Em 2004, a Agência de Inovação da Unicamp (Inova) lançou, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Programa de Investigação Tecnológica (PIT), por meio do qual verificou o potencial de mercado de 60 tecnologias desenvolvidas por docentes e pesquisadores da Universidade. A experiência foi tão positiva que está ganhando uma segunda versão, mais abrangente. Desta feita, a empreitada contará com a participação de quatro novas parceiras: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O objetivo é analisar, no prazo de dois anos, outras 120 tecnologias concebidas pelas cinco instituições, compreendendo várias áreas do conhecimento. Ao final do trabalho, a expectativa é comercializar o maior número possível dessas tecnologias com potencial de inovação.
A nova versão do programa, agora batizado de PIT-SP, está sendo coordenada pela Unicamp e contará com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), organismo vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O investimento será da ordem de R$ 2 milhões. De acordo com o diretor executivo da Inova, Roberto Lotufo, esta segunda edição servirá para aprimorar e consolidar a metodologia adotada durante a primeira experiência de investigação tecnológica. As tecnologias serão analisadas sob o ponto de vista técnico, econômico e da sua capacidade de inserção na sociedade.
Embora a principal meta deste trabalho seja a transformação dessas inovações em produtos, processos e serviços que tragam benefícios à população, ela não é única. Duas outras conseqüências esperadas são a difusão do processo de inovação e a expansão da cultura de proteção da propriedade intelectual, tanto junto aos pesquisadores quanto em relação à sociedade como um todo. O trabalho de investigação tecnológica envolve quatro conceitos. O primeiro deles diz respeito à avaliação técnica do projeto. A atividade consiste em caracterizar a tecnologia, mapear o seu processo produtivo e averiguar a existência de técnicas similares. Em seguida, parte-se para a prova de conceito. Nessa fase, procura-se conferir se a tecnologia possui as características demandadas pelo mercado.
A terceira etapa compreende a análise do mercado no qual a tecnologia se insere. Nesse momento, estuda-se como o produto, processo ou serviço pode ser incluído na cadeia produtiva, se ele atende às exigências da legislação e quais são as parcerias e modelos de negócio possíveis. O quarto e último conceito está ligado à avaliação da viabilidade econômica, bem como à projeção do tempo de desenvolvimento, dos custos operacionais e dos riscos de operação. A definição desses parâmetros é fundamental para o esforço de comercialização dessas tecnologias.
Todo esse trabalho será executado por agentes capacitados por meio de cursos de formação técnica em investigação tecnológica. Estes normalmente são alunos de graduação e pós-graduação, envolvidos de alguma forma com atividades relacionadas ao empreendedorismo, gestão da inovação e empresas juniores. Todo o processo de investigação será supervisionado por coordenadores indicados pelas instituições científicas e tecnológicas. Ao longo dessa espécie de “inquérito tecnológico”, os agentes promoverão visitas aos laboratórios, entrevistarão os pesquisadores e verificarão o estágio de consolidação do grupo de pesquisa, entre outras providências.
Ao final de cada investigação, que dura geralmente dois meses, será elaborado um relatório estratégico que orientará os potenciais interessados no licenciamento das tecnologias. As projeções indicam que será preciso contratar de 60 a 80 agentes para dar conta dessa tarefa. Formalmente, o PIT-SP já está em andamento. Os representantes das instituições envolvidas no programa passaram três meses analisando a metodologia empregada na investigação tecnológica. O método entusiasmou os especialistas. Atualmente, USP e Unicamp já selecionaram os alunos que integrarão o programa. Eles já passaram por um primeiro treinamento e estão em fase de contratação. O passo seguinte será definir as tecnologias.
A distribuição das tecnologias entre as instituições é a seguinte: 35 para a USP, 35 para a Unicamp, 20 para o IPT, 20 para o Ipen e 10 para a Unesp. Cada participante do PIT-SP está num estágio diferente, o que gera expectativas distintas por parte delas. “Entretanto, o programa conta com um conselho de orientação, constituído por representantes das cinco instituições, que certamente conferirá isenção à escolha e saberá promover o devido equilíbrio em relação à produção de cada uma delas”, pondera o dirigente da Inova. Essa ação cooperada, no entender dele, tornará o processo ainda mais rico para todos os envolvidos.
Concluída a investigação tecnológica, o desafio seguinte será buscar no setor produtivo quem esteja disposto a investir nas tecnologias mais promissoras. O Brasil está engatinhando nessa área. Ainda há no país um descompasso entre a atividade de pesquisa e a de inovação. Segundo alguns dados disponíveis, apenas 27% dos pesquisadores brasileiros estão atuando nas empresas, enquanto outros 65% estão trabalhando nas universidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 80% dos pesquisadores estão desempenhando suas atividades no setor produtivo, desenvolvendo inovações.
Caderno Os resultados da primeira versão do Programa de Investigação Tecnológica (PIT), desenvolvida em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e que contou com investimento de R$ 360 mil, ainda estão sendo analisados. Várias tecnologias, porém, foram consideradas altamente promissoras no que toca à sua colocação no mercado. Atualmente, a Inova está em conversação com o Sebrae, para definir a viabilidade da publicação de um caderno contendo detalhes sobre as 60 inovações investigadas. A medida deverá ajudar a esclarecer os possíveis interessados, facilitando assim a comercialização dos produtos, processos ou serviços inovativos.
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