A Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp acompanha, com atenção e de forma institucional direta, a atual greve discente. Aprovada em assembleia formada por centenas de estudantes na terça (03/10), no Ciclo Básico, essa greve apresenta uma característica particular: ter sido antecedida por um ato de ocupação das áreas comuns do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc).
Esse ato de ocupação foi uma reação espontânea e imediata dos estudantes ao evento ocorrido na manhã de terça – relatado em carta aberta da PRG naquele mesmo dia –, envolvendo um docente do instituto. Dado o risco injustificável que acarretou para a vida de estudantes e funcionários da área de segurança da Universidade, o movimento de ocupação cobrava uma reação institucional contra o docente. E cobrava até mesmo a adoção de medidas não previstas no quadro legal existente hoje, como a exoneração automática dele.
No dia seguinte (quarta-feira, 04/10), reconhecendo a gravidade do evento, a Reitoria da Unicamp afastou o docente de modo preventivo e solicitou a imediata abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Agiu, assim, de forma célere e totalmente ciente tanto da gravidade do caso quanto do devido processo legal, cujos princípios do contraditório e ampla defesa temos o dever e a responsabilidade de garantir a todos.
A PRG já participou de duas reuniões com representantes do comando de ocupação e de greve. A primeira foi realizada na sexta-feira (06/10) apenas com a direção do Imecc e representantes do Centro Acadêmico de Estudantes do Imecc (Camecc). Estudantes da própria unidade nos informaram do apoio do centro acadêmico à ocupação e iniciaram o diálogo com a direção do instituto para tratar da situação específica do Imecc.
A outra, realizada na última segunda-feira (9/10), foi a primeira reunião de negociação entre o comando de greve e a gestão da Universidade. Nessa reunião, os estudantes entregaram a pauta detalhada de reivindicações, reunidas em 11 eixos: 1) Cotas Trans Já!; 2) Fora Leão e todos os racistas!; 3) Paviartes Já!; 4) Cotas PCDs e acessibilidade já!; 5) Contra o Percurso Formativo Indígena e por permanência indígena!; 6) Por condições de permanência digna; 7) Em defesa da universidade pública; 8) Nenhuma punição aos estudantes que lutam!; 9) Pelo combate de violência sexual e de gênero; 10) Contra o ponto eletrônico e a precarização; 11) Pela contratação de professores e funcionários.
Nos dois momentos, a PRG reconheceu a legitimidade do movimento e expressou sua grande disposição em discutir a pertinência e viabilidade das reivindicações como forma de aprimorar a Unicamp na qualidade de universidade pública.
Igualmente, nas duas vezes, solicitamos, em contrapartida, a desocupação do Imecc. Entendemos que o protesto já cumpriu seu objetivo naquele espaço físico e, a partir de agora, tende apenas a gerar desgastes e conflitos, indesejáveis e improdutivos, com o restante da comunidade acadêmica – especialmente a do Imecc, que já sinalizou de várias formas, inclusive por meio de sua direção, o repúdio ao ato cometido pelo docente e enviou resposta favorável à pauta pertinente ao instituto.
No que tange a suas responsabilidades institucionais, a PRG está totalmente comprometida com levar à próxima reunião de negociação, marcada para quarta-feira (18/10), respostas para todos os pontos da pauta de reivindicação e reafirma seu compromisso com viabilizar o atendimento das reivindicações que consideramos compatíveis com o princípio de defesa e melhoria da universidade pública, posição que nos tem guiado permanentemente até aqui, como comprovam o aprimoramento da permanência estudantil, o aprimoramento de políticas de ação afirmativa e o aprimoramento da infraestrutura acadêmica.
Enfatizamos, por fim, que a continuidade de um diálogo produtivo e responsável com o movimento estudantil passa necessariamente pela desocupação do Imecc.
Campinas, 16 de outubro de 2023