A Vice-Reitoria de Relações Internacionais (Vreri) recebeu, em 2015, 255 propostas para seu programa de editais, 29% a mais do que em 2014, e atendeu a 205 solicitações, ou 80% do total. Os editais da Vreri possibilitam que professores, alunos e funcionários da Unicamp ganhem experiência internacional, patrocinam a vinda de professores estrangeiros para a Universidade e a criação de cursos intensivos em inglês.

“Conseguimos fazer uma expansão em relação a 2014, que foi a primeira experiência”, disse ao Jornal da Unicamp o vice-reitor e titular da Vreri, Luis Augusto Cortez. “Ampliamos a chamada: agora são nove editais. Estamos tentando abranger toda a Universidade, sejam docentes, estudantes de graduação, de pós, os colégios técnicos. E também os funcionários, o que é uma novidade dentro da estratégia de procurar incentivar que as pessoas busquem um aprimoramento profissional no exterior”.

Cortez também destaca o esforço da vice-reitoria para aumentar a exposição à língua inglesa dentro da Unicamp. “Outra coisa que a gente está tentando fazer é aumentar as oportunidades com experiências em inglês aqui no campus. Estamos tentando promover cursos intensivos, trazendo professores estrangeiros”.

O vice-reitor declarou ainda que os editais referentes a 2016 devem ser lançados ainda neste ano, o que dará aos interessados mais tempo para trabalhar suas propostas. “Este ano o edital foi lançado em março, então realmente só deu para aproveitar o segundo semestre. Se as pessoas puderem mandar os pedidos ainda neste ano, poderemos implantar em fevereiro, março”, disse.

Cortez espera que o envolvimento das várias unidades da Universidade com o processo dos editais siga aumentando.  “Já houve um crescimento no número de pedidos e de propostas aprovadas. Vamos manter os recursos para 2016, e a ideia é que todas as unidades participem. Temos conversado com as coordenadorias de graduação e de pós-graduação, para sensibilizá-las e fazer com que esses editais alcancem a todos, em todas as faculdades. Abrimos, inclusive, o escritório da Reitoria em Limeira, e um dos objetivos disso é fazer com que exista mais interesse pela parte internacional”.

Em 2015, ele afirma ter percebido um crescimento “notável” no número de inscrições da área de saúde para os editais, e também nas humanidades. “Estou sentindo que a área de saúde, até pelo número de cursos aprovados, e de humanas, também, teve um crescimento muito grande”, disse. “Porque tradicionalmente são as áreas tecnológicas que têm mais contato e mais interações na parte internacional. Fiquei muito contente de ver humanas e medicina realmente muito bem colocadas neste ano”.

“Para nós, os editais são o principal mecanismo que temos de buscar a internacionalização da Universidade”, declarou.

EDITAIS

Foram oferecidas, em 2015, nove modalidades de editais: Cooperação Mundial, com o objetivo de enviar docentes e alunos – de graduação ou pós-graduação – para estadas de até 30 dias em universidades estrangeiras. Houve 59 contemplados, de 88 inscritos. Na modalidade Humanas sem Fronteiras foram abertos dois editais, um para enviar professores ao exterior para visitas técnicas de dez dias, e outro para alunos de graduação cursarem um semestre fora do país. Ao todo, houve 56 inscrições, todas aprovadas. Na linha Faepex Internacional, o objetivo era trazer estudantes de pós-graduação e professores estrangeiros para a Unicamp. Os estudantes fariam estágios de pesquisa e os professores seriam coorientadores de teses. Até o final de julho, havia oito inscrições, todas concedidas.

Na modalidade Intensive Course, o objetivo era financiar a vinda de professores estrangeiros para dar cursos de curta duração, em inglês, na Unicamp, tanto para docentes quanto para alunos e funcionários da Universidade. Até o final de julho havia oito inscrições, das quais sete foram atendidas. Em Cooperação China, abriu-se a oportunidade para que professores e estudantes – de graduação ou pós – fossem a universidades chinesas para promover atividades conjuntas. Houve 13 inscrições, todas contempladas. 

O edital Agropolis Internacional viabiliza o envio de professores e estudantes para instituições que pertençam ao Agropolis Montpellier, na França. O Agropolis é voltado para o desenvolvimento de agronegócios, e a Unicamp vem trabalhando para a instalação de um Agropolis em Campinas. Foram inscritos três professores e um aluno, todos contemplados – além de um funcionário, que também será enviado pelo programa. A modalidade Difusão do Conhecimento busca viabilizar a implantação de cursos de curta duração on-line, os chamados MOOCs. Foram apresentadas duas propostas, ambas contempladas.

O edital de Internacionalização dos Colégios Técnicos Professores e Estudantes tem a meta de enviar ao exterior docentes para criar parcerias que promovam a mobilidade de estudantes de nível secundário, acompanhados de estudantes que realizarão estágios acadêmicos, para inserir os colégios técnicos no processo de internacionalização. Foram contemplados três professores e 14 estudantes. Por fim, o edital de Mobilidade de Funcionários, criado para enviar funcionários técnico-administrativos para estadas de até 30 dias, realizando estágios fora do país, recebeu um total de 70 inscrições, das quais 38 foram contempladas.

REPERCUSSÕES 

“Vejo de forma muito positiva as iniciativas dos editais da Vreri. Especificamente no contexto em que estou envolvido, elas são essenciais para os planos de internacionalização da universidade, incluindo a possibilidade de aperfeiçoamento do pessoal e aumento da colaboração com instituições internacionais”, disse o pesquisador Joaquim Seabra, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), contemplado na modalidade Difusão do Conhecimento. 

“Não cheguei a criar um curso on-line inteiro, apenas participei de um módulo de um MOOC sobre Industrial Biotechnology, desenvolvido em parceria com a TUDelft, da Holanda. Fui responsável por uma aula de aproximadamente 10 minutos sobre a produção de etanol no Brasil. No meu caso, o apoio do edital é fundamental para o projeto. Os recursos para o desenvolvido dos vídeos de divulgação são provenientes essencialmente do edital da Vreri”, disse.

Graças ao edital Mobilidade de Funcionários Técnico-Administrativos, a bióloga Adriana Vinagre, funcionária da Faculdade de Ciências Médicas, realizou um estágio de um mês na Universidade de Lisboa, no Laboratório Genômica Funcional e Proteostase, para se familiarizar com técnicas de culturas de células para o estudo de fármacos para a cura da fibrose cística.

“A realização desse estágio na Universidade de Lisboa foi importante para o meu crescimento profissional”, disse ela. “Além de trazer para a Unicamp uma técnica de estudo avançada da fibrose cística, trouxe na bagagem uma experiência de vida importantíssima para o meu desenvolvimento como funcionária. O contato com os grandes cientistas europeus e seus projetos de pesquisa, com tudo o que é feito de novo na minha área de estudo, me trouxe um desenvolvimento pessoal e profissional importante”.