saudade causada pela distância é resolvida com
um telefonema. As roupas têm de ser cuidadas pelas próprias
mãos e a comida já não tem mais o sabor
dos pratos preparados pela mãe. Esta é uma nova
realidade para a aluna do primeiro ano do curso de música
da Unicamp Amanda Francelle Antunes. Desde que deixou a pequena
cidade de Cornélio Procópio, no Paraná,
em março, para dedicar-se aos estudos na Universidade
Estadual de Campinas, Amanda reviu a família apenas uma
vez. O maior conflito é a saudade, afirma.
A
história de Amanda deve repetir-se na voz de estudantes
que, além de enfrentarem as diferenças entre o
ambiente de um colégio e de uma universidade, deparam
com a diferença cultural entre Campinas e sua cidade
de origem. O choque cultural, segundo a psicóloga Cristina
Muller, do Serviço de Assistência Psicológica
e Psiquiátrica ao Estudante (Sappe), pode causar transtornos
emocionais. Mesmo porque em Campinas, e principalmente na Unicamp,
as culturas se misturam.
Que
saudade faz doer, não há dúvida. Mas, ao
contrário da estudante Amanda, que consegue trabalhar
essa situação com um telefonema, alguns alunos
podem manifestar sentimentos de angústia diante de um
mundo desconhecido. Por meio do Projeto Seachegue, psicólogas
do Serviço de Apoio ao Estudante e do Sappe buscam amenizar
os sentimentos relacionados a esses conflitos. O Projeto Seachegue
propõe a criação de um espaço de
reflexão a respeito das experiências relacionadas
ao ingresso na universidade, das angústias diante dos
novos desafios e das transformações necessárias
ao reequilíbrio interno na fase de mudanças intensas.
No Nordeste brasileiro, seachegue exprime
aconchego, receptividade. O projeto também oferece um
espaço de aconchego a quem se sente só,
explica Cristina.
Segundo
a psicóloga, para entrar na universidade, o calouro precisa
separar-se da família, dos amigos, da namorada, do seu
mundo conhecido. Além disso, na universidade eles passam
a lidar com desafios muito maiores que os já conhecidos
no colégio. Os candidatos aprovados no vestibular,
geralmente, são os primeiros da turma do colégio.
Na universidade, ele convive com vários primeiros alunos,
reflete.
As
reuniões são realizadas com grupos heterogêneos,
formados por alunos de diferentes cursos. Os grupos são
coordenados pelas psicólogas Marisa Córdoba Amarante,
Elizabete Mergulhão e Cristina Muller, do Sappe, e Valéria
Aguillar Castro, do SAE. As profissionais oferecem técnicas
de interação que favorecem a reflexão sobre
questões que possam dar chance para o aluno fazer uma
introspecção. Na visão de Cristina Muller,
o momento dá oportunidade para a troca de experiências
com outros colegas que vivam a mesma situação.
Durante os eventos, eles trocam os recursos que usam para
lidar com as dificuldades.
Para
participar das reuniões, os alunos devem inscrever-se
semanalmente no balcão do SAE. Os grupos se encontram
às quintas-feiras, no horário do almoço,
e são compostos de 30 pessoas. Contatos pelo telefone
3788-7020 ou 7913.
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Dança disseca mundo facetado da mulher
Reflexão
sobre o verdadeiro papel da mulher diante de aspectos
que compõem o conturbado processo social contemporâneo.
É
sobre esse mote que se desenvolve o espetáculo
solo Reminiscências, que Ana Carolina Mundim,
aluna de mestrado em Artes Corporais do IA-Unicamp,
está levando para o palco do SOS Mulher, no próximo
dia 8 (terça-feira), a partir das 13 horas, durante
a Feira Beneficente de Arte e Artesanato da entidade.
Reminiscências
é um espetáculo solo de dança contemporânea
que, segundo Carolina, procura mostrar um pouco da história
de uma mulher e as várias mulheres nela
vivem, buscando referências no mito A Caixa
de Pandora. Realizado pelo Grupo República Cênica,
concepção, coreografia e interpretação
de Ana Carolina, o evento tem a direção
de Fernando Aleixo.
O espetáculo mostra os conflitos da mulher no
limite tênue entre o passado e o presente, a lascívia
e a vivacidade, que se misturam à violência
social, sobretudo na organização das comunidades
urbanas, em que o espaço privado e público
estão em constante mudança, determinando
a construção de uma história pessoal,
que pode estar presente em qualquer trajetória
feminina. O Grupo República Cênica, criado
há quatro anos por alunos do Departamento de
Artes Cênicas, desenvolve pesquisas centradas
no trabalho do intérprete em relação
à criação e à produção
cultural.
O
SOS Mulher está localizada a Rua Dr. Quirino,
1856, no centro. A entrada é franqueada ao público.
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