Edição nº 563

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 03 de junho de 2013 a 09 de junho de 2013 – ANO 2013 – Nº 563

Estudo investiga uso de células-tronco
na terapia de lesão na medula cervical

Modelo, que transplantou células mesenquimais humanas
em ratos, obteve resultados promissores

No Brasil, parte das vítimas que sobrevivem a acidentes com motocicletas apresenta graves lesões, várias delas incapacitantes. Entre os traumas mais importantes está a avulsão de plexo braquial, resultante de amplo afastamento do pescoço e ombro, situação que provoca o rompimento de raízes nervosas da medula cervical e, consequentemente, paralisia e perda de sensibilidade do membro superior do lado lesionado. Até aqui, não há tratamento que faça com que o paciente recupere, de forma ampla, as funções perdidas. Uma esperança de tratamento para pessoas com esse quadro é a terapia celular, cujos estudos ainda estão em fase inicial em todo o mundo. Um deles, que gerou resultados promissores, foi desenvolvido pelo biólogo Thiago Borsoi Ribeiro para a sua tese de doutorado, defendida recentemente na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Ele transplantou células-tronco mesenquimais humanas em ratos, e constatou que estas têm a capacidade de promover o resgate dos neurônios que sofreram a lesão.

A pesquisa de Ribeiro foi orientada pela professora Sara Teresinha Olalla Saad, que responde também pela coordenação do Hemocentro, e contou com o apoio do professor Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira, que comanda o Laboratório de Regeneração Nervosa do Instituto de Biologia (IB). O autor do trabalho utilizou um modelo experimental no qual é simulada a avulsão de plexo branquial em ratos. Os animais receberam, posteriormente à injúria, células-tronco mesenquimais humanas, obtidas de tecido adiposo, que foram doados por pacientes submetidos a lipoaspiração no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Esse tipo de transplante entre espécies diferentes é denominado de xenotransplate.

Conforme o autor da tese, as células-tronco mesenquimais têm a capacidade de se diferenciar em algumas linhagens celulares e de liberar fatores que atuam tanto nas células adjacentes quanto naquelas localizadas um pouco mais distantes. “A célula mesenquimal tem a propriedade de atuar no microambiente da injúria. Ela migra para a área da lesão e ajuda a proteger os neurônios”, explica o biólogo. Ao implantar as células humanas em ratos, Ribeiro constatou, ao final de duas semanas, que a sobrevida neuronal foi de 70%. “A nossa preocupação era exatamente verificar se as células iriam sobreviver por um tempo adequado. Dito de outra maneira, nós queríamos saber se elas conseguiriam ‘driblar’ o sistema imune dos animais. O fato de terem sobrevivido duas semanas após o transplante, numa boa proporção, constitui um resultado muito positivo”, avalia o professor Oliveira.

De acordo com ele, transcorridos 14 dias, as células mesenquimais foram encontradas no ponto da aplicação, nas proximidades dos neurônios e mais profundamente na medula. “Embora o estudo represente um primeiro passo nesse tipo de abordagem, ele abre perspectivas para que, no futuro, a terapia celular possa ser empregada no tratamento de pessoas que sofreram avulsão de plexo braquial. Evidentemente, ainda vai demorar algum tempo até que as pesquisas avancem e cheguem à fase clínica”, pondera o docente do IB. De todo modo, acrescenta o autor da tese, investigações como esta são fundamentais para entender como proceder e como garantir segurança no caso de uma possível aplicação da terapia celular em seres humanos.

Em relação ao trauma analisado, o professor Oliveira destaca que ele ocorre próximo do sistema nervoso central, o que causa degeneração ampla principalmente dos neurônios motores, mas também dos sensitivos. “Desse modo, as estratégias de reparo ficam prejudicadas. Mesmo que se consiga fazer a reconexão dos nervos rompidos, muitos neurônios acabam morrendo. Nesse quadro, o ganho de função do paciente é muito pequeno. Uma alternativa de abordagem é a terapia celular. A estratégia, assim, é evitar a morte neuronal num período crítico após a lesão, de modo a melhorar as condições para uma cirurgia de reparo das raízes”, detalha.

O trabalho de Ribeiro não contemplou a questão da reparação. Como dito, ele avaliou somente a sobrevivência neuronal. Entretanto, o laboratório coordenado pelo professor Oliveira tem desenvolvido outros estudos relacionados à regeneração nervosa. Em um deles, uma orientanda do docente, a doutoranda Roberta Barbizan, promoveu, também em modelo animal, o reimplante das raízes motoras, usando para isso uma cola de fibrina, que deriva do veneno da cascavel. Após o procedimento, os ratos apresentaram importante melhora na função motora. “Embora diferentes, os dois estudos se complementam. Por meio deles, demonstramos que é possível ampliar a sobrevivência neuronal e reimplantar as raízes. São passos iniciais, mas importantes nessa área do conhecimento”, pondera.


Ganho limitado

Atualmente, destaca o docente do IB, pacientes submetidos a cirurgias de reparo de plexo levam entre um ano e meio e dois anos para apresentar algum ganho funcional, mesmo assim de forma muito limitada. “Claro que, nessa situação, qualquer ganho é positivo para a pessoa. Entretanto, esse avanço se restringe normalmente a bíceps e tríceps. Nada que atinja significativamente antebraço e mão. Boa parte das funções do membro continua comprometida”, pormenoriza. A perspectiva que começa a se abrir para superar esses entraves, reforça o autor da tese, é o emprego da terapia celular. “Uma rota a ser seguida, por exemplo, é fazer uma manipulação genética para superexpressar uma molécula de interesse, e assim melhorar ainda mais o efeito neuroprotetor das células-tronco”, cogita Ribeiro.

O biólogo afirma que, até onde tem conhecimento, há pouquíssima literatura disponível sobre pesquisas envolvendo terapia celular e avulsão de plexo braquial. “Os grupos que investigam a possibilidade de reparo medular também são reduzidos. Isso ocorre por alguns fatores, entre eles a dificuldade de se fazer a reparação, que envolve microcirurgia. No contexto da terapia celular para lesões, a maioria dos pesquisadores concentra esforços em traumas amplos, como o esmagamento da medula. No modelo específico que nós investigamos, os estudos ainda são bem iniciais. O nosso deve ser o quarto ou quinto trabalho publicado com esse tipo de modelo”, relata o autor da tese.

Tanto orientador quanto orientado concordam que uma pesquisa como a desenvolvida por Ribeiro dificilmente poderia ser executada sem que se tivesse uma abordagem multidisciplinar. “A soma de conhecimentos e competências é fundamental para que uma empreitada com essas características gere resultados. Nós unimos a expertise do Thiago na área de extração, purificação e caracterização de células-tronco humanas com a experiência do nosso laboratório em estratégias de reparo em modelo animal. Além disso, a pesquisa também contou com a orientação fundamental da professora Sara e com o apoio da área de cirurgia plástica do HC e da professora Ângela Luzo [responsável técnica pelo Banco de Sangue de Cordão Umbilical do Hemocentro]. Sem esse tipo de colaboração, nada do que fizemos teria sido possível”, entende o professor Oliveira.

Por fim, lembra o docente do IB, trabalhos como o realizado por Ribeiro fazem parte de dissertações e teses, que não somente contribuem para ampliar o conhecimento científico, mas também para formar recursos humanos altamente qualificados. “A Unicamp sempre teve a preocupação de formar profissionais em áreas de ponta. Quando saem daqui, eles vão trabalhar em destacadas empresas e universidades espalhadas pelo Brasil. Eu mesmo tenho ex-alunos que hoje são professores em diferentes instituições, onde também estão nucleando novos pesquisadores”, registra. A pesquisa desenvolvida por Ribeiro contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Publicação
Tese: “Transplante xenográfico de células mesenquimais de tecido adiposo humano em modelo de lesão da raiz ventral da medula espinhal de rato”
Autor: Thiago Ribeiro
Orientadora: Sara Teresinha Olalla Saad
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
Financiamento: Fapesp e CNPq

Comentários

Comentário: 

Dr. Thiago Ribeiro: bom dia, estava lendo sua tese que voce defende, a minha esposa com 50 anos de idade o medico em uma cirurgia de ernia de disco, cortou a medula dela, portanto ela ficou tetraplegica se move apenas com a cabeça e agora com fisioterapia normal movimenta o antebraço e o ombra, mas os dedos das mãos estão ficando todos encolhidos, devido ela não mover do pulso para baixo, eu acho que ela está perdendo os neuronios, porque esta ficando esquecida, queria ver se poderia me ajudar moro no rio grande do sul, na cidade de Camaquã, cep. 96180.000, e se " DEUS " quiser ele vai dar muita força e capacidade para vocês salvarem vidas, que ilumine os caminos de vocês e suas familias. um abraço Omar.

omar.dasilvabarreto@yahoo.com.br

Comentário: 

Na retirada de uma ernia de disco, o médico cortou a medula daminha esposa e deixou ela tetraplegica, perdeu todos os movimentos das mão e das pernas. obrigado. que ¨DEUS ¨abençõe voc~es médicos a descoberta para a cura, porque está muito dificil para nós familiares.

Comentário: 

Estou muito contente por alguém ter o foco neste assunto tão complexo e pouco estudado.
Sofri acidente de moto dia 16/06/2013, neste acidente tive a avulsão do plexo braquial do braço esquerdo, baseado em seu estudos, gostaria de ser voluntário para testes, assim que sua pesquisa chegar nesta fase.
fone para contato: (11) 96433-6356.

Comando-tatico@hotmail.com

Comentário: 

Estou muito contente por alguém ter o foco neste assunto tão complexo e pouco estudado.
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fone para contato: (11) 96433-6356.

lcn_gomes@hotmail.com

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comando-tatico@hotmail.com

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Estou muito contente por alguém ter o foco neste assunto tão complexo e pouco estudado.
Sofri acidente de moto dia 16/06/2013, neste acidente tive a avulsão do plexo braquial do braço esquerdo, baseado em seu estudos, gostaria de ser voluntário para testes, assim que sua pesquisa chegar nesta fase.
fone para contato: (11) 96433-6356.

comando-tatico@hotmail.com

Comentário: 

Dr. Thiago Ribeiro li a sua tese e tbm. Fiquei muito feliz em Saber que ainda temos esperança de um dia poder voltar a andar , sofri um acidente de carro e fraturei a medula hj sou tretraplegico tenho muito enterese em poder algum dia participar das. Suas pesquisas .fone pra contato 11-985890291

Kinhoemiriam@hotmail.com

Comentário: 

Dr. Boa noite. Meu irmão sofreu um acidente de moto no dia 11/04/2014. E teve avulsao total do plexo braquial. Gostaria de saber se o dr poderia vê-lo e se precisar ele também pode participar de pesquisas. Obrigada.

jo.fabber@gmail.com

Comentário: 

Sofri lesão total do plexo braquial direito há dois anos. Vejo no uso das células tronco uma grande chance de podermos recuperar aquilo que um dia fomos. Me coloco a disposição para participar da pesquisa e gostaria que me mantivessem atualizados a cerca de novidades no avanço e sucesso da pesquisa!

guaracybjs@hotmail.com

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