Último dia do Vestibular traz questão sobre Antônio Bispo, quilombola que morreu neste domingo (3)

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Nesta segunda-feira, os candidatos responderam às provas de Matemática e duas questões interdisciplinares de Ciências Humanas, além das provas de conhecimentos específicos

O Vestibular Unicamp 2024 encerrou sua segunda fase com o índice global de abstenção de 8,7%. No total, 12.272 candidatos compareceram ao segundo e último dia de provas, realizado nesta segunda-feira (4) em 22 cidades do país. O número é semelhante ao registrado na última edição do exame, quando a abstenção foi de 8,5%, valores que ficaram abaixo da média registrada nos últimos dez anos, que gira em torno de 11%. 

O índice global de 8,7% é igual ao registrado na cidade de Campinas. Na Grande São Paulo, a abstenção foi de 7,7%. No interior de São Paulo, o índice ficou em 8,5% e nas demais capitais onde houve aplicação das provas, a abstenção foi de 13,4%. "O número mostra que mantivemos a estabilidade, se comparado aos índices do ano passado. É um resultado que mostra o sucesso da organização no engajamento dos candidatos", comenta José Alves Neto, diretor da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest). 

No primeiro dia de provas, foram aplicadas as provas de Redação, Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa e prova interdisciplinar com duas questões de Língua Inglesa e duas questões interdisciplinares de Ciências da Natureza. Nesta segunda-feira, os candidatos responderam às provas de Matemática e duas questões interdisciplinares de Ciências Humanas, além das provas de conhecimentos específicos: candidatos da área de Ciências Biológicas/Saúde responderam a questões de Biologia e Química, candidatos de Ciências Exatas/Tecnológica resolveram perguntas de Física e Química e para candidatos de Ciências Humanas/Artes, as questões foram sobre Geografia, História, Filosofia e Sociologia. 

"A Comvest propõe uma primeira fase que dialoga muito mais com o que os estudantes trazem do Ensino Médio e a segunda fase mais voltada à vida na universidade, propondo temas relacionados à pesquisa e ao pensamento científico", destaca Alves Neto. "São questões sobre pautas contemporâneas, como sustentabilidade, crise climática e outros assuntos de relevância". 

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A presença do quilombola conhecido como "Nego Bispo" no exame é um passo importante para a valorização de conhecimentos tradicionais e de resistência por parte da academia

Valorização de saberes

Entre as referências trazidas na prova desta segunda-feira, destaca-se a coincidência de uma questão de História que abordava um texto de Antônio Bispo dos Santos, conhecido como ‘Nego Bispo’, pensador quilombola que morreu neste domingo (3). "Na questão, (Antônio Bispo) dizia que adestrar é o mesmo que colonizar e que há adestradores que fazem carinho e os que batem. Pedimos para que os candidatos se posicionassem sobre isso e mencionassem momentos da história brasileira que contaram com o protagonismo de povos quilombolas", explica o diretor da Comvest.

Segundo Alves Neto, a presença do autor no exame da Unicamp é um passo importante para a valorização de conhecimentos tradicionais e de resistência por parte da academia. "Nego Bispo sempre advertiu que, muitas vezes, as universidades estão desconectadas, ou dão pouca atenção, aos conhecimentos que não são originários da lógica da colonialidade. Deixamos nossa homenagem, da Unicamp e da Comvest, a esta referência que, de forma tardia, as universidades têm tido contato e a oportunidade de discutir sobre suas ideias". 

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A primeira chamada será divulgada dia 29 de janeiro, sendo que os convocados deverão efetivar a matrícula online (não presencial) nos dias 30 e 31 de janeiro, pelo site da Comvest.

Diálogo com a realidade

Os temas cobrados no primeiro dia de provas repercutiram de forma positiva entre os candidatos. As amigas Luiza Jorge (16), Fernanda dos Anjos (16) e Maria Adati (16) prestaram a prova como traineiras. “Acho que foi uma prova muito coerente, principalmente as questões interdisciplinares”, opinou Fernanda, que ainda não decidiu qual curso seguir, mas escolheu Engenharia de Alimentos para testar seus conhecimentos. Já Luiza está decidida: apesar de fazer a prova de Ciências Biológicas, quer uma vaga em Medicina. “Achei que seria mais difícil. Literatura foi mais complicado, mas gostei da prova de Biologia. Também gostei das propostas de redação”, destacou. 

A amiga também gostou dos temas propostos. “Escolhi o tema sobre a exploração do trabalho doméstico. Já tinha feito redações na escola sobre esse assunto, então gostei bastante”, contou Fernanda. Para as candidatas, o exame da Universidade é exigente e, por isso, a experiência como traineiras é enriquecedora. “A Unicamp tem a fama de ter uma prova difícil, mas fazendo antes, como traineiras, descobrimos que é possível passar”, apontou Maria confiante. 

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Da esquerda para a direita, os candidatos Victor Hugo de Souza, Caio Nani e Isabela Ferro: caráter interdisciplinar exige atualização 

Para Isabela Ferro (16), treineira de Ciências do Esporte, o caráter interdisciplinar do vestibular é uma característica que exige atualização dos candidatos. “Foram temas muito relevantes, que dialogam muito com o mundo atual. Acho muito importante trazer esse lado político para a prova”, comentou. “É mais complicado porque temos que pensar como as disciplinas podem dialogar nas respostas. Mas é muito interessante ver como isso acontece na elaboração das questões”. No segundo dia de provas, o amigo Victor Hugo Souza (17), treineiro de Geografia, está com boas expectativas: “Vai ser mais difícil que ontem, mas quero conhecer o formato da prova e me preparar para o ano que vem”. 

A segunda-feira foi agitada para Caio Nani (17). Aluno do curso de Mecatrônica do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca), o jovem prestou o segundo dia de exames do Provão Paulista no período da manhã e, à tarde, veio para o segundo dia de provas do Vestibular Unicamp. “É uma experiência importante para ele se habituar ao funcionamento dessas provas”, contou a mãe Alessandra. Para o candidato, o exercício de elaborar respostas que envolvem vários conhecimentos é algo animador. “As questões da Unicamp são mais complexas, não são fechadas em caixinhas, como outras provas. Você precisa pensar mais, depende menos do conteúdo acumulado e mais da articulação de conhecimentos”, refletiu o candidato. 

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As estudantes Luiza Jorge, Fernanda dos Anjos e Maria Adati prestaram o Vestibular como treineiras

Próximas etapas

As Provas de Habilidades Específicas para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais e Dança, serão realizadas entre os dias 7 e 9 de dezembro, somente em Campinas. Os locais e horários já estão disponíveis para consulta (link: https://www.comvest.unicamp.br/ingresso-2024/vestibular-2024-2/provas-de-habilidades-especificas/)

A primeira chamada será divulgada dia 29 de janeiro. Os convocados deverão efetivar a matrícula online (não presencial) nos dias 30 e 31 de janeiro, pelo site da Comvest. As demais datas constam do calendário do Vestibular Unicamp 2024, também disponível no site da Comissão.

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Os temas cobrados no primeiro dia de provas repercutiram de forma positiva entre os candidatos

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004