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Açudes
causaram enchentes, aponta laudo
Raquel
do Carmo Santos
Foram
mais de 50 dias de análises das imagens aéreas,
dos
depoimentos de moradores e dos registros capturados por um radar
em Bauru. Foram realizadas ainda quatro visitas ao local e tiradas
outras dezenas de fotos e imagens digitais, até que a
equipe de pesquisadores da Unicamp concluísse o laudo
técnico sobre a enchente ocorrida em fevereiro último
nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, cujos danos
trouxeram grande sofrimento à população.
A principal causa da cheia do Ribeirão das Cabras, segundo
os técnicos, foi o rompimento de três açudes
em mal estado de conservação.
O
laudo foi entregue oficialmente à prefeita Izalene Tiene
no último dia 12. Antes, no dia 4, o reitor Hermano Tavares
e a equipe responsável fizeram uma apresentação
dos resultados à imprensa e à própria prefeita.
O
professor Edson Corrêa da Silva, coordenador dos trabalhos,
afirma que a Prefeitura solicitou a ajuda da Unicamp logo no
dia seguinte à enchente. De posse dos registros fotográficos
e do material de perícia, os especialistas realizaram
várias simulações do rompimento da barragem
e do volume de água capaz de causar um estrago daquelas
dimensões. Pelos dados técnicos, os açudes
não foram bem construídos e também houve
falhas em seu dimensionamento. Mesmo um menor volume de água
poderia resultar no escoamento que provocou as enchentes. Uma
das falhas mais graves de construção foi a utilização
de quantidade excessiva de matéria orgânica presente
na terra retirada da superfície, explica o coordenador.
Ele acrescenta que, geralmente, nesse tipo de obra, o correto
é usar a terra encontrada em maior profundidade, por
se tratar de material limpo e livre de detritos.
A
análise da Unicamp também colocou em xeque a impermeabilidade
do corpo maciço das barragens. Num estudo mais cuidadoso
sobre a precipitação das águas, observou-se
o galgamento, ou seja: não havia capacidade de extravazão
do volume. Daí, o rompimento. Fotos mostram que
em um trecho do Ribeirão das Cabras acima das barragens,
o estrago foi considerado normal; abaixo, dobram de volume,
o que indica que as enchentes ocorreram por causa deste rompimento,
afirma o professor Evaldo Miranda Coiado, da Faculdade de Engenharia
Civil (FEC).
A
medição das fortes chuvas naquele dia, a partir
do radar meteorológico de Bauru, indicou a intensidade
de 99,13 milímetros em aproximadamente duas horas e meia.
Este índice não pode ser considerado tão
anormal estatisticamente ocorre a cada 66 anos
e o natural seria que a construção dos açudes
fosse resistente a um período de até mil anos,
esclarece o professor Antonio Carlos Zuffo, outro membro da
equipe, também da FEC. Outra indicação
de que houve rompimento dos açudes é que, em outubro
de 2001, o volume de chuvas na região chegou a 132,9
milímetros, marca superior à de 16 de fevereiro,
e nem por isso houve danos de mesmas proporções.
Pelo radar, inclusive, as chuvas no dia da enchente foram classificadas
como moderada e moderada fraca.
Também
assinam o laudo os professores José Teixeira Filho, da
Feagri, e Jurandir Zullo, do Cepagri. Participaram ainda dos
trabalhos os engenheiros Jorge Prodanoffe e Gisleiva Cristina
dos Santos Ferreiram, e o graduando Jean Cláudio Chiozini.
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O novo posto de gasolina da Unicamp fica na Avenida Antonio
Costa Santos, nas proximidades do Cemeq e deve atender à
frota da Universidade. Seu funcionamento normal está
previsto para os próximos dias. Além das novas
bombas de gasolina, haverá também lavadores de
carros e equipamentos para troca de óleo. A área
total do terreno soma 1.200 m2 e uma área coberta de
186 m2.
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