A
Unicamp, através de sua Coordenadoria Geral (CGU), anunciou
no último dia 17, na sala do Conselho Universitário (Consu),
os melhores projetos do Prêmio Unicamp de Gestão Ambiental.
Os três primeiros receberão juntos a importância de R$ 30
mil, que deverá ser empregada na melhoria dos projetos premiados.
O próximo passo, segundo Fernando Coelho, presidente do
Grupo Gestor de Resíduos, é reunir os trabalhos em um livro.
Ele disse ainda que o prêmio tem o objetivo claro de localizar
ações de gestão, além de mostrar à comunidade que a iniciativa
pode funcionar com eficiência e que muitos dos processos
estão em uso na Unicamp. “Podemos começar a identificar
parceiros para disseminar os trabalhos, pois demonstraram
muita qualidade”, afirmou.
Apesar do prêmio ter sido concebido em âmbito interno,
suas ações foram colocadas em prática e já podem resultar
em paradigmas de gestão ambiental, segundo Fernando Coelho.
Os trabalhos foram julgados pelo presidente da Cetesb, Fernando
Rei; pelo professor do IQ da USP-São Carlos, Marcelo Pereira;
e pelo professor da FGV-SP, José Carlos Barbieri.
Foram
vencedores os trabalhos “Amenizar os impactos ambientais
gerenciando os resíduos”, de Rose Clélia Grion Trevisane,
Rogério Terra do Espírito Santo, Rosana Vasques Rosa, Míriam
Susana Locatelli, Paula Carolina Pêra, Vera Benatti Alves,
Sandra Regina de Oliveira, Gustavo Henrique Medeiros e Alexandra
Savio, todos do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom); “Uso
sustentável dos recursos hídrico e energético do Instituto
de Química: uma economia anual de um milhão de litros de
água potável e uma experiência disseminada”, de Cláudia
Martelli, Márcio Pedroso Guilherme, Wilson Nunes Gonçalves,
Elizabeth Pereira, Miriam Cristina de Souza e Herlado Luis
LLehmann; e “Reciclagem de solventes empregados nas atividades
de ensino e pesquisa do Instituto de Química”, de Carlos
Alberto Caetano, Paulo de Tarso Vieira e Rosa, José Ailton
Simplicio da Silva e Helder Pantarotto.
Como
menção de incentivo, o trabalho “Desenvolvimento e implantação
de um plano de gestão para os resíduos químicos da Universidade:
Laboratórios de Ensino, Pesquisa e Extensão do Ceset” foi
lembrado, tendo como representante dos autores a professora
Maria Aparecida Carvalho de Medeiros.
De acordo com o coordenador-geral da Universidade, professor
Fernando Costa, essa cerimônia dá continuidade a um trabalho
desenvolvido num longo período, realizado de maneira regular
e que se constitui uma das prioridades do Planejamento Estratégico
(Planes).
“O prêmio pode ser perene e estimular fornecendo os meios
para a realização de atividades, inclusive modelares para
outros órgãos governamentais. Esta atividade de gestão ambiental,
preocupada com reciclagem e economia, é referência no mundo
todo, sobretudo em países como Japão e Estados Unidos”,
contou. No Brasil, recordou o coordenador-geral, as agências
de fomento hoje passam a requerer que o tema seja abordado
nas pesquisas. Conheça abaixo o resumo dos trabalhos.
Resíduos
hospitalares
O trabalho de amenizar o impacto ambiental gerenciando os
resíduos ganhou o primeiro prêmio, bastante comemorado pela
enfermeira Rose Clélia Grion Trevisane e colaboradores.
A área hospitalar da Unicamp sempre preocupou-se com os
resíduos e o enorme passivo químico, recordou Paulo Eduardo
Moreira Rodrigues da Silva, pró-reitor de Desenvolvimento
Universitário. Porém, apontou Rose, a solução vem sendo
desenhada ao longo desses anos.
O tema “resíduos hospitalares” tem sido uma constante no
Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) desde 1995 e já em
1996 criou um grupo para discutir a coleta seletiva, para
diminuir os resíduos infectantes. Constatou-se que a questão
não era simples e envolvia mudança de foco, minimizando
a produção de resíduos, gerenciando as etapas do manejo
e priorizando uma gestão integrada.
Hoje um grupo, composto por gerente e facilitadores, gerencia
os resíduos e se pauta num trabalho de tratar de reduzi-los
e incentivar a segregação para a reciclagem. A implantação
de lixeiras seletivas, medidas de proteção à segurança e
saúde do trabalhador e ações educativas estiveram entre
as novas medidas. Um avanço foi a queda em 65% dos resíduos
hospitalares, bem como a busca de uma nova visão – com ações
voltadas à redução de impactos ambientais.
Sustentabilidade
O trabalho que foi o segundo colocado, também do IQ, apresentado
pela gerente dos laboratórios de ensino Cláudia Martelli,
na sala do Consu, sugere a substituição dos “velhos” destiladores
(os quais ela classificou como “vilões”) pela técnica de
osmose reversa. Conforme Cláudia, se fossem desativados
50 destiladores hoje, a Unicamp economizaria anualmente
5 milhões de litros de água potável.
Em sua unidade, uma sala de 2x3 metros foi desativada com
a adoção do novo sistema, tomando o espaço de apenas um
quadro de 80 cm. Os destiladortes gastavam no total (água,
energia e hora técnico) cerca de R$ 40 mil, passando a gastar
apenas R$ 40,00 ao ano, isso sem falar na qualidade bem
superior da água, segundo seus usuários. Um único equipamento
de osmose reversa é capaz de alimentar oito laboratórios,
trazendo benefícios financeiros e de sustentabilidade.
Solventes
A pesquisa que mereceu o terceiro lugar, realizada pelo
IQ, aborda como obter aproveitamento econômico e ambiental
dos solventes (acetato de etila, hexano e etanol são os
mais comuns empregados na Unicamp). Segundo o funcionário
da Planta-Piloto do IQ, Carlos Alberto Caetano, tradicionalmente
o Instituto encaminhava os solventes já utilizados para
incineração, mas a proposta do projeto é aproveitar o passivo.
O IQ tem sua planta-piloto desde a década de 80 e, em 2003,
passou por reforma a fim de trazer benefício ambiental,
com ênfase ao tratamento e à reciclagem. Desde 2008, efetua
a reciclagem do solvente.