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Crônicas aproximam estudantes da Química

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Silmar José Spinardi Franchi, autor da pesquisa: “Todos os elementos utilizados fazem parte do cotidiano e da realidade do estudante” (Foto: Antoninho Perri)Não só em laboratórios ou por meio de livros didáticos se ensina química. Pelo menos, esta foi a proposta de Silmar José Spinardi Franchi ao elaborar um conjunto de crônicas para servir de alternativa para interar o aluno do conhecimento químico. Franchi testou a sua iniciativa em uma escola pública da região de Campinas e acredita que a ferramenta será uma boa forma de o professor alcançar resultados positivos em suas atividades em sala de aula, para uma das disciplinas mais desafiadoras no cenário educacional.

Orientado pelo professor Pedro Faria dos Santos Filho, Franchi, que tem formação em Química, elaborou uma série de quinze crônicas, cujo teor se insere no conteúdo de química do ensino médio. Um exemplo é a sátira feita à descoberta do sabão, onde as explicações se desenvolvem a partir do diálogo entre dois pescadores, e mostra uma forma artesanal com que o produto pode ser feito.

“É uma maneira de aproximar o aluno da disciplina. Todos os elementos utilizados fazem parte do cotidiano e da realidade do estudante e qualquer um pode se identificar com os personagens e com as situações. Além do mais, a leitura prende a atenção e fica mais fácil de assimilar o conteúdo”, destaca Franchi, que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Química (IQ).

Outra vantagem da inovadora forma de ensinar um conteúdo de ciências exatas a partir do viés literário, é que as crônicas podem ser trabalhadas em paralelo com áreas como biologia, geografia, matemática, o que caracteriza uma abordagem interdisciplinar. Em média, as crônicas possuem poucas páginas, mas algumas possuem o status de conto, com até 20 páginas.

No início do trabalho, conta Franchi, as dificuldades em encontrar a linguagem adequada e o foco correto faziam com que uma história fosse concluída em três semanas. “Foi difícil encontrar o equilíbrio para que não ficasse algo chato e sem interesse para o leitor. Hoje já consigo fazer uma crônica por dia”, comemora. Vários textos possuem até mesmo ilustrações que Franchi conseguiu graças a uma parceria com o cartunista Rodolpho Spinardi Giglio. Este aspecto, segundo ele, auxilia ainda mais o esclarecimento de determinados conceitos e dá ao trabalho um aspecto lúdico.

Para os testes na escola pública, o químico selecionou três crônicas para submeter aos alunos, com conteúdo químico já ministrado pelo professor. São elas “Lá na pescaria”, “De olho na natureza” e “Namorados no ponto... de ebulição”. Na sequencia, ele aplicou um questionário para que os alunos se manifestassem sobre a maneira de contextualizar os conceitos da disciplina. A intenção, explica Franchi, foi perceber o quanto a ferramenta poderia contribuir com a aula, e não fazer um levantamento estatístico rigoroso sobre o aprendizado.

Algo interessante observado nas respostas foi que o fato de proporcionar um conhecimento sobre aspectos da química no dia a dia, os alunos entrevistados declararam que conversariam sobre o conteúdo das crônicas fora do ambiente escolar, além de estarem predispostos a reproduzir alguns dos experimentos descritos nas crônicas. Desta forma, esta estratégia se insere dentro dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

 
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