José
Antonio Sanjurjo, físico experimental da área
de Espectroscopia Raman em Física do Estado Sólido,
faleceu inesperadamente no dia 3 de janeiro de 2001, enquanto
trabalhava em sua sala, vítima de um infarto do miocárdio
fulminante. José, ou Pepe, como todos seus
amigos o chamavam, nasceu em Buenos Aires, Argentina, no dia
20 de outubro de 1944.
Realizou
sua graduação na Facultad de Ciencias Exactas
y Naturales da Universidad de Buenos Aires
(UNBA), tornando-se Licenciado en Fisica em 1971
com o trabalho Ciclos de Histerese em Supercondutores do Tipo
II, sob a supervisão do Prof. Dr. José Federico
Westercamp. Após isso, dedicou alguns anos, ainda na
Argentina, ao estudo das propriedades ópticas de materiais
ferroelétricos, utilizando a técnica de Espectroscopia
Raman, tendo trabalhado neste período com o Prof. Dr.
Aaron Pinczuk. Já no Brasil, doutorou-se em 1980, no
Instituto de Física Gleb Wataghin na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), com a tese Espectroscopia Raman
e Infravermelha em materiais ferroelétricos, iônicos
e superiônicos, tendo como orientador o Prof. Dr. Sérgio
Pereira da Silva Porto. Entre 1981 e 1983, realizou seu pós-doutoramento
no Max Planck Institut für Festkörperforschung
em Stuttgart, na Alemanha Ocidental, junto ao grupo de pesquisa
do Prof. Dr. Manuel Cardona.
Durante
este período, dedicou-se ao estudo por Espalhamento Raman
dos efeitos da pressão hidrostática nos fonons
acústicos e em semicondutores tipos III-IV, Hiper-Raman
em cristais ferroelétricos, e transições
de fase induzidas por pressão hidrostática em
cristais ferroelétricos. Em 1981, tornou-se professor
assistente do Instituto de Física Gleb Wataghin
Unicamp, e no ano de 2000, professor adjunto desta mesma
instituição.
Durante
sua carreira científica, ele estudou diversos sistemas
em Física do Estado Sólido, utilizando, para isso,
Espectroscopia Raman associada a várias outras técnicas,
como Infravermelho, Raios-X, Magnetização, Calor
Específico, Resistividade, etc. Entre os sistemas que
foram objeto de seu estudo, podem ser mencionados semicondutores,
compostos intercalados de grafite, supercondutores de alta temperatura
crítica, materiais com magnetoressistência colossal,
férmions pesados e sistemas com elétrons fortemente
correlacionados. Pepe foi um físico muito ativo, participando
de inúmeras conferências nacionais e internacionais,
bancas de tese de mestrado, doutorado e concursos de professores.
O fato de ter conseguido aprovar muitos projetos de pesquisa
em órgãos importantes de financiamento, permitiu-lhe
possuir um dos mais completos laboratórios de Raman da
América Latina.
Ele foi um cientista entusiasta e um excelente professor, que
muito motivou seus alunos e colaboradores. Para seus amigos,
Pepe sempre foi uma pessoa muito agradável de se relacionar
pois era muito prazeroso conversar sobre diversos assuntos,
como ciência, política, música, artes, esportes,
dentre outros. Era possuidor de uma cultura abrangente.
Foi um marido exemplar ao longo de 23 anos para sua esposa Neusa
e um grande pai para suas duas filhas, Alícia e Liliana.
Por esses motivos, todos aqueles que tiveram a oportunidade
de conhecê-lo sentirão muito a sua ausência.
*Carlos Rettori é professor do Instituto de Física
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O
pioneiro Casemiro dos Reis Filho
Casemiro
dos Reis Filho era professor da Faculdade de Educação
(FE) da Unicamp e marcou sua história na faculdade
como um dos pioneiros na implantação dos cursos
de pós-graduação na Unicamp e no Brasil,
especialmente na área da história da educação.
Em seu currículo está, ainda, a participação
como um dos fundadores de uma das revistas mais importantes
de educação no Brasil, a Educação
e Sociedade, publicada pelo Centro de Estudos Educação
e Sociedades (Cedes), vinculado à FE, com sede no
prédio do Ciclo Básico da Unicamp. Em fevereiro
último, Casemiro faleceu aos 73 anos, vítima
de falência múltipla dos órgãos.
Sua
história de educador sensível aos problemas
educacionais e políticos, começou a ser construída
como professor de filosofia e história da educação
na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI),
em Rio Preto - atualmente Unesp -, em 1958, de onde foi
banido pelo movimento militar de 1964, e pelo Ato Institucional
nº 1, juntamente com outros professores como Carlos
Funari Prosperi, Rubem Alves, Antonio Rezende e Maurício
Tragtenberg (este último falecido há dois
anos). O cargo lhe foi restituído após a abertura
democrática. Depois dessa experiência, Casemiro
assumiu a disciplina de filosofia e história da educação
na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC/SP) e em 1976 na Unicamp.
Suas principais obras foram Índice Básico
da Legislação do Ensino Paulista: 1980-1945,
A educação e a ilusão liberal: Origens
da escola pública paulista e, como co-editor do livro
Educação brasileira contemporânea.
Em
outubro de 1980, Casemiro foi aposentado por invalidez após
um derrame cerebral. Mesmo afastado da Unicamp, Casemiro
recebia em casa amigos e professores da Faculdade, e ainda
continuava orientando seus alunos doutorandos.
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