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..............Campinas, 21 a 27 de maio 2001

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...Qualificação - pág. 2 ...Eventos futuros - pág. 8
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...Saúde - pág. 3 ...Extensão - pág. 9
...Administração - pág. 3 ...Proj. Experimental - pág. 9
...Campanha - pág. 4 ...Personagem e cultura - pág. 10
...Painel da semana- pág. 5 ...Comemoração - pág. 11
...Em dia - pág. 5 ...Assistência - pág. 11
...Inscrições - pág. 6 ...Especialidade e Artes pág. 12
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....PERSONAGEM
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Palestra comemora cem anos de Poeta

“Sem esperança não acontece o inesperado”..
Murilo Mendes........

Não usava barbeador elétrico, nem dirigia; preferia uma caneta antiga, simples, a esferográfica. Alto, ligeiramente curvo, tinha especial predileção por gravatas, chapéus e luvas. Murilo Mendes (1901-1975) era um homem de hábitos simples, comuns. Mas acima de tudo um triste. Costumava definir-se como um “católico relaxado, que gosta de vinho, menos o nacional, e inimigo pessoal de Hitler”. Personalidade complexa e, por vezes, contraditória, ora extrovertida em excesso, ora formada de introspecção, Murilo Mendes é indiscutivelmente um dos mais importantes e poetas da literatura brasileira.

E agora, quando se comemora cem anos de nascimento do poeta, a direção do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), convidou a professora emérita de Literatura Brasileira e Portuguesa Luciana Stegagno Picchio, da Universidade de Roma La Sapienza, para uma palestra a alunos de graduação, de pós, e professores da Unicamp.

O encontro com a professora Luciana, na última quarta-feira, contou com a presença de mais de 60 pessoas. Com seus 81 anos, imenso sorriso no rosto, a especialista em Murilo Mendes contou detalhes sobre a vida do poeta. Com boa dose de humor, revelou, por exemplo, que foi amiga dele e da esposa Maria da Saudade Cortesão Mendes durante os 18 anos em que Murilo Mendes passaram em Roma. Relembrou que aos nove anos ficou fadado à poesia à passagem do planeta Halley, e, aos 16 anos, fugiu do colégio onde estudava em Niterói simplesmente para assistir a um espetáculo de dança da companhia de Diaghilev e ver Nijinsk dançar. Com sua voz fininha, porém firme e lúcida, Luciana contou ainda outras particularidades da vida do grande poeta. Por exemplo, do dia em que tropas alemãs invadiram a Áustria, Murilo telegrafou a Hitler para mandar um recado ao ditador protestando em nome de Mozart.

O poeta era um homem fascinado pela dança, pelas artes plásticas e pela música. A poesia era, no entanto, a sua grande paixão. Luciana diz que ele era capaz de ficar ouvindo música por várias horas. Entre os seus compositores preferidos estavam Mozart, Haendel, Bach e Beethoven. Murilo era um homem que fazia questão de uma boa amizade e, por isso, cultivava amizades de artistas plásticos, escritores e poetas. De acordo com Luciana, a coleção de quadros de Murilo Mendes inclui obras de Miró, Picasso, Portinari, Goeldi, Fernand Léger, Vieira e Ismael Nery e tantos outros.

Luciana revelou que, já no fim da vida, e Murilo tornando-se “um homem tristinho”, um dia foi visitá-lo. Conversando com o poeta, preocupada com o seu estado de saúde, perguntou-lhe o motivo de tanto aborrecimento. Ao que o poeta respondeu, com voz sumida e triste: “Angústia, angústia”.

O primeiro livro de Murilo Mendes — Poemas —, lançado em 1930, foi considerado por Mário de Andrade como o principal acontecimento editorial daquele ano, quando foram publicadas obras de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, nomes que se consagrariam mais tarde. Murilo Mendes escreveu inúmeras obras, entre elas Poesia liberdade, Tempo espanhol, Poemas, As metamorfoses e A idade do serrote, que a Editora Record está relançando.

 

....CULTURA


Festival do folclore traz atrações internacionais

O Folk Ensemble, da Eslováquia, o El Cimarrón, da Argentina, e o Etnográfico de Lorvão são três dos mais importantes grupos de dança folclóricas internacionais que vão se apresentar em Campinas nos próximos dias 23 e 24 durante o 4° Festival Internacional do Folclore — Objetos Afetos. Mais precisamente nos palcos do Teatro José de Castro Mendes, a partir das 21 horas. São grupos com aproximadamente 40 pessoas cada, que têm em comum o folclore e o uso de adereços e instrumentos musicais típicos, coreografia tradicional e por terem, também, conquistados prêmios em vários países do mundo.

A realização do festival é um trabalho desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS-Unicamp), com apoio das Coordenadorias de Centros e Núcleos (Cocen) e de Relações Internacionais (Cori), com suporte da Secretaria Municipal de Cultura e o Cioff/Unesco.

Paralelamente ao festival ocorrem oficinas em que a música e a dança dos países representados serão vivenciadas por meio da interação com os grupos internacionais. Essas oficinas realizam-se no SESC, na Escola Estadual de Segundo Grau Culto à Ciência e no Galleria Shopping. No dia 24, ao meio-dia, os grupos da Argentina, Paraguai e Eslováquia se apresentam no Ciclo Básico da Unicamp.
“Nosso objetivo é atingir um grande público e transformar o festival em evento regular, que se realize todo ano, cada vez comum número maior de atrações”, diz Maira Camargo, uma das organizadoras do festival. Ela conclui dizendo que a abertura do festival “enaltece a figura do artesão e o artesanato como forma de expressão íntima vinda do seio do povo”. As imagens e a trilha sonora original foram criadas com o auxílio do computador a partir de pesquisa videográfica realizada no acervo do Museu de História e Folclore “Maria Olímpia”. Essa montagem multimídia, além de mostrar objetos criados pelo povo, quer transmitir, por intermédio da música e dança, o lirismo do artesão e a sua poesia.

“Os depoimentos, simples e autênticos dos artesãos olimpienses, da Dona Rosinha, da Lalá e do Breno, dão ao trabalho um contorno expressivo profundo”, explica Maira. “O público presente no festival certamente vai vislumbrar por meio da integração multimídia entre o vídeo, a música e a dança, um espetáculo único”, avalia a coordenadora do festival.

Participam também do festival bailarinos do DACO/Unicamp, e academias da região de Campinas, e a montagem coreográfica realizada no Studio de Dança Christiane Matallo. Nos teatros, na abertura de cada show de dança teatros internacional, será apresentada uma performance multimídia produzida pelo professor Jônatas Manzolli, coordenador do NICS, denominada Objetos Afetos, que dá nome ao festival. Jônatas explica que esse trabalho representa uma interação entre dança, vídeo e música, numa alusão ao artesanato popular.


 
 
 

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