O aplicativo para inspeção e controle de criadouro do mosquito da dengue, Aedes aegypti, começa a funcionar esta semana, com o objetivo de aprimorar o trabalho de vistoria, hoje registrado com caneta e papel pelos cipeiros – funcionários integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (Cipa). A iniciativa está sendo coordenada pelo Centro de Saúde da Comunidade (Cecom), sendo que o aplicativo foi desenvolvido no software de geoprocessamento ArcGis em uma parceria com a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) e a Cipa.
Na semana passada, O Grupo de Trabalho (GT) de combate à dengue aplicou um treinamento para o uso do aplicativo. “Até então se registrava essa inspeção em uma planilha manual e, quando identificado algum criadouro, o diretor da unidade era comunicado para que medidas corretivas fossem adotadas com vista a eliminar os criadouros.", explica a presidente do GT e coordenadora do Cecom, Rôse Clelia Grion Trevisane. Ela esclarece que a tarefa terá continuidade, mas, ao invés de usar a planilha de maneira manual, será usado o aplicativo. "Um objetivo é que o GT, os cipeiros e o Cecom possam monitorar em tempo real os possíveis criadouros da Unicamp e monitorar a adoção de condutas para removê-los. O outro é agilizar o processo e georreferenciar os locais com criadouros”,avalia.
A ideia surgiu do trabalho periódico realizado e do potencial de se utilizarem dados vários para a tomada de possíveis medidas. “A área da saúde produz muitos dados. Há a parte de atendimento e, no caso do Cecom, a parte de prevenção [dos criadouros do mosquito da dengue]. Conhecendo alguns processos do Cecom, vi a possibilidade de criar um aplicativo para que eles pudessem sistematizar os dados”, explica William Chinelato, da área de geoprocessamento da Unicamp, que iniciou a criação da ferramenta desenvolvida em conjunto com Victor Leal, supervisor de tecnologia da informação do Cecom.
Para Vanderlei Braga, coordenador de Geoprocessamento da Depi, pode-se também utilizar esses dados em outros formatos. “A gente consegue coletar informações georreferenciadas, trabalhar com essas informações e produzir mapas, painéis de controle e gráficos que podem subsidiar algumas ações. Acho essa uma estratégia bem interessante. Conseguimos comparar [os dados] ano a ano e tomar algum tipo de ação específica”, comenta.
Casos de dengue em Campinas
Mesmo que dados de atendimento do Cecom de 2023 registrem que o número de casos de dengue diminuiu em comparação com o período de janeiro a novembro de 2022, de 66 para 35 pessoas infectadas. "O cuidado neste momento precisa ser redobrado por conta da época do ano, propícia para a formação de criadouros, já que há chuvas frequentes, resultando em acúmulo de água, e ondas de calor.", analisa a coordenadora do Cecom. A Secretaria de Saúde de Campinas registrou mais de 10 mil infectados, sendo a atual a sexta maior epidemia da cidade desde 1998.
Armadilhas para o mosquito
Com o objetivo de monitorar o surgimento das larvas do mosquito, instalaram-se armadilhas de vigilância epidemiológica da dengue (VED), feitas com pneus cortados ao meio e cheias de água. São 28 armadilhas em vários ambientes externos do campus de Barão Geraldo e três na Moradia Estudantil. Para a professora Patrícia Thyssen, responsável dentro do GT pela vigilância entomológica da dengue, é necessário, no período atual, alertar a comunidade. “A comunidade tem que ficar alerta para os períodos mais chuvosos e quentes. De setembro até abril, o período em que temos mais propensão ao surgimento de larvas, a maioria das armadilhas dão resultado positivo semanalmente. No período de maio até agosto, raramente temos armadilhas positivas semanalmente”, destaca.
Caso a unidade não tenha um cipeiro para realizar o trabalho de vistoria, o diretor dessa unidade deve entrar em contato com o Cecom pelo e-mail dengue@unicamp.br e indicar nome e email do funcionário que será o responsável pelo uso do aplicativo de prevenção e combate à dengue. É importante que todas as unidades de trabalho e ensino realizem as vistorias para garantir a eliminação dos criadouros.