Mais
que um lugar destinado à simples retirada e leitura de livros, a Biblioteca
do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) pretende, agora, ser também
um ambiente de estudos, troca de idéias, discussões e, por que não?,
para uma boa e saudável conversa. Tudo em benefício do próprio
público que a freqüenta, no caso alunos, professores e servidores
da Universidade. Para
isso, foi preciso que o prédio da biblioteca, com 1.505 m2 de construção
que conta hoje com aproximadamente 70 mil títulos, incluindo 7 mil
volumes de aquisições recentes passasse por uma considerável
remodelação, de forma a tornar as suas dependências mais arejadas
e espaçosas e, por conseqüência, proporcionar maior funcionalidade
aos seus usuários. A começar pela recepção, que recebeu
pintura nova, móveis modernos e funcionais e computadores para consultas. A
conclusão das reformas dos novos espaços da unidade ocorreu na última
terça-feira (15), com a presença de professores e alunos da unidade.
Teve até apresentação de um grupo de música popular
brasileira, formada por estudantes. De
acordo com o professor Luiz Carlos Dantas, diretor do IEL, foram gastos na reforma
cerca de R$ 50 mil reais, pagos com verbas da Fapesp e do próprio Instituto.
A restauração deverá se estender também para a ala
do primeiro andar, onde há uma sala com 200 m2 dos quais 150 m2 destinados
à exposição de peças do acervo, geralmente quadros
e gravuras doados ao Instituto que, além da coleção do Cedae
(Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio), aloja
também as obras consideradas raras. Para se ter uma idéia
da importância desse acervo basta dizer que estão ali livros do século
17. Como as coleções de prosa doutrinária escritas por religiosos
de várias ordens existentes na época, impressas em Portugal,
explica a professora Adma Fadul Muhana, do Departamento de Teoria Literária
e Coordenadora Acadêmica da Biblioteca do Instituto. Ali
há obras com quase 400 anos. Por exemplo, uma coleção de
seis volumes escritos em 1696 pelo Frei Fradique Espínola, monge da Ordem
de São Bernardo, cujos volumes obedecem a uma luxuosa encadernação
de capas duras, marrons, com desenhos em alto relevo. A coleção
trata da Escola Denurial de várias lições dedicadas à
Virgem de Nossa Senhora do Desterro, Mãe de Deus. Ainda
dentro do bloco de obras raras há um volume intitulado O Marquez de Pombal,
obra publicada em 1885, em comemoração ao centenário da morte
do marquês; o volume tem 231 páginas e quase sete centímetros
de espessura. Há ainda um outro livro considerado raro: Noções
de Gramática Portugueza, de 1887, dos professores Pacheco da Silva Júnior
e Lameira de Andrade. E os dois volumes de Elucidário das Palavras, Termos
e Frases, que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram,
do Frei Joaquim de Santa Rosa do Viterbo. E para quem quiser saber um pouco mais
sobre o conhecido Padre Vieira tem lá um enorme volume de (1746) sobre
a Vida do Padre Vieyra: O Grande, escrito pelo padre André de Barros, da
Companhia de Jesus. Também no primeiro piso haverá um pequeno
convívio para acomodar confortavelmente vinte pessoas. O propósito
é transformá-lo num ambiente destinado a pequenas reuniões,
palestras e discussões. Pretendemos fazer do lugar um permanente
museu com peças de artistas consagrados, explica o professor Dantas.
Outras
obras de extrema importância, localizadas no bloco de especiais, referem-se
às primeiras edições de livros publicados pelos mais importantes
escritores brasileiros. Entre eles Machado de Assis, Ciro dos Anjos, Carlos Drummond
de Andrade, Augusto dos Anjos, Jorge Amado, Guimarães Rosa e, entre outros,
Lygia Fagundes Telles.
Há,
no andar térreo, uma sala denominada sala de quarentena, onde
os livros malconservados, velhos, passam por um completo processo de higienização.
Ao todo são, hoje, cerca de quatro mil volumes. Entre eles podem estar
também livros raros e/ou considerados especiais. Ali o livro passa por
um processo de limpeza para que sejam eliminadas as traças e os efeitos
de produtos químicos que porventura tenham sido usados. No
segundo andar localizam-se as 16 salas individuais de consulta e de leitura dos
alunos. Numa fase inicial das reformas, no primeiro andar ainda permanecem a coordenação
da biblioteca, a direção técnica e o processamento técnico,
que em breve deverão passar para o anexo novo de 200 m2, no andar térreo.
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