Um estudo conjunto realizado na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) pelo pesquisador alemão Matthias Roos e pela equipe do professor Vitor Baranauskas investe na fabricação de filmes de diamantes microcristalinos como alternativa a emissores de elétrons utilizados hoje em displays de veículos, aviões e microscópios eletrônicos. Entre as vantagens observadas pelos autores da pesquisa, os filmes de diamantes possibilitam estabilidade e alto brilho, independentemente das condições ambientais em que são gerados. Outra vantagem é o menor consumo de energia.
Outros tipos de displays, produzidos a partir do plasma ou cristal líquido (LCD), por exemplo, gastam mais energia e não oferecem a mesma estabilidade do diamante. “Os emissores convencionais, em geral, necessitam de um filamento quente para o seu funcionamento. Nossa proposta é partir da geração de elétrons sem a necessidade de aquecimento do material”, explica Roos, que em breve retorna à Alemanha para o trabalho de doutorado na Universidade de Ulm.
A pesquisa desenvolvida por Roos abre caminho ainda para o desenvolvimento de lâmpadas de emissão de elétrons por campo elétrico, também conhecidas como lâmpadas frias. “Elas consumiriam menos energia e teriam maior durabilidade”, destaca o orientador da pesquisa, professor Vitor Baranauskas. Ele explica que as lâmpadas fluorescentes utilizadas como alternativa ao alto gasto de energia das incandescentes também acabam consumindo muita energia por terem como fonte o mercúrio, além de poluírem o meio ambiente após o descarte.
A grande questão do trabalho desenvolvido por Roos, orientado pelo professor Vitor Baranauskas, foi procurar o melhor emissor de elétrons por campo elétrico. Para isso, utilizou um reator de deposição química para que ocorressem reações de quebra do hidrogênio e do álcool etílico, utilizado como fonte de carbono, para sintetizar os filmes de diamante. Em seguida, projetou uma câmara de ultra alto vácuo para as medições de emissão de elétrons.
Além da pesquisa desenvolvida por Roos, o doutorando Márcio Augusto Sampaio Pinto trabalha no sentido de desenvolver os filmes de diamantes nanocristalinos.
O envolvimento de Matthias Roos com a Unicamp teve início em 2003, quando fez estágio de três meses nos laboratórios da FEEC, por meio de um intercâmbio estudantil. Ainda na graduação, Roos ficou impressionado com o alto nível de pesquisas realizadas na Universidade e no Laboratório de Luz Síncrotron. A partir daí, não teve dúvidas de que faria seu trabalho de mestrado em Campinas. Uma vez concluída a pesquisa, Roos retorna à Alemanha para o doutorado na área de Físico-Química. Será orientado por Rolf-Jürgen Behm, discípulo do químico Gerhard Ertl, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2007.