| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 388 - 10 a 23 de março de 2008
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Pesquisa prega soluções coletivas para
intervenção em espaço físico na saúde

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A arquiteta Mirela Pilon Pessatti: arquiteto e gestor deveriam levar em conta diferentes conhecimentos (Foto: Antônio Scarpinetti)A arquiteta Mirela Pilon Pessatti propõe em sua dissertação de mestrado, apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), novas formas de encaminhamento das discussões acerca das intervenções no espaço físico nas unidades de saúde em geral. Para Mirela, atuante na área de consultoria do Ministério da Saúde na Política Nacional de Humanização, tanto o profissional de arquitetura como o gestor em saúde deveriam optar pela inclusão dos diferentes saberes dos trabalhadores e usuários da saúde nos processos de intervenção espacial. “Trata-se de um desafio, mas defendo o modelo pautado na incorporação do conhecimento dos vários agentes do processo. Da forma como ocorrem estas discussões, em alguns locais não há espaço para mudanças”, observa.

No estudo, orientado pelo professor Sérgio Resende Carvalho, a arquiteta parte de uma série de episódios em que foi adotado o modelo discutido e, por isso, alcançaram resultados positivos. Em uma intervenção física em um pronto-socorro, por exemplo, ouvir todas as pessoas pertinentes àquela área, possibilitou uma melhor proposta de ampliação e também mudanças nas atividades praticadas. Outro caso refere-se à discussão de alterações na organização de Unidades de Saúde da Família no Estado do Rio de Janeiro. “Até mesmo os processos de trabalho e a própria prática dos trabalhadores foram abordados no esquema. As discussões tiveram como resultado a construção de croquis para os arranjos espaciais necessários e muito entusiasmo para tocar o projeto”, explica.

Em Belo Horizonte, o trabalho desenvolvido em um hospital geral incluiu a participação da comunidade usuária no processo de discussão e co-produção. “Neste tipo de processo, as informações de gestores e trabalhadores trazem subsídios para as discussões com o arquiteto, instrumentalizando-o e permitindo que trabalhadores e usuários participassem do processo de forma ativa”, argumenta.

A partir do desenvolvimento de oficinas de ambiência, Mirela encontrou o caminho para embasar as suas propostas. Neste espaço, segundo ela, haveria condições para a criação e para a liberdade de expressão não só para as intervenções espaciais, como também para se repensar as práticas de saúde em seus vários setores. “As oficinas de ambiência são uma proposta que engloba a co-produção do espaço físico na saúde e não se trata de uma discussão fechada, mas sim o início de uma construção coletiva”, esclarece.

Em sua pesquisa, a arquiteta chama atenção também para um campo profissional pouco explorado. Para ela, o mercado de trabalho nesta área é marcado por limitações, uma vez que existem normas e regras da Vigilância Sanitária para o setor, discutidas na pesquisa. Mas, ainda assim, Mirela acredita no potencial para criação. “É um campo a ser explorado e que não é abordado nas instituições de ensino superior. Meu trabalho pretende, justamente, quebrar as barreiras e abrir as discussões”, finaliza.

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