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..............Campinas, 6 a 12 de agosto 2001

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...Trabalho e Prêmio - pág. -2....Eventos Futuros - pág. 7
...Tecnologia - pág. 3...Teses - pág. 8
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....Em dia e Inscrições - pág 6 ....Cultura - pág. 12
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....CULTURA
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Festa do folcore exalta a vida e o sagrado

De Atibaia (São Paulo) a Conceição da Barra (Espírito Santo),
congadeiros, foliões de reis e do divino, batuqueiros, Irmandade do Divino, artesãos e caiapós trazem à Unicamp suas formas de festejar a vida e celebrar o sagrado. Convidados pela Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) a participar do 7º Encontro com o Folclore, que se realiza nos dias 11 e 12 de agosto, os grupos se unem em uma das mais genuínas manifestações culturais brasileiras, a festa do folclore.

As manifestações vêm de regiões que não abrem mão de suas lendas, crenças, canções e costumes. Segundo Avelino Bezerra, idealizador do encontro, as apresentações não têm local fixo. Dia 11, elas acontecem no auditório do Instituto de Artes (IA) e nas dependências do antigo Restaurante Lake House. Dia 12 o roteiro inclui o lago do Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão. Figureiras de Taubaté, paneleiras e artesãos de Iguape e bonequeiros de Piracicaba expõem suas esculturas em barro durante a Feira Cultural, que terá também exposições fotográficas. O evento faz parte do “Projeto Folclore”, criado para promover o conhecimento da pluralidade cultural brasileira e a produção acadêmica acerca do tema.

Dia 11, o seminário “Novas Políticas de Patrimônio – Referências Culturais e Patrimônio Imaterial” dá início ao 7º Encontro, às 14 horas, no Auditório do Instituto de Artes da Unicamp. Aberto ao público, o seminário terá como mediador o professor Antonio Augusto Arantes, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e terá a participação de Maria Cecília Londres, assessora do Ministério da Cultura; Célia Corsini, diretora do Departamento de Identificação e Documentação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Letícia Costa Rodrigues Vianna, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (Funarte); e de Eliomar Mazocco, presidente da Comissão Espírito Santense de Folclore. Um dos temas a serem abordados é o novo Decreto sobre Bens Culturais de Natureza Imaterial, no qual se inclui o folclore.

Após o seminário, as guardas de Congo, Moçambique e o Reino Coroado dos Arturos, de Contagem (MG), erguem mastros em homenagem a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Divino Espírito Santo. O Ticumbi, de Conceição da Barra (ES), apresenta auto popular em louvor a São Benedito. Na manifestação, eles realizam a luta entre reis de banda e reis de congo. A programação se encerra com a apresentação dos Batuqueiros de Tietê e do grupo Fandango de Tamanco, de um quilombo da região de Iguape/SP

Dia 12, assim como acontece em Contagem, quem quiser acompanhar os Arturos terá de despertar tão cedo quanto seus integrantes. De acordo com as explanações de Avelino Bezerra, integrante nos rituais da comunidade dos Arturos, a Matina, manifestação tradicional, começa às 5 horas, com cortejo ao toque dos tambores, com cantos e danças durante a caminhada à capela, onde rezam e pedem bênção para todos. Às 10 horas, todos os grupos convidados se concentram no Lake House para acompanhar a procissão de São Benedito e o Cortejo de Cavaleiros até o Lago do Parque Ecológico, onde assistirão ao encontro das canoas e recepcionarão a Irmandade do Divino, que trará a imagem de Nossa Senhora do Rosário. A procissão segue do lago para onde será celebrada a Missa Conga, que segue a liturgia da Igreja Católica, criando um diálogo entre a liturgia da Igreja e a religiosidade popular. Em seguida, o anfitrião da festa deste ano, professor Mohamed Habib , coordenador da Cori, convidará os foliões para cantar os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo. Em seguida, os integrantes cantam e pedem almoço aos donos da casa. A alimentação, que teve todos os ingredientes doados pela rede Carrefour, será providenciada pelas cozinheiras dos grupos e por voluntários da comunidade universitária e de Barão Geraldo.

Ainda no dia 12, os grupos Ticumbi, de Conceição da Barra (ES), Folia de Reis de Campinas, Leme e São Luiz do Paraitinga(SP) apresentam o ciclo natalino, rememorando a viagem dos três reis do Oriente a Belém. A festa segue com a apresentação de quatro ternos de congo de Atibaia, dividindo espaço com os Caiapós de São José do Rio Pardo, o Fandango de Tamanco, de Ribeirão Grande, em uma festa que se estenderá até as 17 horas.

Grande parte das manifestações culturais acontecem uma, duas, ou até várias vezes ao ano. Algumas acontecem em família, como é o caso dos Arturos, um agrupamento familiar de negros que habitam uma propriedade de terra particular em Contagem (MG). Unido aos Arturos há sete anos, Avelino Bezerra, idealizador e coordenador-geral do evento, garante que o grupo é reconhecido internacionalmente, recebendo visitas de pesquisadores e religiosos de diversas partes do mundo.

O encontro com o folclore já teve a participação de personalidades de Campinas e região. Segundo Bezerra, em edições anteriores, a Unicamp convidou pessoas que são “portadoras” do “saber popular” da região de Campinas, como Lídia Camargo, conhecida por zelar há anos pelo túmulo do Antoninho escravo do Barão Geraldo de Resende, que participou da procissão em 1997 carregando o mastro de Nossa Senhora da Aparecida. Paulo Betti, que receberia a coroa de Rei Festeiro no 7º Encontro, mas não poderá estar presente por estar em cartaz no Rio de Janeiro, marcou presença no ano de l995, quando conduziu a bandeira de São Benedito, seu santo de devoção. Ele será coroado em Contagem e já convidou os Arturos a participar de seu filme. A expectativa, segundo Avelino Bezerra, é de que a comunidade participe da festa e que o encontro consiga ampliar a discussão sobre folclore, que, segundo palavras de Luís Câmara Cascudo, se explica por ser uma “fonte inesgotável de conhecimento”.

Bezerra espera que o evento obtenha o mesmo êxito que os cursos direcionados aos educadores da região.” É um privilégio para a nossa Cidade receber esses grupos populares que são patrimônio Cultural da Humanidade”, reforça. O 7º Encontro com o Folclore é realizado em parceria com o Instituto de Artes e a Secretaria de Educação de Campinas e, segundo Bezerra, “com a dedicação da equipe da Cori”.

 

 
 
 

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