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PREFEITURA

 

A praça do Ciclo Básico revitalizada

Raquel do Carmo Santos

Já faz tempo que o chafariz deixou de escorrer
água sobre as pedras, enchendo os olhos de
quem passava pelo local. Desde sua construção na década de 70, a praça do Ciclo Básico – uma das últimas realizações do professor Zeferino Vaz – é um dos cartões postais do campus da Unicamp e espelha inclusive o logotipo da Universidade. Agora, parte dessa memória começa a ser restaurada, com a revitalização da praça pela Prefeitura Universitária. A reinauguração acontece no próximo dia 18 (quinta-feira), às 11 horas.

“A idéia é resgatar o plano diretor inicial por todo o campus”, informa o prefeito Orlando Fontes Lima Júnior. Ele explica que a Unicamp, aos 35 anos, apresenta necessidade de reformas em parte das edificações, do sistema viário e das praças. Por isso, buscou-se, a partir dos originais do plano diretor, um projeto que revitalizasse essas áreas. “Entende-se por revitalização não apenas a reforma e a recuperação, mas também a ampliação dos usos e a alteração do perfil, entre outros itens”, esclarece.

O projeto geral engloba três grandes vertentes. A primeira contempla as áreas verdes do campus, estando planejado e realizados o plantio de grama e espécies arbóreas em diversos pontos. Um segundo aspecto é a preocupação com o mobiliário e equipamentos urbanos: o espelho d´água do Ciclo Básico e a colocação de lixeiras e bancos se encaixam justamente nesse item. E a terceira vertente, cuja proposta foi concluída recen-temente, é o plano de orientação de tráfego, com a instalação de pontos de ônibus e de placas de sinalização para facilitar a circulação de veículos e pessoas.

“Com a convergência dessas três vertentes, espera-se resgatar as concepções originais do campus”, afirma Lima Júnior. Segundo o prefeito, uma das características mais atraentes deste projeto é que ele foi concebido dentro de conceitos modernos de gestão de instalações. Ele explica que o embasamento técnico e metodológico é um dos pontos mais instigantes, além, é claro, de resgatar a história e trazer à tona a discussão de aspectos do plano diretor que podem ser mantidos.

Praça do Básico – Num primeiro momento, pensou-se em um projeto de revitalização na área da avenida Bertrand Russel (próximo à agência do Banco do Brasil, Correios, etc.). Mas Tânia Denize Almeida, idealizadora do projeto, afirma que em pesquisa realizada junto à comunidade – professores, alunos e funcionários –, a grande maioria apontou a necessidade de se revitalizar a praça do Básico. “É um local onde as grandes áreas da Unicamp se convergem, além de servir ao lazer e convivência”, lembra Tânia. A pesquisa ouviu 400 pessoas, proporcionalmente a categoria.

A consulta indicou ainda que deveriam ser colocados bancos, iluminação, lixeiras, be-bedouros, bicicletário e outros equipamentos úteis na praça. “Tudo respeitando as cores, sem agredir a harmonia local”. A grande decepção foi a falta de condições de recuperar a função original do chafariz por problemas estruturais. Por isso, como paliativo, se colocou aeradores que possibilitem a oxigenação da água e, assim, mantê-la limpa.

Até o momento já foram refeitos as guias e o replantio de grama. O Teatro de Arena ganhou pintura interna, lavagem e recuperação das laterais. As pichações foram mantidas por se entender que elas contam parte da história da Universidade. O próximo passo, de acordo com Tânia, serão as campanhas de conscientização para manter a praça limpa e em condições de utilização. “Vamos pedir a colaboração da comunidade, pois o intuito é melhorar a qualidade de vida no campus”.

Parceria – Os recursos para as obras vieram do Programa Universidades do Banco Banespa/Santander. Tânia acha que o maior desafio foi a elaboração do projeto como um todo. Há 15 anos ela presta serviços no Restaurante Universitário e atuar em uma área diferente lhe foi gratificante e provocador. Em 2000 ela iniciou o curso de Formação para Black Belt no Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica (Imecc), coordenado pelo professor Ademir Petenate, o que lhe trouxe excelentes subsídios para desenvolver o projeto de revitalização. “Mais cedo ou mais tarde, sei que alguém faria o projeto de revitalização da praça. Fico feliz de ter sido eu a escolhida como facilitadora”.

 

ARTES PLÁSTICAS

 

Dos rabiscos à arte em crayon

Ainda criança vivia rabiscando cadernos e paredes, delineando os primeiros desenhos, as primeiras gravuras. Talvez não imaginasse que um dia se tornaria artista plástico. Ao mesmo tempo em que cultivava o prazer por traços, escolhia um outro caminho, não como simples hobby, mas como profissão: a medicina.

Na terça-feira, dia 9, o otorrinolaringologista Jorge Rizzatto Pachoal, que assina J. R. Paschoal, abriu uma exposição de 28 telas no saguão da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e que o público poderá conferir até o final de abril. A mostra inaugura o espaço cultural da FCM.

A maioria das peças de J. R. Paschoal é constituída de figuras humanas, predominando a mulher. Há também grandes florestas, densas. Outras mostram paisagens fechadas, onde aparecem largos espaços vazios como se fossem feitos para se caminhar. Segundo o médico, ali estão expostas algumas obras feitas há mais de duas décadas, ao lado de trabalhos recentes. A técnica é crayon, com a qual explora imagens semelhantes às de pessoas de seu próprio convívio, familiares, o ambiente e outros universos.

O médico afirma que não precisa muito para idealizar uma peça. “Basta um pedaço de papel em branco, lápis e uma prancheta. Depois, vou enfrentado o desafio, pensando nos detalhes das formas, do foco que desejo desenvolver”. Revela que muitos de seus trabalhos acabam surgindo do nada. Sem saber ao certo o que desenhar, de repente se vê diante de um novo desenho, se não em fase final, pelo menos um início.

Enquanto médico, J. R. Paschoal leva uma vida sempre muito corrida – pacientes do consultório particular, atendimento no hospital – e tudo toma muito tempo. Ao passo que o ritmo do artista plástico é bem mais tranqüilo, sem pressa. “Embora faça as duas coisas com prazer, a pintura para mim é apenas um hobby, ao contrário da medicina, que pratico com mais disciplina, dedicação e profissionalismo”, revela o médico. “Ambas as atividades exigem sensibilidade acurada. E o resultado final é o que me preenche espiritualmente”, finaliza.