Unicamp está lançando o embrião do que
será um novo espaço para a exposição
de artes plásticas no campus de Barão Geraldo.
Vinte quadros do pintor e professor do Instituto de Artes da
Universidade, Geraldo Porto, estão expostos pela primeira
vez no prédio da Reitoria. Por enquanto, a visitação
está restrita às pessoas que circulam normalmente
pelo local. Mas o objetivo da iniciativa é criar futuramente
uma espécie de galeria permanente, que estará
aberta à visitação de toda a comunidade
acadêmica.
As
obras expostas foram produzidas por Geraldo Porto ao longo do
ano passado. De acordo com o professor, elas trazem um traço
em comum: todas são altamente intuitivas. Conforme o
próprio artista, os quadros representam um processo de
criação febril, diferente do que ocorreu em 1999,
período em que seus trabalhos tinham um caráter
mais angustiado. Em 2000, estava com a cabeça
mais positiva. Por isso, as obras são mais lights,
explica o pintor.
Alguns dos quadros expostos na Reitoria já foram vendidos.
A luminosidade e a composição das cores são
os aspectos que mais chamam a atenção de quem
observa os trabalhos de Geraldo Porto. Para produzir as obras,
o artista usou massa acrílica aplicada sobre chapas de
duratex. Em seguida, com a ajuda de uma espécie de estilete,
ele desbastou a superfície criando linhas sinuosas. Por
último, Porto aplicou a tinta. O verde e o azul são
predominantes. Como resultado dessa técnica, surgiram
peças de inegável leveza e beleza.
Geraldo
Porto aprovou o novo espaço para exposição.
De acordo com ele, no momento em que preparava a colocação
das obras, já foi possível sentir um clima de
alta receptividade. Pude notar um astral muito bom,
diz. Porto é professor de Instituto de Artes da Unicamp
desde 1985. Ele também é o coordenador da Galeria
de Artes da Universidade. Mestre em artes, o pintor apresentou
sua dissertação sobre o artista plástico
Antonio Roseno de Lima, morto há dois anos. A arte primitiva
de Roseno impressionou Porto, que ajudou a divulgá-la
tanto no Brasil quanto no exterior.
Desde
então, o professor da Unicamp transformou-se num descobridor
de talentos tidos como marginais. É o caso do artista
plástico Moacir de São Jorge, um pintor autodidata
analfabeto. Quando o conheci, ele não falava e
era apedrejado na rua, pois o consideravam louco. Atualmente,
estou organizando uma exposição dele na Alemanha,
conta Porto, que teve o trabalho citado recentemente num livro
de arte produzido por uma editora londrina.
De acordo com Sônia Tilkian de Carvalho, assessora da
Reitoria, as obras de Geraldo Porto ficarão expostas
no local por mais 30 dias. Uma outra exposição
já está sendo organizada para ocupar o espaço
e deverá ter duração aproximada de quatro
meses.
Futuramente, afirma ela, deverá ser construída
uma passarela ligando os prédios do Gabinete do Reitor
ao da Pró-reitoria de Pesquisa. A nova edificação
também servirá de galeria para a exposição
de outras produções artísticas. Ainda segundo
Sônia, o espaço não ficará restrito
a artistas ligados à Unicamp. Queremos que pintores
e escultores de fora também tragam seus trabalhos para
serem apreciados pela comunidade acadêmica, diz.
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A arte de Mícoli aterrissa no IA
Suas
peças já passaram pelas galerias de arte
do Espacio Simón Patiño, na Bolívia,
e pela BGH Gallery, Los Angeles, nos Estados Unidos.
Agora a arte de Roberto Mícoli aporta na Galeria
de Arte Unicamp/IA, onde ficará exposta ao público
durante 25 dias, de segunda (07/05) a sexta-feira, das
9 às 17 horas.
Ao
todo são 25 obras de tamanhos e dimensões
diferentes. São costuras, pinturas abstratas,
objetos, esculturas confeccionadas com arame, madeira,
papel e tecido. Há ainda algumas instalações
e fotografias. A opinião da artista plástica
Maria Alice Milliet, a respeito da obra de Mícoli,
disse que há uma certa reverência
no trato dos materiais, um comedimento no manuseio,
uma economia de recursos. E mais: que a arte de
Mícoli possui uma solução
plástica que retém a concisão formal,
a integração forma/cor, o rigor da fatura
característico de sua produção.
Não se trata aqui de uma abordagem romântica
do primitivo. As obras aludem a cultura neolítica
sem deslizar para o exótico ou cair na banalidade
do artesanato.
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