Edição nº 563

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 03 de junho de 2013 a 09 de junho de 2013 – ANO 2013 – Nº 563

Pianistas do IA tornam-se mestres e doutores nos EUA


Os pianistas Maíra Cabral e Henrique Borges conheceram-se e estudaram juntos no Departamento de Música do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, durante a graduação, mas terão de se separar no mestrado, por um bom motivo, dentro de um mesmo país: Estados Unidos. Maíra será aluna do programa de mestrado da Ohio University, e Henrique, da Temple University. Mas o tempo passa rápido e quem sabe, em breve, sejam professores e pianistas ainda mais qualificados numa mesma cidade, aqui ou acolá.

Maíra e Borges repetem a história de muitos músicos graduados em música pela Unicamp. Dez desses músicos foram alunos de piano de Mauricy Martin, professor de piano no curso de graduação em música erudita da Unicamp, que também teve sua formação, da graduação ao doutorado, em universidades norte-americanas.

Em breve, eles irão confirmar as histórias contadas por Gabriel Rebolla e Guilherme Godoi, por exemplo, que passam férias em Campinas e apoiam os amigos nesta nova etapa da formação. “A diferença entre a Unicamp e Ohio é que o programa deles é voltado ao fazer artístico, ao conhecimento da área específica, no caso o piano. É preciso ser paciente para se acostumar com algumas diferenças, como a cultura, a maneira de se relacionar. Têm de se acostumar a chegar na hora e fazer tudo o que solicitam.”

De acordo com Mauricy, apesar da bagagem garantida na graduação, a seleção é feita a partir da performance de cada instrumentista, gravada e enviada à comissão julgadora das universidades. A aprovação, segundo Godoi, também depende de um recital, no qual a prática, aperfeiçoada durante o mestrado, é avaliada. Além do recital, os candidatos ao título de mestre ou doutorado são avaliados, em provas finais, pelos principais professores do curso, com questões relacionadas às principais disciplinas.

De acordo com Godoi, na Ohio University, as matérias são voltadas àquilo que o aluno pretende fazer como músico. “As matérias foram todas relacionadas com o que quero para o futuro. Quero ser professor, então fiz curso de pedagogia de piano, foi bem legal para expandir as ideias”, acrescenta Godoi. Segundo o pianista, a universidade exige maior nível de resultado e rapidez no retorno aos trabalhos solicitados. “Se você não entregar significa que está no lugar errado.”

É em busca desta exigência que Maíra cruzará as Américas para complementar sua formação. O encontro com músicos de nível mais elevado também está no conjunto de expectativas da pianista, que espera ampliar sua visão sobre o fazer artístico. A convivência com instrumentistas de diferentes lugares do mundo está entre os benefícios que uma pós-graduação nos Estados Unidos tem garantido a profissionais que já passaram pela experiência. A internacionalização em cursos de música norte-americanos é muito forte, segundo o professor. “Lá, terão de interagir com russos, chineses, alemães e certamente essa convivência os enriquecerá culturalmente. Também recebemos alunos de outros países.” Esta troca faz com que os pianistas tenham noção melhor em relação ao que fazem e como devem se colocar no mercado de trabalho, na opinião de Mauricy, que acredita que a educação, em grande parte, tem de preparar para mercado de trabalho.

Para Borges, é muito importante a postura das universidades norte-americanas de colocar a performance ao lado da pedagogia pianística. Segundo Martin, no Brasil, a pedagogia específica, focada em cada instrumento, ainda é incipiente, mas nos Estados Unidos existe há mais de 60 anos e forma instrumentistas e professores especialistas em garantir o aprendizado de piano a crianças e adultos. Ele alerta sobre a confusão entre pedagogia e licenciatura. “Uma é para garantir o ensino de música em escolas públicas, a outra (pedagogia) é para intensificar o ensino em determinado instrumento.” De acordo com Mauricy, a maioria dos profissionais que voltam do exterior compõe o quadro docente em cursos de graduação de universidades brasileiras. É o caso de Claudia Deltregia, hoje professora na Universidade de Santa Maria.

Maíra e Godoi tiveram contato com a música ainda na infância, o que os levou a buscar preparação para o vestibular da Unicamp. Já Borges, começou piano somente aos 14 anos, mas, por incentivo de seu professor, também foi aprovado no vestibular, mas revela: “Optei pela Unicamp por ter escolhido, o Mauricy, antes da inscrição, por indicação de meu professor no Guarujá. Todas as disciplinas são ricas, mas a relação com o professor de instrumento é muito importante”, arremata Borges.