Projeto LBNF-DUNE avança na busca por financiamento

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Representantes da Unicamp, do Fermilab, laboratório de física de partículas e de alta energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, na sigla em inglês), e do próprio DOE reuniram-se nesta segunda-feira (19) com membros da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a fim de discutirem caminhos para angariar apoio ao projeto LBNF-DUNE (Long-Baseline Neutrino Facility – Deep Underground Neutrino Experiment), uma iniciativa internacional envolvendo a instalação de um gerador e um grande detector de neutrinos no Estado norte-americano de Dakota do Sul. O encontro teve o objetivo de alinhar as instituições nos esforços para obter financiamento para os projetos que integram a iniciativa e que foram desenvolvidos pela Unicamp: a purificação do argônio líquido e a produção em escala do dispositivo X-Arapuca.

Estiveram presentes o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, a coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, a diretora do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), Mônica Cotta, e os professores do IFGW e, respectivamente, coordenador e pesquisador do projeto na Unicamp, Pascoal Pagliuso e Thiago Alegre. Eles foram recebidos pelos representantes da Finep Celso Pansera (presidente da instituição), Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho (diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Alexandre Barragat (chefe de Cooperação Internacional) e Rodrigo Costa (analista de Cooperação Internacional).

Pelo lado do Fermilab, participaram Lia Merminga (diretora), Hema Ramamoorthi (diretora de Relações Internacionais) e Ronald Edward Ray Jr. (diretor de Projetos). Já pelo DOE, fizeram parte do encontro Regina Abbe Rameika e Abid Mahmood Patwa (respectivamente, diretora-associada e diretora-assistente da Diretoria Associada do Departamento de Física de Altas Energias). Os representantes das instituições norte-americanas participaram da reunião de forma remota.

As diretoras do Fermilab e do DOE ressaltaram tanto a importância da presença do Brasil na iniciativa internacional quanto da liderança da Unicamp nas pesquisas realizadas no país. Merminga destacou que a purificação do argônio líquido e o dispositivo X-Arapuca contribuem diretamente para o sucesso do projeto de detecção de neutrinos. “Com a parceria, as universidades e empresas brasileiras devem estreitar as relações com as altas esferas de decisões em ciência e tecnologia”, pontuou Rameika.

O apoio necessário para o desenvolvimento dos projetos no Brasil – tecnologias de purificação de argônio líquido e dispositivos X-Arapuca – é de US$ 36 milhões no período de quatro anos. Segundo Pagliuso, as duas instituições avaliam a seguinte possibilidade de obter esse financiamento: US$ 18 milhões viriam da Finep e outros US$ 18 milhões, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Sentimos uma excelente receptividade da parte do presidente Celso Pansera e do diretor Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho. Eles demonstraram entender a importância do projeto e a urgência de uma resposta positiva sobre essas possibilidades, o que deve ocorrer em breve”, destacou o professor.

Moretti disse que o projeto é “um salto de inovação e tecnologia tanto para o IFGW e a Universidade como para o Brasil”. Ela ressaltou que, ainda nesta semana, outra reunião será realizada com a Fapesp para reafirmar o compromisso da fundação com o projeto, assim como fez a Finep. “Ambos os financiamentos ainda estão em negociação. Porém, com grandes chances de a Unicamp ser contemplada.” A reunião com representantes dos conselhos Superior e Técnico-Administrativo da Fapesp está prevista para esta quarta-feira (21).

Para o reitor da Universidade, a reunião com a Finep resultou muito positiva. “O presidente Pansera e seus assessores foram unânimes em reconhecer a importância do projeto e da participação da Unicamp, liderando a equipe brasileira, no DUNE. Levando em conta essa avaliação e esse apoio, expresso meu contentamento pela possibilidade de confirmação do financiamento no futuro próximo”, apontou Meirelles.

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Delegação da Unicamp, coordenada pelo reitor Antonio Meirelles (alto à esquerda), do Fermilab e do Departamento de Energia dos Estados Unidos reuniram-se com o presidente Celso Pansera (centro da mesa) e diretores da Finep

Iniciativa sem precedentes

O projeto LBNF-DUNE pretende instalar um grande detector de neutrinos em Leads, Dakota do Sul, a 1.400 metros de profundidade, para a identificação de neutrinos emitidos por um feixe gerado na sede do Fermilab, na cidade de Batava (Estado de Illinois), localizada a uma distância de 1.300 quilômetros. Por meio dele, novos fenômenos subatômicos serão investigados, ampliando o conhecimento sobre o papel dos neutrinos na formação do universo.

A participação da Unicamp no projeto concentra-se no desenvolvimento e produção em escala dos equipamentos utilizados na purificação do argônio líquido, insumo necessário para os experimentos, e no desenvolvimento e produção dos dispositivos X-Arapuca. Nos testes realizados no IFGW, foram purificados 100 litros do gás liquefeito, feito que rendeu a Pagliuso o Prêmio Nacional de Inovação, concedido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na categoria Pesquisador Inovador de Média Empresa, em setembro de 2023.

Após os resultados obtidos no Brasil, o experimento foi reproduzido pelo Fermilab, que elevou o volume de argônio líquido purificado para 3 mil litros. “O Fermilab confirmou que nossa técnica dá certo, com eficiência comparável com a que obtivemos. Isso mostra que estamos no caminho certo”, destacou o pesquisador. Quando estiverem em pleno funcionamento, as instalações do DUNE utilizarão cerca de 70 mil toneladas de argônio líquido.

Outra contribuição da Unicamp para o projeto é a tecnologia X-Arapuca, a ser instalada no detector e responsável pela identificação do neutrino por meio da captura da luz emitida a partir da interação da partícula com o argônio liquefeito dos tanques. Prevê-se que 1.500 desses dispositivos sejam instalados no DUNE. A tecnologia X-Arapuca foi desenvolvida a partir das pesquisas realizadas pelos professores Ettore Segreto e Ana Amélia Machado, do IFGW.

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Sede do Fermilab nos Estados Unidos; apoio necessário para o desenvolvimento dos projetos no Brasil é de US$ 36 milhões no período de quatro anos (Foto: Divulgação Fermilab)

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004