No último dia 14 de março, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) visitou a Unicamp. Na bagagem, ele trouxe uma notícia e uma oferta. Primeiro, comunicou aos professores e dirigentes da Universidade que uma emenda de sua autoria ao Orçamento da União, aprovado dois dias antes, prevê a destinação de R$ 3,9 milhões para a construção de um centro de pesquisas integradas no Instituto de Economia (IE), do qual é professor licenciado. Depois, colocou o gabinete do Senado à disposição da instituição, para que seja utilizado como uma espécie “embaixada” desta em Brasília. “Assim, a Unicamp poderá estar mais próxima de órgãos federais responsáveis pela gestão de programas e recursos que interessam à Universidade”, justificou. De quebra, Mercadante ainda fez algumas reflexões sobre o momento econômico vivido pelo país ao Jornal da Unicamp.
Centro ampliaria atividades de pesquisa
Na Universidade, o senador foi recebido pelo diretor do IE, Mariano Laplane, e pelo coordenador-geral da Unicamp, Fernando Costa. De acordo com Mercadante, a emenda que propõe a liberação dos R$ 3,9 milhões seguirá agora para a sanção presidencial e posterior análise por parte do Ministério do Planejamento. Ele disse acreditar que a proposta será aprovada sem obstáculos. “Devo muito à Unicamp. Aqui, fiz meu mestrado e doutorado e fui professor. Aqui, vivi experiências enriquecedoras. Não faço favor algum em ajudar a Universidade naquilo que puder”, afirmou.
No encontro que manteve com professores e dirigentes da Unicamp, Mercadante colocou seu gabinete no Senado à disposição da Universidade. Segundo ele, o local pode e deve ser transformado em “embaixada” da instituição. “A Unicamp precisa estar mais presente em Brasília, para defender seus pleitos junto aos ministérios e outros órgãos federais. No que depender de mim e da minha assessoria, vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar a instituição nessa tarefa”, prometeu.
A construção do centro de pesquisas integradas é uma antiga aspiração do IE, segundo seu diretor. Conforme Mariano Laplane, o principal objetivo é criar condições favoráveis para aprimorar e ampliar as atividades de pesquisa. O projeto prevê 1,5 mil metros quadrados de área construída, com laboratórios, anfiteatro e salas para seminários, estudos e videoconferência. A meta é incrementar as pesquisas para permitir maior inserção da Unicamp no cenário internacional. Para isso, o projeto inclui infra-estrutura avançada de processamento de dados e de telecomunicações para integrar as atividades dos diversos núcleos de pesquisa da Unidade, e destas com outros pesquisadores do Brasil e do exterior, por meio de atividades em redes.
Conjuntura Em sua passagem pela Unicamp, o senador Aloizio Mercadante, que também é economista, fez uma breve análise da situação econômica do Brasil a pedido do Jornal da Unicamp. De acordo com ele, o país vive um momento positivo, que combina estabilidade econômica, crescimento consistente e distribuição de renda. “Estamos crescendo 6% no início de 2008 e crescemos 5,4% em 2007. Nos últimos quatro anos, a renda dos 50% mais pobres aumentou 32%. Ou seja, é um terço a mais de poder de compra, o que constitui algo especial se olharmos a história econômica do país nos últimos 50 anos. E isso tudo decorre de políticas públicas. Nós soubemos reduzir a vulnerabilidade externa. O Brasil aumentou o volume de exportação de 60 bilhões de dólares para 160 bilhões de dólares. Esse ganho gerou superávit comercial. Hoje, temos reservas de 200 bilhões de dólares. O país não é mais devedor e nem prisioneiro do FMI”, afirmou.
Sobre a recessão dos EUA, o senador reconheceu que ela traz preocupação. Entretanto, considerou que o Brasil tem condições de passar pela turbulência internacional sem grandes solavancos. “Acho que temos um cenário internacional preocupante, principalmente por conta da economia americana, que está envolvida numa grave crise financeira. Os bancos centrais do mundo já injetaram mais de 700 bilhões de dólares para socorrer o sistema financeiro internacional. No entanto, 65% do crescimento mundial estão concentrados nos países em desenvolvimento, principalmente China, Brasil, Rússia e Índia. Portanto, a recessão americana deve trazer algum impacto, mas há um relativo descolamento do Brasil até este momento. Acho que as condições macroeconômicas atuais permitem que o país continue crescendo de forma sustentável”.
Em relação à proposta de política industrial que está sendo formulada pelo governo federal e que deverá ser anunciada em 15 dias, segundo previsão do ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Mercadante considerou que ela continuará dando ênfase à desoneração das exportações e dos investimentos. Já no que toca à taxa básica de juros, que está em 11,25% ao ano, o senador considerou-a ainda muito alta. “Acho que podemos retomar em breve uma queda sustentável e progressiva da taxa de juros. Nesse momento, evidentemente, há uma demanda muito aquecida. A indústria de São Paulo, por exemplo, cresceu de janeiro a janeiro 12,5%. Então, o Banco Central está com certa cautela para não permitir que a inflação saia da meta de 4,5% ao ano”.