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Educadora prega
letramento digital na EJA
Em geral, maioria dos alunos
não tem acesso a computador,

As aulas de informática na Educação de Jovens e Adultos (EJA) são uma grande oportunidade de acesso ao uso do computador para esse público, formado basicamente por pessoas que voltaram aos bancos escolares para terminar os estudos. “É a ponte de acesso, visto que, fora da escola, esses alunos têm participação reduzida ou nula nas práticas de letramento digital”, defende a educadora Viviane Gonçalves Curto, que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). No ensino regular, continua, muitas crianças e adolescentes possuem oportunidades de conviverem com o computador na família. Fazem uso recorrente de jogos e redes sociais e dominam o equipamento antes mesmo de frequentarem a escola. “Mas, essa mesma situação não se verifica na EJA. A maioria dos estudantes não tem acesso à tecnologia e nem dispõe de tempo ou condições financeiras para aprender a manejá-la”, ressalta.

Sob orientação da professora Denise Bértoli Braga, a educadora decidiu investigar como se dá o uso do computador por 15 alunos na faixa etária entre 25 e 75 anos e, com isso, oferecer instrumentos que auxiliem os professores interessados na utilização pedagógica deste tipo de tecnologia com um público com características bem diferenciadas. Em sua experiência como professora desta modalidade, vários aspectos a levaram a aprofundar-se em assunto pouco tratado pelos pesquisadores da área. “As discussões buscam sempre abordar a utilização do computador como ferramenta no ensino fundamental e médio e não consideram que a EJA consiste em um ambiente profícuo em que os adultos têm necessidades e precisam de auxílio em situações reais e rotineiras”, destaca.

Durante a pesquisa, Viviane não só acompanhou as aulas de informática como também ministrou um curso para os estudantes em Belo Horizonte (Minas Gerais), observando diversas situações que pontuam as suas afirmações sobre o assunto. Ela encontrou alunas que são mães cuja preocupação maior está em oferecer aos filhos oportunidades de estudo e aprendizado que os auxiliem a ter um desenvolvimento profissional e melhores condições de vida. “Por isso, preferem pagar cursos de informática para seus filhos se a escola que frequentam não oferece a modalidade, ao invés de investirem na própria formação”, constata. Neste sentido, a escola assume uma importância fundamental para a inclusão digital desta população e acesso às práticas que o computador permite.

Ainda que tenha coletado dados que reafirmem a EJA como possibilidade de acesso ao computador, a autora da pesquisa observou que muitas escolas não dispõem de aulas de informática para o período noturno, horário em que a modalidade é mais oferecida. As poucas instituições que utilizavam máquinas nas práticas pedagógicas da EJA, explica, não faziam uso sistemático dessa tecnologia ou não tinham em seus currículos um momento específico para tal abordagem. Esse quadro tornou evidente o quanto ainda é necessário se fazer para garantir o acesso ao computador ao público da EJA, através da escolarização formal.

A experiência levou Viviane Curto a mudar a crença inicial em relação ao desempenho no uso do computador entre os alunos jovens e aqueles com idade mais avançada. “Ao colocar na balança as vantagens e desvantagens, o desempenho não difere de uma categoria e outra”, afirma. Na verdade, o que a educadora defende é que deveriam ser aplicadas estratégias diferentes entre os alunos. Segundo ela, é reconhecido que os estudantes jovens são mais rápidos no uso do computador, mas, por outro lado, aqueles de idade mais avançada desenvolveram as atividades de maneira mais criteriosa. “Tanto os alunos jovens como os idosos utilizam o computador de forma diferenciada e apresentam dificuldades que são compensadas pelas estratégias positivas empregadas por cada um deles durante o uso da máquina”, explica.

Para a educadora é fundamental que haja um cuidado especial com a formação de professores que atuam na EJA. Muitas iniciativas ficam no improviso e não há organização. Poucos se preocupam em desenvolver atividades diferenciadas e com foco específico neste público. “Algumas professoras com quem conversei acreditam que o problema é sério e sem possibilidade de reversão”, lamenta. Neste sentido, a quantidade de informações obtidas no estudo pode contribuir para o fornecimento de dados para elaboração de propostas pedagógicas da EJA. (R.C.S.)

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■ Publicação

Dissertação: “O acesso às práticas de letramento digital na Educação de Jovens e Adultos”
Autor: Viviane Gonçalves Curto
Orientador: Denise Bértoli Braga
Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)
Financiamento: Capes
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