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Unicamp premia trabalhos de gestão ambiental
Os três primeiros colocados recebem juntos R$ 30 mil; montante
deverá ser aplicado no aperfeiçoamento dos projetos

ISABEL GARDENAL

A enfermeira Rose Clélia Grion (ao centro), integrante da equipe vencedora: gerenciamento de resíduos atenua impactos ambientais (Fotos: Antonio Scarpinetti)A Unicamp, através de sua Coordenadoria Geral (CGU), anunciou no último dia 17, na sala do Conselho Universitário (Consu), os melhores projetos do Prêmio Unicamp de Gestão Ambiental. Os três primeiros receberão juntos a importância de R$ 30 mil, que deverá ser empregada na melhoria dos projetos premiados. O próximo passo, segundo Fernando Coelho, presidente do Grupo Gestor de Resíduos, é reunir os trabalhos em um livro.
Ele disse ainda que o prêmio tem o objetivo claro de localizar ações de gestão, além de mostrar à comunidade que a iniciativa pode funcionar com eficiência e que muitos dos processos estão em uso na Unicamp. “Podemos começar a identificar parceiros para disseminar os trabalhos, pois demonstraram muita qualidade”, afirmou.

Apesar do prêmio ter sido concebido em âmbito interno, suas ações foram colocadas em prática e já podem resultar em paradigmas de gestão am­biental, segundo Fernando Coelho. Os trabalhos foram julgados pelo presidente da Cetesb, Fernando Rei; pelo professor do IQ da USP-São Carlos, Marcelo Pereira; e pelo professor da FGV-SP, José Carlos Barbieri.

O coordenador-geral da Universidade, Fernando Costa, exibe projeto que ficou em terceiro lugar, ao lado de Carlos Alberto Caetano (à dir.) (Fotos: Antonio Scarpinetti)Foram vencedores os trabalhos “Amenizar os impactos ambientais gerenciando os resíduos”, de Rose Clélia Grion Trevisane, Rogério Terra do Espírito Santo, Rosana Vasques Rosa, Míriam Susana Locatelli, Paula Carolina Pêra, Vera Benatti Alves, Sandra Regina de Oliveira, Gustavo Henrique Medeiros e Alexandra Savio, todos do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom); “Uso sustentável dos recursos hídrico e energético do Instituto de Química: uma economia anual de um milhão de litros de água potável e uma experiência disseminada”, de Cláudia Martelli, Márcio Pedroso Guilherme, Wilson Nunes Gonçalves, Elizabeth Pereira, Miriam Cristina de Souza e Herlado Luis LLehmann; e “Reciclagem de solventes empregados nas atividades de ensino e pesquisa do Instituto de Química”, de Carlos Alberto Caetano, Paulo de Tarso Vieira e Rosa, José Ailton Simplicio da Silva e Helder Pantarotto.

Cláudia Martelli, do IQ, recebe prêmio de Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, pró-reitor de Desenvolvimento Universitário: segunda colocação (Fotos: Antonio Scarpinetti)Como menção de incentivo, o trabalho “Desenvolvimento e implantação de um plano de gestão para os resíduos químicos da Universidade: Laboratórios de Ensino, Pesquisa e Extensão do Ceset” foi lembrado, tendo como representante dos autores a professora Maria Aparecida Carvalho de Medeiros.

De acordo com o coordenador-geral da Universidade, professor Fernando Costa, essa cerimônia dá continuidade a um trabalho desenvolvido num longo período, realizado de maneira regular e que se constitui uma das prioridades do Planejamento Estratégico (Planes).

“O prêmio pode ser perene e estimular fornecendo os meios para a realização de atividades, inclusive modelares para outros órgãos governamentais. Esta atividade de gestão ambiental, preocupada com reciclagem e economia, é referência no mundo todo, sobretudo em países como Japão e Estados Unidos”, contou. No Brasil, recordou o coordenador-geral, as agências de fomento hoje passam a requerer que o tema seja abordado nas pesquisas. Conheça abaixo o resumo dos trabalhos.

Fernando Coelho, presidente do Grupo Gestor de Resíduos: idéia é reunir trabalhos em livro (Fotos: Antonio Scarpinetti)Resíduos hospitalares
O trabalho de amenizar o impacto ambiental gerenciando os resíduos ganhou o primeiro prêmio, bastante comemorado pela enfermeira Rose Clélia Grion Trevisane e colaboradores. A área hospitalar da Unicamp sempre preocupou-se com os resíduos e o enorme passivo químico, recordou Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, pró-reitor de Desenvolvimento Universitário. Porém, apontou Rose, a solução vem sendo desenhada ao longo desses anos.

O tema “resíduos hospitalares” tem sido uma constante no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) desde 1995 e já em 1996 criou um grupo para discutir a coleta seletiva, para diminuir os resíduos infectantes. Constatou-se que a questão não era simples e envolvia mudança de foco, minimizando a produção de resíduos, gerenciando as etapas do manejo e priorizando uma gestão integrada. 

Hoje um grupo, composto por gerente e facilitadores, gerencia os resíduos e se pauta num trabalho de tratar de reduzi-los e incentivar a segregação para a reciclagem. A implantação de lixeiras seletivas, medidas de proteção à segurança e saúde do trabalhador e ações educativas estiveram entre as novas medidas. Um avanço foi a queda em 65% dos resíduos hospitalares, bem como a busca de uma nova visão – com ações voltadas à redução de impactos ambientais.

Sustentabilidade
O trabalho que foi o segundo colocado, também do IQ, apresentado pela gerente dos laboratórios de ensino Cláudia Martelli, na sala do Consu, sugere a substituição dos “velhos” destiladores (os quais ela classificou como “vilões”) pela técnica de osmose reversa. Conforme Cláudia, se fossem desativados 50 destiladores hoje, a Unicamp economizaria anualmente 5 milhões de litros de água potável.

Em sua unidade, uma sala de 2x3 metros foi desativada com a adoção do novo sistema, tomando o espaço de apenas um quadro de 80 cm. Os destiladortes gastavam no total (água, energia e hora técnico) cerca de R$ 40 mil, passando a gastar apenas R$ 40,00 ao ano, isso sem falar na qualidade bem superior da água, segundo seus usuários. Um único equipamento de osmose reversa é capaz de alimentar oito laboratórios, trazendo benefícios financeiros e de sustentabilidade.

Solventes
A pesquisa que mereceu o terceiro lugar, realizada pelo IQ, aborda como obter aproveitamento econômico e ambiental dos solventes (acetato de etila, hexano e etanol são os mais comuns empregados na Unicamp). Segundo o funcionário da Planta-Piloto do IQ, Carlos Alberto Caetano, tradicionalmente o Instituto encaminhava os solventes já utilizados para incineração, mas a proposta do projeto é aproveitar o passivo. O IQ tem sua planta-piloto desde a década de 80 e, em 2003, passou por reforma a fim de trazer benefício ambiental, com ênfase ao tratamento e à reciclagem. Desde 2008, efetua a reciclagem do solvente.

 

 
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