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Um
espaço democrático
Carlos
Alberto Tidei
Em
pouco mais de dois anos de existência, o pequeno salão
de 24 m2, da rua Elvis Presley, 981, no Jardim Florence II,
deixou de ser apenas a Biblioteca Espaço Cultural do
bairro para sediar também um projeto do Cedap (Centro
de Educação e Assessoria Popular), vinculado à
Unesco.
Propriedade
particular de Luiz Aparecido Romão da Silva, funcionário
da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, o espaço
serviu, durante oito dias (de 23 a 30 de janeiro), de ponto
de encontro para que um grupo de mulheres da periferia participasse
das oficinas de prevenção do Projeto Mulher: Prevenindo
e Produzindo, por que não?
Ali,
quase que numa conversa informal, as mulheres do bairro puderam
participar de uma série de seminários cujo propósito
foi o de proporcionar a elas maior compreensão de questões
relativas ao trabalho e sensibilizá-las com relação
à adoção de práticas sexuais seguras.
Os encontros, desenvolvidos de maneira descontraída,
abordaram os mais diversos temas, através de dinâmica
de grupo, vivências, recursos psicodramáticos e
audivisuais.
O
local, onde funciona uma biblioteca com mais de quatro mil livros
e conta com uma lista de 300 nomes cadastrados, tornou-se ponto
freqüentado reunião de jovens e adultos do bairro.
Por isso mesmo, foi escolhido para os encontros promovidos pelo
Cedap, Organização Não-Governamental ligada
ao Ministério da Saúde.
Nada
mais apropriado para o Cedap, que busca espaço na periferia
com vínculo com a comunidade, onde informações
sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis,
contraceptivos, Aids, corpo e saúde da mulher deixam
muito a desejar. Ou quase não há nenhum tipo de
informação, explica Carolina Zaparoli, assistente
de coordenação do projeto.
Cristiane
de Souza Valbert, estudante de psicologia da PUC-Campinas, responsável
por um dos encontros, falou da importância da mulher,
dentro de casa, quando ela mesma pode fazer pequenos trabalhos
alternativos. Como bordado, atuar como balconista ou vender
papelão. Há uma série de trabalhos
que podem render uns bons trocados e ajudar nas despesas da
casa, diz Cristiane.
Luiz
Romão considera extraordinário esse projeto do
Cedap, quando diz que fica ainda mais motivado para participar
de maneira mais ativa da vida da população do
meu bairro, onde estou há mais de quinze anos. É
uma maneira que até então eu desconhecia, de poder
servir como agente multiplicador de cultura e de conhecimentos.
O
que dizem Maria Inês diz que ficou muito feliz
em saber que a sua biblioteca pode servir de local para um evento
tão importante como esse, de oferecer às
mulheres dos bairros aqui da região a oportunidade de
poder tirar uma porção de dúvidas que porventura
tenham, sobre saúde, doenças sexualmente transmissíveis,
relacionamentos e Aids. Foi muito legal mesmo.
Neuza
Maria, moradora vizinha da biblioteca, achou bastante esclarecedor
tudo o que ela (Cristiane) disse. É sempre muito
bom aprender algo que a gente não sabia. Amanda,
de quinze anos, e mãe de Kaíque, de 1 ano e quatro
meses, diz que, com Cristiane, aprendeu a valorizar a sua auto-estima,
pra eu poder ser algo mais importante, tanto para o marido
quanto para o meu filho. Revela que aprendeu bastante
sobre o uso de preservativos e contraceptivos, como forma de
preservação, para me cuidar melhor,
diz.
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