do vestibular atrelada aos problemas de ansiedade me deixou apreensivo ao final da prova sobre o meu desempenho, mas, ao receber a nota, o resultado da aprovação e, meses depois, a notícia da seleção para a publicação, fiquei bastante orgulhoso.

Rony da Conceição Gomes, estudante de Medicina da UFSCar.

A inclusão dos textos dos estudantes indígenas demonstra o reconhecimento do protagonismo indígena, além de contribuir, de certa maneira, para dar visibilidade a nossa causa. Mais ainda, ser representação para os parentes que irão prestar as próximas edições e que também estarão presentes nas publicações dos anos subsequentes". 

 

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Exemplares do livro Redações 2023: novo formato e referência para futuros candidatos

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004