O
que deveria ser o ensaio de um projeto a ser apresentado no final da disciplina
de engenharia de softwares pode tornar-se uma das principais realizações
sociais de alunos da Unicamp. Bacharelandos em Ciência da Computação
na universidade, Ulisses Furquin, Diogo Ditzel Kropiwiec, Luciano Antonio Digianpietri,Vinícius
José Fortuna, Arthur Bispo de Castro, Rômulo Albuquerque Pereira
e Rodrigo Tomita são responsáveis pelo sistema de informatização
do 7º Distrito de Polícia de Campinas, no Distrito de Barão
Geraldo, orientados pela professora Thelma Cecília Chiossi e acompanhados
pelo professor Fernando Vanini.
O
sistema está em fase de teste, mas a expectativa é de que comece
a funcionar ainda este mês. Diogo Kropiwiec revela que, ao apresentar um
protótipo no final do curso, o sistema funcionava, mas apresentava alguns
problemas, pois alguns itens inseridos no programa iam de encontro à realidade
da delegacia. A partir de informações concedidas pelo investigador
Gilberto Rodrigues da Silva, do 7º DP, o projeto foi-se adequando à
necessidade da Polícia. Para
o investigador Gilberto Rodrigues da Silva, estudante de análise de sistemas
na PUC Campinas, o trabalho é bem-vindo desde sua iniciativa. A idéia,
segundo ele, é substituir a constituição de boletins de ocorrência,
que antes eram preenchidos por meio de uma matriz no word. Depois de impresso,
não tinha como registrar o BO em um banco de dados, informa. Atualmente,
para pesquisar ocorrências anteriores, o funcionário da delegacia
realiza consultas em livros. Com a criação do software, todas as
informações dadas pelas vítimas ficam armazenadas. Para ele,
a instalação do sistema vem a facilitar a recuperação
de veículos e documentos furtados, reconhecimento de criminosos e tudo
o mais que se precise pesquisar. A
proposta é instalar um sistema em cada delegacia e um servidor na Seccional
de Campinas para a centralização de informações. O
servidor seria responsável por manter a base de dados, na qual os clientes,
no caso os distritos, poderiam cadastrar ocorrências, realizar consultas
e fazer comunicação com o servidor. Para colocar o sistema em funcionamento,
o grupo irá instalar quatro microcomputadores cedidos pela Softex. Dedicação A
sugestão da criação de um software que otimizasse o sistema
de registro de Boletins de Ocorrência foi dada pelo professor Fernando Vanini,
ao tornar-se vítima de um assalto no campus da Unicamp. O saxofone de seu
filho foi roubado de seu carro no campus da Unicamp e, ao precisar registrar queixa,
observou a forma inadequada de preenchimento de BOs. Levado a conhecer o atual
sistema de registro de ocorrência pelo investigador do 7º Distrito
Policial Gilberto Rodrigues da Silva, estudante de análise de sistemas
na PUC Campinas, Vanini à professora Thelma Chiossi que incluísse
em seus projetos o desenvolvimento de um sistema de informatização
de delegacias. Assim
que foi definido o grupo, a idéia começou a tomar forma. Segundo
a professora Thelma, a dedicação dos alunos foi além da sala
de aula, uma vez que utilizaram equipamentos de uso pessoal para a realização
do trabalho. O
curso terminou em dezembro de 2000, mas o interesse e o empenho em fazer com que
o trabalho tivesse um retorno social estimularam os alunos a ampliar o projeto
e implantar de fato o sistema. Se não tivesse essa função
social, teríamos parado e recebido a nota, declara Digianpietri.
Desde o semestre passado, os estudantes trabalham no aperfeiçoamento do
projeto e, apesar das férias, o trabalho não pára. Diariamente,
o estudante Diogo Kropwiel divide seu tempo entre o estágio no Núcleo
de Informática Aplicada em Educação (Nied) e a finalização
do projeto ao lado do investigador Gilberto Rodrigues da Silva. O que os alunos
não imaginavam, porém, é a difusão do projeto em nível
estadual. Segundo o delegado do 7º Distrito, Antonio José Serrate
de Campos, o projeto já despertou interesse por parte do departamento da
capital paulista. Existe interesse em ver o que está sendo iniciado
para futuramente implantar em nível de Estado, declara. Se
depender da vontade do delegado Serrate, os documentos encaminhados por intermédio
de serviços de mensageiros, que pode levar de cinco a seis dias para entrega
(a partir da data de registro da ocorrência), serão emitidos on line
quando houver a extensão do sistema para distritos de Campinas. Ele se
diz grato pelo fato de a Unicamp atender a um anseio antigo da Polícia,
ainda não realizado pela falta de verba. O plano, segundo o delegado, é
que um fato acontecido no distrito seja imediatamente de conhecimento de todos
os distritos por meio da comunicação on line. Para a sociedade,
isso seria um presente, no seu ponto de vista, na medida em que, a partir de detalhes
das características do autor, é possível agilizar a identificação.
Serrate acredita que o serviço trará uma resposta mais rápida
no combate à violência. |