A Reitoria da Unicamp, por meio de sua comissão de negociação, e representantes do movimento estudantil firmaram, na última sexta-feira (20), compromissos que, além de resultar no fim da greve discente, deverão contribuir para a ampliação de programas de inclusão já em andamento na Universidade e para o fortalecimento dos processos democráticos que regulam a vida universitária. O acordo foi assinado após duas rodadas de negociação e contempla temas como a permanência estudantil, as cotas sociais e a infraestrutura dos campi.
O professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Sávio Cavalcante, integrante da comissão de negociação, avalia que a greve “trouxe à tona questões que se mostraram incontornáveis a partir do momento em que a Unicamp decidiu tornar seu corpo discente mais plural, diverso e representativo da sociedade brasileira”. Cavalcante afirma, ainda, que “a partir de agora nosso esforço central estará focado na realização efetiva dos compromissos acordados”.
Para o professor, “mesmo sem a greve, já tínhamos avanços em relação a boa parte da pauta de reivindicações discente, como a ampliação de políticas de permanência, o projeto de cotas para pessoas com deficiência, a contratação de docentes e as políticas de formação permanente de servidores para o combate a atos de discriminação e violência. Outras reivindicações, como o estudo sobre ações afirmativas para pessoas trans e a melhoria da infraestrutura nos campi, exigirão de todos novos esforços e grande dedicação para produzirmos resultados positivos”. Ainda assim, para o professor, o processo trouxe lições tanto para o movimento estudantil como para a administração da Universidade. “Temos o desafio de criar um fundo comum de direitos e deveres que atravesse as pautas dos vários grupos discentes, os quais exigem, com razão, o reconhecimento de suas diferenças e uma maior representatividade nas decisões institucionais”, avalia.
“Precisamos descobrir formas criativas e eficientes para fazer com que as demandas sejam devidamente encaminhadas e respondidas pela instituição e que reformas e ampliações de serviços universitários consigam ser executadas de forma mais célere, compatível com a urgência de certas situações”, acrescenta. “Temos a chance de sair deste momento com um projeto ainda mais profundo de universidade pública. A despeito de todas as dificuldades e divergências, esse resultado só foi obtido pelo comprometimento de todos tendo em vista contribuir com o presente e o futuro da Unicamp”, finalizou o professor.
Confira abaixo o documento oficial elaborado a partir das negociações.