A Pontifícia Universidade Católica do Peru, o Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (México), a Universidad de Talca (Chile), a Universidad de Los Andes (Colômbia) e a Universidad Nacional de La Plata (Argentina). Essas são algumas das instituições presentes em uma reunião ocorrida no Pavilhão das Universidades da COP28 para discutir a formação da Rede de Universidades Latam pela Ação Climática. A rede tem por objetivo principal trocar experiências e desenvolver projetos em colaboração a respeito da sustentabilidade e de medidas para frear as mudanças climáticas.
“Os efeitos das mudanças não conhecem fronteiras. Atingem a todos, em todos os lugares. Mas o tamanho do impacto varia muito e nem sempre as soluções criadas em países desenvolvidos são adequadas para o contexto latino-americano”, disse Paola Visconti Arizpe, representante do Departamento de Desenvolvimento Sustentável e Extensão do instituto mexicano, conhecido como Tecnológico de Monterrey. “Como instituições de ensino e pesquisa, compartilhamos desafios e objetivos parecidos, assim como conhecimentos que podem nos unir em torno da ação climática”, complementou.
Visconti apresentou o plano de sustentabilidade e mudança climática da instituição mexicana, o plano Ruta Azul (rota azul). “Ele tem seis eixos de ação – cultura, mitigação, adaptação, educação, pesquisa e vinculação – e busca o engajamento de toda a comunidade da universidade na adoção de práticas mais sustentáveis”, contou. Uma das ações envolvendo os eixos cultura e mitigação, a elaboração de um guia com eventos sustentáveis, evitou, somente neste ano, a emissão de 8,5 toneladas de CO2 e o consumo de cerca de 700 mil litros de água, o que equivale a mais de 112 mil garrafas pet. Ainda no eixo cultura, também em 2023, realizou-se uma pesquisa para medir o Índice de Cultura de Sustentabilidade, com o objetivo de compreender o conhecimento, as atitudes e os comportamentos sobre sustentabilidade da comunidade. Todos os alunos do Tecnológico de Monterrey têm uma disciplina obrigatória sobre o tema sustentabilidade em sua grade de ensino.
Para Sonia Seixas, presidente da Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja) da Unicamp, um benefício imediato de uma rede como essa seria compartilhar experiências e aprimorar programas. “No caso de Monterrey, observamos que os eixos são muito próximos daqueles com que a Cameja tem trabalhado, e a formalização dessa rede deve facilitar a troca de experiência e o aprendizado mútuo”, disse Seixas. “No eixo educação, por exemplo, estamos desenvolvendo um projeto de ‘ambientalização’ da formação no ensino superior, em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação, para incluir uma disciplina sobre a emergência climática em todos os cursos de graduação da Universidade”, contou. O piloto dessa iniciativa entra em cena já no primeiro semestre de 2024 para os alunos da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), fruto de uma parceria da Cameja com a Coordenação de Graduação dessa faculdade. “Certamente há elementos e dados do projeto do Tecnológico de Monterrey que podem nos ajudar a aprimorar a iniciativa que será implementada na Unicamp”, pontuou.
A Unicamp trabalha, neste momento, na formulação de uma política institucional de sustentabilidade. “O compartilhamento de experiências no âmbito da rede de universidades vai trazer subsídios para as metas e os planos da Unicamp relacionados a suas ações de sustentabilidade e emergência climática”, afirmou Thalita Dalbelo, da Coordenadoria de Sustentabilidade (CSUS). “Na verdade, inserir a Unicamp como protagonista dessa rede, bem como ampliar sua articulação e participação na COP30, já pode ser entendido como exemplos das metas da política que queremos implementar em nossa Universidade”, complementou Dalbelo.
Rumo a Belém
Outra expectativa em relação à Rede de Universidades Latam pela Ação Climática é trabalhar e ampliar a participação das instituições latino-americanas nas conferências do clima, com destaque para a COP30, que vai acontecer em Belém (PA), no Brasil. “A criação dessa rede é fundamental no sentido de trazer para essas discussões de âmbito global a potência do universo acadêmico latino-americano no que se refere ao conjunto de pesquisas, à formação de quadros especializados nas questões ambientais e climáticas e à possibilidade de criação de políticas públicas de grande impacto”, afirmou Roberto Donato, assessor da Reitoria da Unicamp e membro da comitiva da Unicamp em Dubai (Emirados Árabes), local da COP28.
Na avaliação dele, o avanço na criação dessa rede já pode ser considerado um resultado positivo da presença da Unicamp na conferência. “Trata-se de uma iniciativa alinhada à premissa de que, em um espaço como a COP, a ação da Unicamp não pode ser isolada. Ao contrário, ela tem que fazer emergir a potência das articulações e das parcerias”, disse.
Em termos de ações práticas visando formalizar a rede de universidades latino-americanas, criou-se um grupo de trabalho para determinar como viabilizar a participação do maior número possível de universidades latino-americanas na COP30. Com esse fim, já a partir de janeiro de 2024, devem ser realizadas reuniões bimestrais, em formato remoto. Em fevereiro acontece um webinário sobre os procedimentos para credenciamento na COP. Em abril haverá um workshop, organizado pelo International Sustainable Campus Network (ISCN, rede internacional de campi sustentáveis), para tratar do capítulo ISCN das universidades latino-americanas (ISCN-Latam). “Eu espero que possamos unir as vozes e os esforços da América Latina, ampliando projetos colaborativos em nome da ação climática e assim apresentar resultados concretos na COP30”, finalizou Visconti.
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