A negociação foi conduzida pela Agência de Inovação Inova Unicamp, o núcleo de inovação tecnológica responsável pela gestão da política de inovação da Universidade. A idéia surgiu há cerca de um ano, por iniciativa do reitor da Unicamp, professor José Tadeu Jorge, e pelo presidente executivo da IP, Maximo Pacheco. Para a International Paper, que reconhece a excelência da Unicamp nas áreas acadêmica e de pesquisa, os projetos que resultarão desta parceira serão importantes para o aprimoramento humano, tecnológico, florestal e industrial da companhia.
No âmbito do convênio, o primeiro termo aditivo a ser assinado, também no dia 19, refere-se a um projeto de pesquisa colaborativa na área de bioinformática e expressão genética do eucalipto. O projeto será coordenado pelo professor Gonçalo Pereira, do Laboratório de Genômica do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, e pelo engenheiro florestal Luís Fernando Silva, da Área de P&D Florestal da IP no Brasil, e contará com a participação de pesquisadores da empresa e da Unicamp. Na primeira etapa, que deve ser realizada em um ano, os pesquisadores buscam identificar regiões do genoma que possam estar relacionadas à produtividade e à qualidade da madeira do eucalipto. Os estudos laboratoriais serão feitos na Unicamp e o trabalho de campo, na empresa, onde serão cultivadas as espécies a serem analisadas.
Para fazer o estudo, os pesquisadores utilizarão a base de dados com a compilação do genoma do eucalipto que é resultado do Programa Genolyptus Rede Brasileira de Pesquisa do Genoma do Eucalyptus , projeto que teve participação tanto da Unicamp como da IP. O Laboratório de Genômica da Unicamp desenvolveu a parte de bioinformática do projeto. “Somos responsáveis pelo centro de dados do projeto, por meio do qual houve a compilação deste grande trabalho”, explica o professor Gonçalo Pereira. Formado por diversas empresas e universidades, o Genolyptus tem o objetivo de realizar a pesquisa genômica do eucalipto em uma fase pré-competitiva, criando assim oportunidades de desenvolvimento tecnológico para o setor florestal brasileiro.
“O genoma é como um quebra-cabeça. Agora, as empresas e universidades que participaram do consórcio têm acesso às peças deste quebra-cabeça”, compara Pereira. Segundo o professor, nesta fase as empresas vão trabalhar individualmente ou associadas a universidades para, por meio da genômica, entender quais regiões do genoma são responsáveis pelo melhor desempenho em cada espécie e criar ferramentas de suporte ao melhoramento genético para desenvolver plantas com características superiores sob o ponto de vista silvicultural e industrial.
Silva observa que a integração com a universidade pode ser interessante em vários aspectos. De acordo com o engenheiro, a parceria pode contemplar desde o desenvolvimento de projetos de pesquisa específicos de interesse de ambas as partes já que a universidade conta com grande aparato em termos de laboratórios e pesquisadores especialistas e a empresa com a aplicação prática dos avanços tecnológicos , até o desenvolvimento, capacitação e a absorção de mão-de-obra especializada para o setor produtivo.
Celulose A International Paper produz atualmente 760,3 mil toneladas de papel e 755 mil toneladas de celulose no Brasil, mantendo 72.490 hectares destinados ao reflorestamento com eucaliptos, além de 24.100 hectares de matas nativas conservadas pela empresa. Com sede nos Estados Unidos, a International Paper emprega aproximadamente 54 mil pessoas em mais de 20 países e atende clientes em todo o mundo. O total anual de vendas é de cerca de US$ 22 bilhões.
O Brasil é o maior produtor de celulose de eucalipto do mundo, com 30% do mercado mundial. O país exporta 6,6 milhões de toneladas de celulose e 2,03 milhões de toneladas de papel. Mas o eucalipto é atualmente utilizado em várias outras áreas, como para a produção de carvão, lenha, na indústria moveleira e na siderurgia, entre outros. Para o professor Gonçalo Pereira, com todas essas aplicações, a cultura do eucalipto ainda tem grande potencial de crescimento no Brasil. “A razão principal é a celulose, mas não é a única. A capacidade de absorção de carbono faz com que a cultura do eucalipto seja uma das alternativas para a mitigação das alterações climáticas”, prevê o professor.