Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDFCampinas, 25 de fevereiro de 2013 a 03 de março de 2013 – ANO 2013 – Nº 551
ENSINO
Qual o seu projeto para o ensino de graduação?
Edgar Salvadori De Decca – Queremos que a Unicamp volte a liderar as inovações no ensino superior. Priorizar valores, princípios e conteúdos da formação geral para entender que “os tempos estão mudando” rapidamente, exigindo novos profissionais-cidadãos com visão ampla e integrada dos problemas humanos, e preparados para encarar os desafios deste novo século. Partindo de um modelo mais atualizado, vamos restaurar a proposta de formação multidisciplinar que está em nossas origens, quando a Unicamp surpreendeu a cultura acadêmica nacional. Será nesse mesmo espírito que planejamos um núcleo educacional na Estação Guanabara.
A graduação implica em milhares de estudantes com demandas muito específicas, pois apenas ela mantém cursos noturnos. Está no nosso programa a ideia de um completo reordenamento das condições deste período letivo, com a reunião de todos os cursos no prédio do Básico, independentemente de Unidade. Será uma Cidadela Universitária do Noturno, com uma biblioteca básica, atividades artísticas, cantina, etc., dando àqueles que estudam e trabalham à noite condições adequadas de sociabilidade. Vivemos um período com possibilidades inéditas para que os alunos façam estágios em universidades no exterior, com resultados excelentes em termos de alargamentos dos horizontes culturais. Este é um caminho a ser explorado ao máximo.
A questão das cotas trará um novo desafio para a Universidade, pois recairá sobre ela, ao lado da sua atividade fundamental de ensino, pesquisa e serviço, a função de indenizar milhares de jovens dos efeitos da brutal desigualdade social brasileira. A universidade recebeu a função de solucionar os problemas de ineficiência do ensino fundamental e médio, que não foram resolvidos quando e onde deveriam tê-lo sido. Haverá um impacto sobre o trabalho acadêmico ainda por ser devidamente avaliado.
Vamos enfrentar esses desafios de braços abertos, elaborando uma estratégia de maior inserção social através da graduação, incluindo uma ampliação do programa de moradia, dada a elevada participação de jovens pertencentes a famílias de menor renda.
Inclusão social e étnica com qualidade, eis um desafio e compromisso que não poderá, entretanto, ser definido por entidades externas à Unicamp, governamentais ou não, para suprir interesses eleitorais ou outros. O Conselho Universitário é nossa instância soberana máxima para definir a estratégia para chegarmos a 50% de nossas vagas de graduação preenchidas por alunos oriundos da escola pública. Sem essa ação transformadora toda inclusão será apenas panaceia de efeito fugaz.
José Cláudio Geromel – É na graduação que se deve começar a construir uma sólida formação técnica e humanística dos nossos alunos, que farão a diferença na condução do futuro do país. É nela que se formarão os mais importantes pesquisadores. Eis o que propomos: a) Aumentar progressivamente o número de vagas docentes para que o ensino possa recuperar qualidade e dinamismo. As unidades de ensino e pesquisa, em conjunto com a Comissão de Vagas Docentes, definirão um projeto de expansão da Universidade com a adoção de critérios transparentes a serem discutidos nas suas instâncias competentes; b) Melhorar as condições de vida dos alunos, particularmente dos de menor poder aquisitivo de maneira a que tenham garantidas condições de moradia, transporte, alimentação e cultura. Uma estratégia de ampliação do número de bolsas para a graduação se impõe; c) Melhorar a infraestrutura das salas de aula pela proposição de um projeto básico a ser implementado em todas as unidades de ensino, com o objetivo de aumentar o conforto e qualidade de trabalho para alunos e professores; e d) Dinamizar a compra de livros. Melhorar os ambientes comuns e de estudo de nossas bibliotecas. Aportar recursos para que as unidades de ensino aprimorem seus laboratórios.
Entendemos que o papel da Reitoria no que diz respeito ao ensino é de oferecer total apoio às decisões emanadas das unidades da Universidade. Um cronograma de atendimento dos seus pleitos será estabelecido com seus diretores. Neste sentido, o apoio às atividades de ensino de graduação será tratado com prioridade orçamentária e de gestão. O foco central será de articular conhecimento e inovação.
José Tadeu Jorge – O projeto para a graduação envolve um conjunto de ações que começam no ingresso na Universidade e passam pelo aumento de vagas, qualidade do ensino, relações entre ensino e pesquisa e a permanência do aluno na Universidade.
A Unicamp deve contribuir de modo decisivo no debate nacional sobre as formas de acesso à Universidade. Isso deve ser feito de maneira a não só encontrar o seu modo de tratar a questão, mas também de traçar o melhor caminho para abrir a Universidade cada vez mais. É necessário buscar novos modos de acesso, sempre mantendo a qualidade da formação. Para isso contamos com a experiência bastante consolidada da Comvest e com os resultados já obtidos com o PAAIS (Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social) e o ProFIS (Programa de Formação Interdisciplinar), que muito podem contribuir nesse debate.
Vamos manter o PAAIS, abrindo uma discussão sobre como adequá-lo às novas condições da sociedade e buscando relacioná-lo com a nova política de inclusão social do Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista). Queremos promover amplo debate sobre o Pimesp na Unicamp. Faremos uma avaliação dos resultados do ProFIS para definir ações mais efetivas de acesso à Universidade.
Nos últimos quatro anos a Unicamp, diferentemente do que vinha fazendo em períodos anteriores, deixou de investir no aumento de vagas no vestibular. É necessário retomar as ações para aumentar as vagas nos cursos de graduação, articulando estas ações ao compromisso do aumento de número de docentes, sem o que a qualidade estará comprometida.
Nosso projeto prevê ainda ações de revisão das atuais estruturas curriculares, visando maior flexibilização e a interdisciplinaridade, assim como incentivo às atividades de ensino à distância, e de mudanças na avaliação dos alunos e dos docentes na graduação. Finalmente, propomos a ampliação das ações de apoio e de bolsas destinadas aos estudantes oriundos de famílias com menor nível de renda.
Mario José Abdalla Saad – Graduação é o principal foco de nosso programa. A expansão de vagas, o compromisso científico, cultural e social com as propostas de educação inclusiva, a indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, e o aprimoramento contínuo dos cursos de graduação são imprescindíveis para oferecer uma formação arrojada, dinâmica, inovadora e socialmente responsável. A valorização da graduação passa também pelo estabelecimento de uma política consistente de abertura de concursos para a substituição de docentes aposentados e pelo oferecimento de apoio técnico-pedagógico para unidades e cursos que desejem promover reestruturações curriculares e qualificação continuada.
É igualmente importante apoiar ideias e projetos educacionais que tenham impactos significativos na aprendizagem, consolidando instrumentos de avaliação que forneçam dados e inspirem a reflexão permanente sobre os rumos da graduação, bem como dar especial atenção aos cursos de licenciatura destinados à formação de professores da educação básica, apoiando diversas ações que potencializem a relação Universidade-escola.
Nossa gestão trabalhará sempre pela melhoria da infraestrutura, garantindo recursos financeiros para que os cursos de graduação, diurnos e noturnos, disponham das condições necessárias, em consonância com seu crescimento e modernização.
Coerentemente com nossos princípios gerais, a valorização do docente deve ocupar lugar de destaque na prática e na avaliação de atividades.
Docentes motivados, cursos com infraestrutura adequada, propostas curriculares inseridas nas necessidades do mundo contemporâneo, formação cultural e científica ampla e estudantes identificados com seus cursos são condições para a excelência dos cursos de graduação.
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