Nos dias 20
e 21 de agosto estiveram reunidos na Unicamp coordenadores de nove redes de projetos
genoma brasileiros para um encontro que facilitou a integração das
pesquisas genômicas em desenvolvimento no Brasil. Segundo Gonçalo
Amarante Guimarães Pereira, do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador
do Genoma de C. Crinipellis perniciosa (vassoura da bruxa), foi uma reunião
de brainstorm entre os pesquisadores, no sentido de contribuir com a troca de
informações e conhecimentos na área.
Sete
destas redes foram escolhidas em abril pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) para distribuição de recursos da ordem de R$
26 milhões de investimentos em biotecnologia contemplando diversas áreas.
Os governos estaduais também entrarão com expressivas contrapartidas. Entre
as pesquisas estão doenças de populações pobres, como
o mal de Chagas, micose e esquistossomose, bactérias fixadoras de nitrogênio
de extrema importância para a agricultura e a praga agrícola
da vassoura-de-bruxa, que dizima plantações de cacau. Participam
das sete redes 48 institutos e 240 cientistas. A oitava rede foi criada recentemente
com expressiva contribuição de empresas privadas e estuda o genoma
do eucalipto, com investimento inicial previsto em R$ 8 milhões, e a nona
é do projeto Genoma Brasileiro, que estuda uma bactéria que pode
ser eficaz no tratamento de algumas endemias, como a doença de Chagas e
a Leishmaniose. Ao
todo estiveram reunidos no Hotel da Funcamp (Casa do Professor Visitante) 29 pesquisadores,
durante dois dias, quando trocaram experiências e conheceram diversos setores
da Unicamp que contribuiem com as pesquisas. No dia 21 houve uma reunião
com representantes de empresas para apresentação de produtos. O
Brasil entrou de cabeça na era genômica,comemora Pereira. Segundo
ele, os estudos de genoma no Brasil se dividem em três fases: a primeira
foi sequenciamento do código genético da bactéria Xylella
fastidiosa, causadora da doença do amarelinho da laranja, que serviu para
que os pesquisadores aprendessem a fazer a genômica, ganhando experiência
na área. Agora, numa segunda fase, com investimentos tanto do MCT como
da Fapesp, instituições de pesquisa e agências de fomento,
foram direcionados os estudos para genomas espontâneos. A próxima
etapa é o desenvolvimento de produtos a partir destas pesquisas,
explica Pereira. Estas
nove redes de genoma que escolheram a Unicamp para fazer o primeiro encontro técnico,
financiado por empresas privadas, discutiram seus projetos em relação
a estratégias de sequenciamento e de bioinformática, para chegar
a produtos interessantes para a população e a indústria.
Com a pesquisa mais direcionada a resultados a obtenção de produtos
se torna mais viável. A
grande vantagem dos genomas regionais espontâneos é que se está
explorando organismos em torno dos quais já existe uma massa crítica
realmente preocupada com estes organismos, e de onde devem sair produtos de biotecnologia,
em uma área na qual o País tem um potencial enorme, mas a quantidade
de empresas que realmente atuam em biotecnologia é ínfima, praticamente
nula. Temos uma massa crítica enorme, organismos maravilhosos para se fazer
biotecnologia, potencial universitário fantástico, mas nada disso
é convertido. Precisamos atrair capital, afirma. |
Bebês
do Caism ganham projeto Pele a Pele Os
cangurus dão verdadeira lição de sensibilidade aos homens
nos cuidados com seus filhotes. O pequeno canguru, após o nascimento por
processo natural, fica protegido dentro da bolsa abdominal materna até
estar maduro o suficiente para andar com pernas próprias. Dali retira o
alimento e o calor necessários para se desenvolver. Um
novo método utilizado no Centro de Atenção Integral à
Saúde da Mulher (Caism) há poucos meses, que simula a prática
dos cangurus, contempla os bebês de baixo peso. É o Projeto Canguru,
desenvolvido inicialmente na Colômbia, desde 1979, com a finalidade de utilizar
os pais como incubadoras. Seu lema é amor, calor e leite materno. A
Área de Neonatologia do Caism batizou o projeto como Pele a Pele,
coordenado pela médica Mônica Aparecida Pessoto. A princípio,
disponibilizará quatro leitos para o procedimento. Iniciado há poucos
meses, até o momento, ele foi aplicado com sucesso a três casais.
O projeto está regulamentado pela Portaria 693 do Ministério da
Saúde. Em países pobres, chega a substituir as incubadoras, aparelho
que mantém constante a temperatura do bebê e a oxigenação
e umidade apropriadas. Como
funciona Os bebês, com peso mínimo de 1.250 gramas, constituem
o grupo de inclusão. A sistemática em geral é a mesma: eles
ficam no colo da mãe ou do pai-canguru por período máximo
de tempo desde 20 minutos a quatro horas, ou até mais. Pai e mãe
se revezam na tarefa de fazer as vezes de uma incubadora, para que a criança
tenha condições de crescer saudavelmente. O
recém-nascido, vestindo apenas uma fralda, é colocado em contato
com o corpo da mãe, entre os seios, e, no caso do pai, no peito. O objetivo
é criar um maior vínculo familiar, fornecendo calor e descartando
o risco de uma hipotermia para o bebê. Entre outros fatores positivos
do Pele a Pele apontados pelo neonatologista Sérgio Tadeu Marba,
responsável pelo Berçário do Caism, está a recuperação
dos batimentos cardíacos, da respiração e, em etapa posterior,
a estimulação ao aleitamento.
Os custos hospitalares também caem, pois as incubadoras passar a
ser usadas apenas para casos de alto risco, afirma Marba. Segundo ele,
no Hospital da Mulher, o Caism, 3% dos bebês nascem com menos de 1.500 gramas
e por volta de dez crianças por mês seriam candidatas à participação
no Projeto. No mundo, nascem anualmente 20 milhões de bebês prematuros
e com baixo peso. Destes, 1/3 morre antes de completar o primeiro ano de vida.
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