Epic faz 5 anos e discute futuro da indústria do petróleo e gás e transição energética

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Um painel sobre o futuro da indústria de petróleo e gás e a transição energética deu início nesta segunda-feira (13), no Instituto Eldorado, à 5ª Conferência Epic (sigla em inglês para Centro de Inovação em Produção de Energia). O projeto Epic foi concebido por docentes da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp a partir de um edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em 2017, em parceria com a multinacional de energia norueguesa Equinor.

O Epic busca soluções inovadoras para aprimorar processos de produção de petróleo, aumentar a eficiência dos poços de petróleo, recuperar reservatórios e melhorar o gerenciamento da água e do gás retirados com o petróleo nas atividades de perfuração e extração.

O projeto do centro foi dividido em duas fases, com duração de cinco anos cada uma. Nesta primeira fase, que está terminando agora, as pesquisas concentram-se na área de exploração e produção de petróleo, divididas em três linhas principais: gerenciamento de reservatórios; elevação artificial e garantia de escoamento; e caracterização de reservatórios. 

A equipe do Epic é formada por docentes e pesquisadores da Unicamp, de diferentes unidades de ensino e pesquisa, e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). O Epic é sediado no Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro). 

O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, que participou da abertura da conferência, disse que o projeto é importante sob vários aspectos. “A gente sabe a força que essa indústria [de petróleo] tem hoje e teve no desenvolvimento do mundo ao longo do século 20. Hoje estamos diante de novos desafios, que são os desafios da transição energética, a necessidade de nos direcionarmos para uma economia baseada em recursos renováveis”, disse o reitor.

“Para a Unicamp, é de extrema importância estar em um projeto dessa magnitude e com essas características, porque a Universidade tem um compromisso muito forte com trabalhar para fazer frente às mudanças climáticas. Temos consciência do risco que isso significa para o futuro e queremos que a nossa comunidade incorpore isso com muita intensidade”, acrescentou.

Primeira fase

O diretor do Epic, professor Denis Schiozer, da FEM, disse que o projeto completou a primeira fase e já pode ser considerado um sucesso. “Na nossa avaliação, essa é uma parceria de muito sucesso”, disse.

“O foco dessa primeira fase é o gerenciamento eficiente de energia. Estamos integrando a parte de geologia e de geociências, entendendo melhor o petróleo e como ele escoa no subsolo. Estamos trabalhando para gerenciar melhor esse escoamento e como trazer o óleo para a superfície da maneira mais eficiente possível, já que se fala tanto em transição energética”, explica o diretor, antes de fazer um alerta.

“Nós vamos continuar precisando de óleo e gás por um bom tempo ainda e, portanto, precisamos tirá-los de lá com a maior eficiência possível e, ao emitir CO2, tentar recompensar de alguma forma. É isso que a gente está estudando aqui”, explica ele.

Da esquerda para a direita, Raphael Moura (ANP), o reitor Antonio Meirelles e
Da esquerda para a direita, Raphael Moura (ANP), o reitor Antonio Meirelles e o diretor do Epic e professor da FEM, Denis Schiozer: primeira fase concluída com sucesso

Cem pesquisadores

De acordo com a pesquisadora-chefe da Equinor, Juliana Finoto Bueno, nestes primeiros cinco anos, as três linhas de pesquisa exigiram o trabalho de aproximadamente cem pesquisadores – desde alunos de graduação a pesquisadores da pós, doutorandos e pós-doc. Segundo ela, os resultados – apresentados em artigos publicados em revistas especializadas – passarão agora por um período de maturação dentro da empresa.

A pesquisadora lembrou que a Equinor já vislumbra soluções para o processo de transição energética, mas adverte que o planeta terá de conviver ainda por muito tempo com o petróleo e gás.

“Precisamos entender que vamos ter de produzir petróleo e gás ainda por um bom tempo, mas devemos procurar formas de fazer isso da maneira mais sustentável possível”, disse Bueno. “Temos de ver o que podemos fazer para descarbonizar o máximo possível as unidades de produção desse setor”, finaliza.

        Andrea Achoa, da Equinor (à direita)
As representantes da Equinor, Juliana Finoto Bueno (à esquerda) e Andrea Achoa: planeta terá de conviver ainda por muito tempo com o petróleo e gás

O futuro da indústria de petróleo e gás no Brasil

O Epic organiza, desde 2019, conferências anuais para divulgar os trabalhos em desenvolvimento no centro. Os eventos são dirigidos a estudantes de pós-graduação, pesquisadores e profissionais da área de engenharia de reservatórios.

Realizada nesta segunda pela manhã, a mesa redonda de abertura, intitulada “O futuro da Indústria de Petróleo e Gás no Brasil em tempos de transição energética”, contou com a participação do professor e diretor do Cepetro, Marcelo Souza de Castro (Unicamp), Andrea Achoa (Equinor), Rodolfo Jardim Azevedo (Fapesp) e Raphael Moura (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP).

Nos dois dias de evento, haverá mesas-redondas, palestras, apresentações técnicas e sessões de pôsteres. Entre os palestrantes e debatedores, há, ainda, docentes e pesquisadores da Unicamp, da USP e de empresas e instituições estrangeiras.

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O projeto Epic foi concebido por docentes da FEM a partir de um edital lançado pela Fapesp, em 2017, em parceria com a multinacional de energia norueguesa Equinor

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004