Balzac
escreveu grandes romances (Eugénie Grandet é um
deles), mas seu forte certamente não era a caligrafia.
Seus originais tornaram-se famosos por serem o tormento dos
tipógrafos. Outros escritores, no entanto, faziam questão
de apresentar os originais limpos e legíveis. Machado
de Assis foi um deles. O autor de clássicos como Dom
Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas,
entre outros, tinha uma letra miúda, redondinha, perfeitamente
compreensível.
A
boa caligrafia nem sempre foi privilégio de todo mundo,
mas uma boa dose de talento e muita prática
sempre ajuda. Há quem sem muito esforço consegue
escrever de maneira bonita e elegante. Mas há outros....
A arte de escrever bonito é um assunto que sempre interessou
ao professor Geraldo Archangelo, do Departamento de Artes Plásticas
do Instituto de Artes (IA-Unicamp). Professor de modelagem no
Instituto desde 1985, Archangelo está ministrando um
curso de caligrafia no IA, destinado àqueles que aspiram
por conseguir melhor performance na arte de escrever.
A
idéia do curso surgiu em virtude das freqüentes
solicitações por parte de estudantes da Unicamp
para que Archangelo fornecesse algumas dicas de como poderiam
melhorar a escrita.
O curso é direcionado especialmente a estudantes de graduação
e de pós, não apenas de Artes, mas também
de outras unidades e até gente de fora da Universidade.
As aulas são dadas às quartas e quintas-feiras,
na sala AP5, no 1° piso do IA, na hora do almoço,
entre meio-dia e 13 horas. Estão cadastrados aproximadamente
40 alunos de diversas unidades da instituição.
Archangelo
costuma dizer que, para se ter letra bonita e com estilo é
basicamente uma questão de treino. E muita paciência,
sugere. E os resultados apresentados até agora têm
sido muito bons. Embora varie de indivíduo para
indivíduo geralmente quando se esforça o suficiente
e se dedica aos exercícios, nota-se que em pouco tempo
o aluno passa a ter uma boa caligrafia, e já começa
a criar em cima da letra que elabora, tornando-a mais bonita,
diz o professor.
Como
método de ensino, Archangelo optou pelos estilos denominados
pelos especialistas de cursiva inglesa e o gótico alemão.
Esta última, uma letra enfeitada, sextavada, cheia de
firulas, que, às vezes, de um simples traço podem
ser feitas outras letras. Os primeiros exercícios são
os de ordem muscular, seguidos pelos motores e os psicomotores.
Os movimentos com os dedos médio, indicador e
polegar são executados repetidas vezes ora rapidamente,
com traços leves, movimentando apenas o pulso, ora de
maneira lenta, produzindo traços finos e grossos, simultaneamente.
E Archangelo dá uma dica que não pode ser desprezada:
quanto mais o aluno se exercitar mais rapidamente terá
chance de evoluir.
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Técnica
permite trabalhos extras
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Sandra
Regina Polizio e Alexandre Megda Pizzi são
alunos do 1° ano de Artes Plásticas. São
unânimes em afirmar que não estão
fazendo o curso unicamente com a intenção
de melhorar a letra. É bem mais que isso.
Alexandre, por exemplo, diz que quer aplicar o que
está aprendendo na confecção
de cartões de Natal, de visitas, de casamentos
e outros trabalhos que porventura possam surgir. E
vai me servir também como entretenimento. Vou
unir o útil ao agradável, além
de ficar com uma letra bonita, justifica.
Sandra, por sua vez, não considera a sua letra
feia. A minha intenção é
aprender outros tipos de letra, de forma caprichada,
melhor elaborada. Isso pra uma série de projetos.
Um deles destina-se à confecção
de capas de trabalho de faculdade, diz. Ou simplesmente
para ter uma letra diferente, mais bonita.
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Projeto
une estudos de música popular e erudita
Uma
união entre os estudantes de música popular
e os de música erudita da Unicamp dá origem
ao Unimúsica, um projeto que pretende reunir mensalmente
no palco do auditório do Instituto de Artes trabalhos
desenvolvidos por alunos dos cursos de música clássica
e erudita da Unicamp. A iniciativa é inspirada nos
festivais Unidança e Unicenas realizados mensalmente
por alunos dos departamentos de artes corporais e cênicas
da universidade.A
primeira apresentação do Unimúsica
será nos dias 23 e 24, às 12h30, no Auditório
do Instituto de Artes.
Para
que o público prestigie todos os espetáculos,
a coordenação do evento preferiu manter a
programação em sigilo. O que se pode adiantar
é que o repertório é uma mistura de
clássico, popular, novo e antigo. Os concertos reverenciam
nomes consagrados da música como Mozart, Chiquinha
Gonzaga e Hermeto Pascoal, segundo Cassiana Zamith, aluna
do curso de música popular e uma das organizadoras
do evento. As peças serão apresentadas por
um duo de violino, um trio de piano, guitarra e contrabaixo,
quintetos e até um sexteto vocal, coisa rara na história
da música. O
objetivo do festival, segundo Cassiana, é divulgar
as produções realizadas pelos alunos à
comunidade universitária e aproximar os alunos de
música popular e erudita. Muita gente mostra
seu trabalho fora da Unicamp, então resolvemos criar
um espaço interno para a divulgação
dos trabalhos.
O
único critério para participar do Unimúsica
é que todo grupo seja formado por alunos do Instituto
de Artes da Unicamp do primeiro ao último ano.
Existem muitas coisas boas acontecendo no departamento,
mas as pessoas não têm iniciativa de montar
e realizar um espetáculo, reforça Cassiana.
A coordenação conta com o prestígio
de toda a comunidade universitária para o evento.
Serviço
Unimúsica
23 e 24 de maio
Auditório do IA
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