De 7 a 9 de dezembro, os candidatos a vagas nos cursos de Dança, Artes Visuais, Artes Cênicas e Arquitetura e Urbanismo da Unicamp realizam suas provas de Habilidades Específicas, divididas em conteúdos teóricos e práticos, a serem aplicadas no período da manhã e da tarde – em alguns casos, em mais de um dia, como no das Artes Visuais, em que os vestibulandos passam também por entrevistas.
A candidata Ana Carolina Rezende Andreucci, de 18 anos, chegou antes das 8h30 à Casa do Lago, na Unicamp, para disputar uma das 25 vagas do curso de Dança. Andreucci viajou de Taubaté (SP) a Campinas (SP) – 188 quilômetros – com o pai. “Acho que vou conseguir, apesar de eu nunca ter feito nada de danças brasileiras”, disse a candidata, preocupada. Ela fez balé, dança contemporânea e ginástica artística desde a infância. A vestibulanda preparou uma coreografia baseada na obra “Tecelãs”, uma das peças da artista visual brasileira Rosana Paulino propostas pela organização do Vestibular 2024 da Unicamp.
O campineiro Arthur Fonseca Pereira, 18 anos, escolheu a obra “Jonas”, também de Rosana Paulino, como fonte de inspiração para sua coreografia, que deve ter no máximo 2 minutos de duração. Ele começou a dançar há dois anos. “Depois que eu me conectei com a dança, especialmente dancehall e jazz-funk, me senti muito feliz e percebi que precisava vir pra cá, porque me identifiquei muito com o curso e quero estudar Dança na Unicamp para ter experiência profissional”, disse Pereira, que já estuda dança como bolsista em uma escola privada. O candidato observou que a grande maioria dos candidatos são mulheres, mas disse que isso não o intimida.
Segundo a professora de Dança do Instituto de Artes (IA) e coordenadora da avaliação, Paula Caruso, a prova de aptidão para o curso recebe 113 candidatos. A fim de prepararem o estudo coreográfico que devem apresentar à banca examinadora, os candidatos tiveram sugeridas três obras de Rosana Paulino. “Nós sempre valorizamos artistas nacionais, que podem ser da música, das artes cênicas, das artes visuais, da literatura ou de qualquer área artística. Isso já é tradição em nosso curso, que tem 36 anos.”
A coreografia que os candidatos já trazem pronta deve ser um estudo em silêncio, sem nenhum acessório (roupa ou objeto cênico), conforme as orientações da prova. Eles são avaliados por uma banca examinadora formada pelos professores do curso, que tem duração de, no mínimo, quatro anos. “Nosso curso é considerado um dos melhores do Brasil e sempre tivemos procura de todo o país. De uns dez anos pra cá, o perfil mudou um pouco. Hoje a maior parte vem do Estado de São Paulo”, afirma Caruso. O curso de licenciatura em Dança é integrado com bacharelado e tem período integral. O aluno sai com duas habilidades: professor e intérprete/pesquisador. “Fazemos uma prova que nos permite avaliar alunos [detentores] das linguagens mais diferentes possíveis”, afirma a professora.
Artes Visuais
Quase cem candidatos fizeram as provas de habilidades na disputa por 30 vagas do curso de Artes Visuais, também do IA. De acordo com a professora Sylvia Furegatti, a prova de aptidão integra a própria concepção do modelo de curso do instituto, por isso ela se replica nas áreas de Dança, Música, Teatro e Artes Visuais . “Quase sempre, o candidato ainda não sabe muito bem com o quê deseja trabalhar, mas ele sabe que é na área de imagem.”
Pela manhã, foi aplicada uma prova de História da Arte. À tarde, os vestibulandos fizeram uma prova prática de expressão plástica e, nos dias 8 e 9, participam de entrevistas. “Na entrevista eles nos mostram os cadernos de desenhos, os portfólios, suas experiências e seu interesse na área de artes visuais”, descreve Furegatti. “Nós estamos interessados em saber do potencial criativo que está ali. Não buscamos encontrar artistas prontos.”
Artes Cênicas
A candidata ao curso de Artes Cênicas Ketlyn Alana Leite de Moraes, de 17 anos, está concluindo o ensino médio em Monte Mor. “Estudei a bibliografia para a prova teórica, que foi mais fácil que as duas fases do Vestibular, porque podíamos consultar o material, mas mesmo assim não fiquei tranquila”, diz Moraes, que conheceu a Universidade no programa Unicamp de Portas Abertas. Pedro Henrique da Silva Santos, de 18 anos, estudou em Campinas e quer ingressar na Unicamp “porque é uma das melhores universidades do país, uma das melhores opções de Artes Cênicas, e por ser uma universidade pública, porque eu não teria condições de pagar uma universidade particular”. Confiante, Santos veio à Unicamp pela primeira vez para fazer a prova de aptidão. “Estou encantado. Eu sou de uma metrópole, aqui tem muitas árvores, é muito bonito, um clima bom. Estou gostando bastante. Já conheci uma moradia, já estou vendo como seria morar com outras pessoas. Já sei que eu quero isso.” Ele lamenta que um grande número de candidatos não conseguirão a vaga porque há 25 vagas para mais de cem candidatos.
O professor e coordenador Marcelo Ramos Lazzarato considera a prova de aptidão do curso de Artes Cênicas da Unicamp muito importante porque se trata de adentrar um local de troca e de aprendizado, um local de onde, dizem os alunos, eles saem recompensados. “A forma como elaboramos a prova é como se isso fosse uma aula, com exercícios e dinâmicas criativas, durante a qual eles se sentem propositores e ao mesmo tempo receptores. É um vestibular que agrega e que inclui.” Lazzarato destaca o caráter subjetivo da prova, mas sublinha haver grande rigor na avaliação dos aspectos técnicos, em busca de identificar os candidatos que apresentam uma grande potencialidade, “de maneira que possamos ver [nele] um devir”. Em Artes Cênicas, também se aplica uma prova teórica pela manhã. No período da tarde, ocorrem as aulas e, no dia seguinte, a prova de palco.
Arquitetura
No caso do curso de Arquitetura e Urbanismo, mais de 150 candidatos às 40 vagas oferecidas fizeram as provas de habilidades nesta quinta-feira (7). Essa relação candidato-vaga repete-se, mais ou menos, já há alguns anos. “O arquiteto trabalha muito com a linguagem do desenho, que transmite as ideias do projeto”, diz o professor e coordenador do curso Evandro Monteiro Ziggiatti. “Acreditamos que essa prova é importante inclusive para chegar a candidatos que podem não ter tido uma formação em desenho, mas que têm isso inato”, acredita o professor.
A prova se divide em duas partes: pela manhã, a prova de gabarito demanda uma análise mais objetiva, “para ver como o candidato opera na linguagem tridimensional, ou seja, qual o seu entendimento geométrico tridimensional”. À tarde, a prova é mais ligada à percepção e à memória dos espaços tanto arquitetônicos quanto urbanos. “Essa percepção do espaço é importante para o arquiteto e urbanista.”