22/8/2008 – Uma certa nostalgia marcou no último dia 22 a cerimônia oficial de entrega das novas dependências, agora recuperadas, da Estação Guanabara para Campinas. Ex-estação de trem e patrimônio histórico de Campinas, há anos deteriorada, o novo espaço será de inclusão social e integração. O trabalho foi fruto de uma parceria entre a Unicamp, responsável pelo local, e a Campinas Decor, maior evento de decoração da cidade e região, realizado no local neste ano. Dois conjuntos de obras envolveram restauro e preservação da arquitetura, mas também dedicação.
O reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, assinou a resolução que cria o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social (CIS) e se emocionou. Autoridades da Unicamp homenagearam os integrantes da Campinas Decor e também entregaram certificados de Amigo da Estação Guanabara. Da Câmara Municipal de Campinas, Sérgio Benassi representou o prefeito, Hélio de Oliveira Santos. Houve descerramento de placa pelo reitor e autoridades. O coordenador-geral da Unicamp, Fernando Ferreira Costa, disse que a Estação será importante para realizar uma interação saudável com a sociedade.
Tadeu Jorge confidenciou que há 18 anos sonhava com a reforma e nova filosofia, desde que a Universidade recebeu a área por comodato em 1990. “Mas o sonho ia ficando distante e alguns pesadelos aconteceram. Plantamos, no entanto, a semente que começa agora a frutificar”, relatou. Tanto foi fato que Tadeu Jorge tinha incluído em seu Programa de Gestão a recuperação do espaço como uma das prioridades.
“Muitos não acreditaram que isso seria possível”, enfatizou. “Mas com paciência, aconteceu a nova realidade, sem traumas e sem violência. Agora todos acreditamos e faremos do CIS algo concreto, operacional, de verdade e que deve inserir a Unicamp em Campinas, levando cultura a toda população”, concluiu.
Mohamed Habib, pró-reitor da Preac, um dos incentivadores e realizadores da Estação, salientou os benefícios que o local já tem trazido a Campinas e que a proposta é ampliar projetos, com cursos profissionalizantes, biblioteca comunitária e atividades culturais, artísticas, esportivas e sociais em seus 1.500 metros quadrados. Disse que a Unicamp está aberta a outras parcerias que enriqueçam a iniciativa.
O professor Marcos Tognon, responsável pelo CIS, anunciou que as oficinas serão reiniciadas em fevereiro do próximo ano e que os eventos já começam neste mês de setembro. Uma intensa programação está prevista, a partir de demandas da própria cidade. Mais de 1.500 alunos participaram dos cursos da Estação, antes do evento Campinas Decor, e a intenção é atingir 8 mil.
Arquiteto que trabalha com restauro, Tognon acompanhou as obras desde 2006. Ele informou que as novas etapas incluirão a recuperação dos tablados de madeira unindo as duas plataformas, além da recuperação do armazém do café. Salientou que toda a tecnologia empregada no projeto é de última geração.
Stella Tozo, responsável pela Campinas Decor, julgou a experiência de restaurar a Estação bastante desafiadora. “Quando cheguei aqui tive uma péssima sensação do ambiente. Tive vontade de sair. Após as obras, o sentimento é maravilhoso”, acentuou.
Os arquitetos Marcelo Hobeika e Izilda Moraes assinaram as fachadas da Estação e contaram a dificuldade para trabalhar em uma área de 300 metros lineares e ter que recuperar paredes, janelas, calçada, iluminação, fazendo prospecção da pintura, portões, vitrôs, caixilhos, etc. Foram cinco meses de trabalho. “Trata-se de um dos maiores patrimônios públicos restaurados em Campinas nos últimos três anos”, comentou Marcelo. Izilda completou que a obra foi rápida, mas o projeto e a busca de patrocinadores prolongaram o tempo até sua conclusão. (Isabel Gardenal)
