“O FOS já é ingrediente ou complemento alimentar de uma série de produtos especialmente na Europa, EUA e Japão. O produto é usado em barras de cereais, derivados lácteos, sucos, doces em geral, preparados em pó, produtos de panificação, alimentação infantil, e inclusive na formulação de rações e de outros produtos para alimentação animal”, afirma o professor Francisco Maugeri Filho, um dos inventores do novo processo. De acordo com Maugeri, no Brasil a aplicação ainda é pouco disseminada, pois quase todo FOS necessário ainda precisa ser importado, o que encarece os produtos finais.
O professor explica que alimentos prebióticos são compostos normalmente por açúcares, que não são digeríveis e beneficiam o consumidor por estimular seletivamente o crescimento ou a atividade das bactérias residentes no cólon intestinal. Maugeri observa que os FOS são açúcares classificados como alimento funcional prebiótico por apresentarem diversas propriedades benéficas ao organismo. “Os FOS são fibras solúveis e, por isso, promovem o bem-estar do intestino. Ademais, não são calóricos, e assim podem ser empregados como adoçantes, auxiliando na absorção de cálcio, o que é uma importante característica para pacientes idosos.” Maugeri destaca que, por não promover cáries, os FOS podem ser consumidos especialmente por crianças. “Também existem estudos que indicam efeito preventivo de câncer como os de mama e de cólon”, afirma.
A tecnologia de produção de FOS é atualmente dominada pelo Japão, seguido de países da Europa e dos EUA, onde o seu uso é amplamente difundido. Vários dos processos de produção são desenvolvidos a partir de enzimas provenientes de fungos filamentosos. Entretanto, a invenção patenteada para a Unicamp utiliza enzimas de leveduras, que não são igualmente reconhecidas e nem aplicadas industrialmente na produção de FOS. “As leveduras que utilizamos são normalmente relacionadas à produção de lipídeos e carotenóides e pouco se conhece sobre sua capacidade de produzir FOS”, coloca.
Contudo, os estudos conduzidos no laboratório da FEA apontam que essas enzimas apresentam ótimo potencial de aplicação para a produção de FOS. “Pudemos produzir FOS com alto rendimento em biorreatores de leito fixo com altas produtividades, e com alta estabilidade do biocatalizador, demonstrando ser um processo rentável e econômico”, afirma Maugeri. O professor aponta que o processo de síntese é puramente enzimático, o que fornece maior controle do processo, maior estabilidade do biocatalizador, além de ser mais simples e produtivo. “O produto obtido certamente será altamente competitivo, tanto em termos de qualidade quanto de preço”, avalia.
A tecnologia encontra-se em escala laboratorial, sendo necessária a ampliação de escala para planta-piloto, onde seria possível seu maior desenvolvimento. Para isso a Agência de Inovação Inova Unicamp está à procura de indústrias interessadas em firmar parceria para o desenvolvimento final da tecnologia e a sua transferência para o mercado. “Com a parceria, prevê-se que em pouco espaço de tempo a tecnologia possa ser transportada para a escala industrial”, afirma o professor.
O novo processo poderá ser usado diretamente em indústrias que produzem insumos para a indústria de alimentos, assim como em usinas de açúcar que, com isso, podem diversificar sua produção, pois possuem em abundância a sacarose, matéria-prima mais importante do processo. “Como usuários finais, poderíamos indicar indústrias de açúcar líquido, de açúcares modificados, suco de fruta, leites modificados, medicamentos, alimentos, bebidas, refrigerantes em geral, alimentos funcionais, bebidas isotônicas, iogurtes com probióticos e/ou prebiótricos, indústria de laticínios, bombons, balas e doces em geral”, destaca o professor.
Empresas interessadas em saber mais sobre a tecnologia devem entrar em contato com o setor de parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp, pelo e-mail parcerias@inova.unicamp.br ou pelo “fale conosco” do site da Agência, www.inova.unicamp.br