“Foi um tanto assustador ver a rapidez do pânico que se instaurou", diz o professor Marko Monteiro

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Professor Marko Monteiro: parceria será formalizada no segundo semestre
Professor Marko Monteiro: parceria com instituição norueguesa será formalizada no segundo semestre

O docente do Instituto de Geociências (IG) Marko Monteiro esteve no início de março em Bodo, na Noruega, por conta de um acordo assinado entre a Unicamp e a Nord University, que prevê a mobilidade de docentes e alunos de pós-graduação das duas instituições no contexto do programa Erasmus (European Region Action Scheme for the Mobility of University Students).

Além de conhecer iniciativas de ciência aberta que estão sendo desenvolvidas pela instituição norueguesa, Marko acertou detalhes da ida de um aluno da Unicamp por meio da bolsa de mobilidade já disponível. “Falamos sobre as possibilidades de outros alunos irem à Nord via projetos futuros, um dos quais já está sendo avaliado pela Comissão Europeia em um segundo projeto Erasmus liderado pelos docentes do Instituto de Geociências (IG) Aleix Altimiras e Janaína Costa, ambos do Departamento de Política Científica e Tecnológica do IG”, afirmou. Segundo o docente, há muitas outras possibilidades de trabalho, tanto em questões de transporte marítimo e logística quanto em temas ligados ao empreendedorismo e inovação para sustentabilidade.

O docente foi professor visitante da instituição norueguesa e, dentre suas atividades, lecionou uma aula em duas disciplinas de metodologia e ministrou duas palestras – uma presencial e outra virtual. Em uma das palestras, abordou ciência e tecnologia no contexto brasileiro e falou sobre sua pesquisa de inovação responsável no projeto RRI Practice. Marko conheceu centros de pesquisa que funcionam associadas à Universidade, como o Centre for High North Logistics - CNHL, que congrega pesquisas sobre a logística do ‘alto norte’, o círculo polar englobando países como Noruega e Rússia.

Coronavírus

Segundo o docente, a pandemia do coronavírus obrigou a suspensão da parceria entre as duas instituições até o início do segundo semestre. “Com a retomada da normalidade, as mobilidades retornarão normalmente, com os recursos já aprovados”, disse.

A visita à Nord University duraria 5 dias, de 9 a 13 de março, mas Marko foi obrigado a deixar a Noruega um dia antes do previsto. No dia 16 o país fechou seus aeroportos. O docente relata abaixo como foi a experiência:

Foi um tanto assustador ver a rapidez do pânico que se instaurou. Ao chegar no país, estava preocupado, como todos, com a propagação da doença. Comprei álcool em gel em Cumbica (ainda se encontrava isso no Brasil!) e ficava lavando as mãos constantemente, mas percebi que as pessoas lá, como aqui, não tinham ainda alterado totalmente as rotinas.

Ao longo da semana as notícias foram saindo sobre casos confirmados, e a Noruega já tinha uma taxa de contaminação proporcionalmente muito alta. Fiquei sabendo que uma reunião da OTAN na cidade de Bodo, onde estava, fora cancelada por conta da Covid 19, e muitas viagens de docentes começavam a ser canceladas.

O dia 11 de março foi a virada no sentimento de urgência das pessoas: a notícia do cancelamento de viagens da Europa aos EUA por Trump foi como uma faísca e notava-se já o pânico aumentando. No café da manhã, a cantina do campus alterou as mesas para aumentar a distância entre as pessoas e o buffet foi substituído por comida servida por uma funcionária. Professores começaram a cancelar conversas comigo, já entrando em quarentena. Ao longo daquele dia comecei a ficar muito preocupado e pensando em antecipar minha volta.

Na 5ª feira, dia 12/03, havia uma palestra agendada que foi transformada em virtual, com alunos proibidos de frequentar aulas presencialmente. Com todo o trabalho sendo feito à distância, decidi junto com meu anfitrião alterar minha volta. Consegui uma passagem para aquele dia de tarde, preocupado com o fechamento de aeroportos (o que começou a acontecer em algumas cidades já na 6ª feira, 13/03). Chegando em Oslo, primeira perna da viagem, precisei ficar em um hotel próximo do aeroporto para esperar o vôo para SP via Frankfurt. Ali percebi já diversas restrições, como o fim de buffets de café da manhã e a onipresença de álcool em gel.

Na 6ª feira, dia 13/3, consegui embarcar normalmente, em meio às pessoas com máscaras e a sensação de que estava escapando bem antes de algo mais sério. Dito e feito, fronteiras começaram a fechar. Chegando ao Brasil, poucos dias depois o pânico também se instaurou e medidas começaram a ser tomadas. Estamos todos agora lidando com uma situação sem paralelo.”

Como definido pela Unicamp, o docente segue em quarentena.

 

 

 

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Professor Marko Monteiro ao lado de um banner na Nord University

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