Cepetro, CNPEM e UFSC vão escrutinar as rochas do pré-sal

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Cientistas do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão unidos em um projeto que vai escrutinar as rochas do pré-sal. O objetivo é melhorar as técnicas de caracterização de rochas e da interação rocha-fluido para se obter mais precisão na interpretação dos resultados das análises. Desta forma, será possível desenvolver uma modelagem mais assertiva, capaz de otimizar a extração do petróleo e diminuir os custos da operação.  

O projeto é financiado pela Equinor, multinacional de energia norueguesa, presente no Brasil há mais de 20 anos, que investirá R$ 42 milhões (R$ 22 milhões no CNPEM e R$ 20 milhões divididos entre Unicamp e UFSC) ao longo de quatro anos.     

Uma das características da rocha do pré-sal é a grande variação do tamanho dos poros onde o óleo fica contido. Em alguns deles, pode caber até uma pessoa. “Descrever melhor o deslocamento relativo do óleo, levando em consideração as diferentes escalas dos poros, é essencial para desenvolver modelos bem representativos”, explica a professora Rosangela Lopes Moreno, coordenadora do Laboratório de Reservatórios de Petróleo (Labore), associado ao Cepetro. 

Várias frentes metodológicas serão desenvolvidas pelas equipes do trabalho. “No nosso caso, a metodologia está dividida em duas etapas. A petrofísica básica, na qual se avaliam as rochas secas, com ressonância magnética e imagens tomográficas, e a petrofísica especial, em que os fluidos também são considerados. Vamos trazer novas variáveis para a análise, como a molhabilidade da rocha [se existe óleo grudado nas paredes ou não] e a quantidade de óleo móvel”, conta Moreno.

Os testes de caracterização da rocha, dos fluidos e do seu deslocamento através dos poros serão depois replicados no Sirius do CNPEM — um acelerador de partículas que permite aos cientistas estudar com maior detalhe o nanocosmo das moléculas, das células vivas e de materiais como as rochas. 

No complexo administrado pelo CNPEM, funcionam de forma integrada três aceleradores de partículas que fazem os elétrons se aproximarem da velocidade da luz dentro de um anel de 518 metros de circunferência. Ao se deslocarem, as partículas são forçadas por poderosos ímãs acoplados ao anel – nada menos do que 1.300 — a mudarem de trajetória, perdendo energia e emitindo a luz síncrotron.

“Na linha de luz síncrotron Mogno do Sirius conseguiremos emular as rochas em escala microscópica, em função da alta definição dessa linha de luz. Assim, vamos analisar com extrema precisão e rapidez todas as propriedades das rochas e dos fluidos que escoam por elas. Teremos muito mais nitidez sobre os mecanismos envolvidos na interação rocha-fluido”, afirma Moreno. 

De acordo com a pesquisadora da Unicamp, vários avanços científicos serão obtidos após o processamento de dados no Sirius, na UFSC e na própria Unicamp, principalmente no que tange ao comportamento do óleo no interior das rochas. Os reservatórios do Pré-Sal têm peculiaridades específicas e nem sempre o óleo está armazenado no meio dos poros. Às vezes, o líquido fica grudado nas paredes das rochas. Para resolver essas questões, os cientistas farão simulações matemáticas baseadas em dados reais sobre como retirar o petróleo. 

Além do próprio avanço científico, o projeto financiado pela Equinor também vai colaborar com a melhoria da infraestrutura de análise do LABORE, por meio da compra de equipamentos. Outro ganho importante, segundo Moreno, é a informação qualificada que será gerada por alunos do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Petróleo da Unicamp que participam do projeto. “É mais uma forma de retorno para as empresas que nos financiam, pois muitos de nossos egressos acabam atuando no mercado — não só no setor do petróleo, como em diversas áreas relacionadas à energia e à sustentabilidade”, explica a pesquisadora.

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Sirius do CNPEM onde os testes de caracterização da rocha, dos fluidos e do seu deslocamento através dos poros serão depois replicados

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004