Edição nº 628

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 15 de junho de 2015 a 21 de junho de 2015 – ANO 2015 – Nº 628

Telescópio


Sem hiato no 
aquecimento global

O chamado “hiato” do aquecimento global, uma queda na taxa de elevação das temperaturas do planeta registrada a partir de 1998, pode não ser um fenômeno real, mas resultado de um erro de medição, diz artigo publicado na revista Science.

O “hiato” foi registrado no relatório do Comitê Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC) publicado em 2013, que afirma que a temperatura global na superfície “mostrou uma elevação muito menor nos últimos 15 anos [1998-2012] do que nos 30 a 60 anos anteriores”. 

O trabalho agora publicado na Science, baseado em novos dados da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos, atribui a percepção do hiato a vieses observacionais e erros de medição, incluindo uma cobertura inadequada nas mudanças no Ártico. A NOAA também aplicou, recentemente, uma correção a suas informações sobre a temperatura dos oceanos. 

Levando-se todos os erros e dados incompletos em consideração, dizem os autores, a temperatura global subiu a uma taxa de 0,116º C por década no período de 2000 a 2014, em comparação com a taxa de 0,113º C apurada entre 1950 e 1990. Com isso, a suposta desaceleração do aquecimento global revela-se uma ilusão.

 

Rede de eletrodos é injetada, em meio aquoso, por agulha  de vidro com diâmetro de menos de 100 micrômetros

Rede eletrônica
injetável

Pesquisadores da China e dos Estados Unidos anunciam, no periódico Nature Nanotechnology, a criação de uma malha de eletrodos que pode ser injetada, em tecido vivo, com uma agulha de 0,1 mm de diâmetro. 

Testes realizados pelos autores em materiais de laboratório e no cérebro de camundongos mostram que, uma vez injetada, a malha, que tem área de alguns centímetros quadrados e espessura de menos de um milímetro, é capaz de se desenrolar, assumir uma configuração tridimensional e operar como componente eletrônico funcional. 

A aplicação no cérebro dos animais não gerou resposta imunológica, e a rede foi capaz de formar conexões com os neurônios dos animais, diz o artigo. A rede ainda pôde ser usada para monitorar a atividade de uma região do cérebro dos camundongos sem prejudicar os tecidos adjacentes.  

 

Criatividade
e psicose

Artigo publicado no periódico Nature Neuroscience sugere uma raiz genética comum para a criatividade artística e distúrbios como esquizofrenia e transtorno bipolar. Análises epidemiológicas anteriores já haviam revelado que pacientes esquizofrênicos e bipolares tendem a ter mais parentes envolvidos em “profissões criativas” do que a população em geral, mas o novo trabalho avaliou também marcadores genéticos específicos.

O estudo, de autoria de pesquisadores europeus e americanos, considerou como membros de “profissões criativas” indivíduos filiados a associações artísticas nacionais ou artistas profissionais. Levou em conta, ainda, estudos prévios que haviam levantado dados genéticos de mais de 150 mil pessoas. 

Os autores descobriram que as variações genéticas associadas a um risco elevado de distúrbios mentais, nesses trabalhos anteriores, também permitiam prever o mesmo risco numa população de controle, na Islândia. E essas mesmas variações também permitiam prever se islandeses mentalmente saudáveis seriam ou não membros de associações nacionais de músicos, dançarinos, atores, escritores ou artistas visuais.

No artigo, os autores escrevem que seu levantamento “sustenta que há influências genéticas diretas na criatividade, em oposição à ideia de que conviver num ambiente com indivíduos psicóticos estimula a aptidão criativa”. “A principal descoberta apresentada aqui é que a criatividade, conferida, ao menos em parte, por variantes genéticas comuns vem com um risco aumentado de distúrbios psiquiátricos, conferido pelas mesmas variações genéticas”.

 

Destruição de 
estrelas exiladas

Três supernovas descobertas entre 2008 e 2010 explodiram no espaço intergaláctico, depois de terem sido expulsas de suas galáxias de origem, diz estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, que será publicado no Astrophysical Journal.

A maioria das supernovas – nome dado a estrelas que explodem de modo violento, espalhando elementos químicos como carbono e oxigênio pelo Universo – se localiza no interior de galáxias, mas imagens do Telescópio Espacial Hubble permitiram determinar que as três supernovas eram estrelas solitárias, diz nota distribuída pela universidade.

De acordo com os autores da descoberta, a interação gravitacional de galáxias localizadas no interior de superaglomerados tende a arrancar cerca de 15% das estrelas de suas galáxias de origem. Essas estrelas permanecem ligadas aos superaglomerados, mas passam a residir fora das galáxias propriamente ditas.

 

Sangue de 
dinossauro

Paleontólogos descobriram, no interior de oito ossos fossilizados de dinossauros do período Cretáceo – datados de 75 milhões de anos atrás – vestígios do que podem ser células do sangue e de fibras de colágeno. 

Os autores, ligados ao University College London (UCL), descrevem a descoberta com cautela, referindo-se ao material encontrado como “estruturas supostamente biológicas”, mas especulam que a preservação desse tipo de estrutura, mesmo ao longo de escalas de tempo geológicas, “pode ser mais comum do que se imaginava”. 

Nota da Nature Coomunications, periódico que publica o trabalho, lembra que anúncios anteriores de descobertas do tipo envolveram fósseis muito mais bem preservados que os trabalhados pela equipe do UCL, e mostraram-se “controversos”.

 

Robô sul-coreano ganha 
prêmio do Pentágono

Um prêmio de US$ 2 milhões, oferecido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para a criação de um robô capaz de atuar em ambientes perigosos, foi conquistado pela equipe de robótica de uma universidade pública sul-coreana, informa o jornal The New York Times.

O robô do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST), chamado Hubo, tem forma humanoide e é capaz tanto de caminhar quanto de rodar: quando se ajoelha, um par de rodas entra em contato com o solo. O teste do Pentágono exigia que o robô realizasse oito tarefas – incluindo operar uma furadeira, abrir uma porta, subir escadas e guiar um veículo – em menos de uma hora.

 

Resultados genéticos
inesperados

Desde o início da década, existem exames de DNA que podem ser realizados com o sangue da gestante para detectar anomalias genéticas no feto. Um artigo de opinião publicado recentemente na revista Nature apontou para um resultado inesperado dessa tecnologia: a descoberta de problemas de saúde não dos fetos, mas das mães.

“Pais, obstetras e médicos têm sido pegos de surpresa”, escreve a autora, Diana Bianchi, da Universidade Tufts, nos EUA. “Os formulários de consentimento (...) raramente mencionam a possibilidade de descobertas sobre a saúde da mãe”. O artigo cita o caso de uma mulher que, após o exame sobre a genética do feto (que se mostrou saudável), foi encaminhada para uma triagem de câncer. 

“Há uma confusão considerável sobre como lidar com resultados incidentais”, diz Bianchi. “Administradas adequadamente, as descobertas incidentais que emergem de testes pré-natais podem acelerar tratamentos e salvar vidas, em vez de apenas aumentar a ansiedade de milhares de gestantes”.

 

Disco
voador

O “disco voador” da Nasa – na verdade, uma peça inflável, projetada para desacelerar naves espaciais enviadas a planetas de atmosfera tênue, como Marte – foi testado com sucesso, informa a agência espacial, embora o paraquedas especial supersônico, que deveria ter suavizado a descida, não tenha funcionado corretamente. 

O “disco”, chamado oficialmente de Low-Density Supersonic Decelerator (Desacelerador Supersônico de Baixa Densidade, ou LDSD) com massa de 3 toneladas e diâmetro de 4,7 metros, desceu no Oceano Pacífico, ao largo do Havaí.

 

‘Science’ publica especial
sobre empreendedorismo

A revista Science da última semana traz um caderno especial de artigos sobre ciência, empreendedorismo e inovação tecnológica. “Empreendedores são jardineiros que plantam inovação na economia”, diz editorial assinado por Iqbal Quadir, fundador do Centro Legatum de Desenvolvimento e Empreendedorismo do MIT. “O crescimento e o florescimento dessas inovações atraem abelhas – cientistas e engenheiros – e aumenta suas habilidades, impulsionando-os no caminho de novas técnicas, descobertas e carreiras”, o que pode levar a um “círculo virtuoso”. 

“Cientistas e engenheiros resolvem importantes problemas”, prossegue o editorial. “Mas são os empreendedores que identificam o que é importante, em termos de relevância para o público e de sustentabilidade econômica. Em países onde os recursos econômicos são limitados, são os jardineiros – focados no que deita raízes – que podem estimular, alimentar e direcionar as abelhas”.

Além da peça opinativa de Qadir, o caderno traz artigos sobre crowdfunding, sobre o perfil psicológico de fundadores de start-ups e sobre o mercado de bens “intangíveis”, como patentes, entre outros temas.