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Da esq. para a dir., Luiz Fernando Bongiovanni, Décio Pignatari, Samir Yazbek, Arribo Barnabé e Paulo Júlio Valentino Bruna: interagindo com docentes, alunos e funcionários (Fotos: Antoninho Perri/Antônio Scarpinetti e Luís Paulo Silva)

‘Artista-Residente’ seleciona violinista

Assessor da Reitoria faz balanço das ações
do projeto, cuja retomada ocorreu em 2006

MANUEL ALVES FILHO

O professor Eduardo Guimarães: “Conseguimos assegurar que o programa ganhasse sequência e qualidade”O músico barroco Luís Otávio Santos, violinista brasileiro com vasta carreira internacional, foi o escolhido para participar do Programa Artista-Residente da Unicamp, no período de 1º de abril a 31 de agosto de 2009. O projeto a ser desenvolvido pelo instrumentista, que contará com o envolvimento de professores e alunos de graduação e pós-graduação da Universidade, será na área de teledramaturgia. Ele coordenará a montagem da ópera Dido e Enéas, do compositor inglês Henry Purcell, que será gravada em DVD. Santos é o sexto nome a participar do programa desde a sua retomada em 2006, depois de oito anos de paralisação. Os outros cinco foram Luiz Fernando Bongiovanni (dança), Décio Pignatari (literatura), Samir Yazbek (teatro), Arribo Barnabé (música) e Paulo Júlio Valentino Bruna (arquitetura). Segundo o assessor especial da Reitoria, Eduardo Guimarães, as atividades desenvolvidas na nova fase serviram para sistematizar e consolidar o programa. “A julgar pela relevância dos projetos executados e pela resposta positiva tanto da comunidade interna quanto externa, penso que o Programa Artista-Residente constitui um dos importantes legados da atual gestão para as gestões futuras da Universidade”, avalia. Na entrevista que segue, Guimarães faz um balanço das ações nessa área.


Jornal da Unicamp – Nesta nova fase, o Programa Artista-Residente trouxe cinco nomes de peso de diferentes áreas. Quem será o sexto participante e que projeto ele executará?

Eduardo Guimarães – O sexto participante do projeto é o músico barroco Luís Otávio Santos, que tem uma importante carreira internacional. Ele desenvolverá um projeto na área de teledramaturgia, que culminará com a montagem e a gravação em DVD da ópera Dido e Enéas, obra composta no século XVII. Nossa disposição é que a opera seja exibida pela TV Unicamp.

JU – Qual a duração do projeto?
Guimarães – Pelas normas do programa, cada projeto tem que ser executado no período de cinco meses. Nesse caso, o trabalho se estenderá de 1º de abril a 31 de agosto deste ano.

JU – Como é feita a indicação e a escolha do Artista-Residente?
Guimarães – O programa estabelece que, a cada semestre, a Universidade abra um edital indicando a abertura de vaga numa determinada área e os recursos disponíveis. Em seguida, professores ou pesquisadores da Unicamp, com o titulo mínimo de doutor, fazem as indicações. Os indicados precisam estar de acordo. O passo seguinte é submeter os nomes a especialistas da área que não pertençam ao quadro da Unicamp. Por último, a comissão do programa faz o julgamento final.

JU – O concorrente à vaga precisa apresentar um projeto?
Guimarães – Sim, precisa. Nessa proposta, ele diz o que pretende fazer e aponta as áreas da Universidade que participarão diretamente da execução do projeto.

JU – No caso da montagem e gravação da ópera, quais setores estarão envolvidos?
Guimarães – Nesse caso, a atividade envolverá praticamente todos os departamentos do Instituto de Artes. Teremos a participação de professores e alunos da Música, Cênicas, Cinema, Artes Plásticas etc. Também teremos a participação de funcionários, pois precisaremos de técnicos para ajudar tanto na montagem quanto na gravação da obra. Isso não significa que outras áreas não possam contribuir direta ou indiretamente também.

JU – É possível que a ópera seja encenada para o público em geral?
Guimarães – Vamos fazer esforços nesse sentido, mas o objetivo principal será a gravação do DVD. Encenar uma temporada ainda que pequena da obra envolveria custos não previstos, como aluguel de teatro, logística para o transporte de cenários e figurinos etc.

JU – Que avaliação pode ser feita das cinco experiências anteriores?
Guimarães – O objetivo da vinda do Artista-Residente é envolver ao máximo o conjunto de professores, alunos e funcionários no projeto em questão. O que observamos é que no decorrer do processo isso foi plenamente alcançado, inclusive com a participação cada vez maior das faculdades e institutos. Como exemplo, eu cito a experiência do dramaturgo Samir Yazbek. Ele reuniu grupos de alunos dos institutos de Artes e de Estudos da Linguagem para ajudá-lo a escrever uma peça. Depois, ele promoveu sessões de leituras que contaram com a presença, na platéia, de estudantes e professores de diversas unidades. Como se não bastasse, Samir Yazbek aproveitou a Campanha de Popularização do Teatro, que tem apoio da Prefeitura de Campinas, para levar as sessões de leitura para fora da Universidade. O Arribo Barnabé também fez isso. Ele reuniu alunos da Música, da Dança e das Cênicas do IA e depois fez dois shows no Centro de Convivência Cultural. A repercussão foi excelente.

JU – Que tipo de ganho acadêmico esse tipo de atividade traz?
Guimarães – Isso pode ser medido, como disse anteriormente, pela crescente participação de alunos e professores. A gente percebe que os alunos, por exemplo, sentem que a participação nesse tipo de projeto é uma situação especial de aprendizado. Ou seja, é uma experiência que eles só podem ter fora de sala de aula. Isso aparece claramente.

JU – Qual o principal legado do programa para as futuras gestões?
Guimarães – O primeiro aspecto a ser destacado é o resgate do programa, que ficou parado por cerca de oito anos. Retomamos com uma nova regulamentação, um novo modo de fazer. Por meio do regulamento adotado, nós conseguimos assegurar que o programa ganhasse sequência, sistematicidade e qualidade. Ou seja, trata-se de um projeto que não pode ser usado indevidamente. Para executá-lo, é preciso publicar um edital, atribuir os recursos específicos e submeter as propostas a especialistas externos e aos integrantes da comissão do programa. Tudo isso tem assegurado a vinda de gente extremamente qualificada para a Unicamp.

JU – O regulamento também prevê a divulgação antecipada das áreas a serem contempladas pelo programa, não?
Guimarães – Exatamente. Assim que um projeto é aprovado, é preciso tornar públicas as vagas para os quatro semestres subsequentes. A medida é importante porque dá tempo para a indicação dos concorrentes, que por sua vez terão tempo para elaborar suas propostas. As quatro próximas áreas a serem contempladas são: artes visuais, cinema , literatura (romance) e música clássica.

O músico Luís Otávio Santos: solista e spalla da orquestra barroca La Petite BandeDe Juiz de Fora
para a Holanda

Luís Otávio Santos é natural de Juiz de Fora, Minas Gerais. Ele iniciou os estudos musicais aos 5 anos. O instrumento escolhido foi o violino. Teve como os primeiros mestres Paulo Bosísio e Bernardo Bessler. O interesse pela música antiga levou-o ao Koninklijk Conservatorium Den Haag, na Holanda, onde foi aluno de Jacques Ogg (cravo) e Sigiswald Kuijken (violino barroco). Desde 1992, é um dos principais membros da orquestra barroca La Petite Bande, na qual atua como solista, spalla e um dos colaboradores mais próximos de Sigiswald Kuijken. Com o grupo já realizou turnês por vários países da Europa, China, Japão, México, Colômbia, Argentina e Brasil. Gravou diversos CDs e realizou audições nas TVs belga, francesa e japonesa. No Brasil, Santos é diretor artístico do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora e regente da Orquestra Barroca do festival.

A ópera Dido e Enéas é de autoria do compositor inglês Henry Purccel, uma das referências do período barroco. A obra estreou em 1689, em uma representação privada feita por alunas da Boarding School for Girls, em Chelsea. Sua primeira apresentação profissional aconteceu após a morte de Purcell, em 1700, no Lincoln Inn's Field Theatre, em Londres. O enredo conta a trágica história de amor entre Dido, a rainha de Cartago, e Enéas, o jovem príncipe de Tróia. Dido e Enéas foi a única ópera de Purcell e a primeira obra do gênero escrita na Inglaterra.

 
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