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TESE

 

Na banca, mas a distância

A defesa da tese de doutorado de Maurício Teodoro de Souza, pela Faculdade de Educação Física, no último dia 13, foi no mínimo original. Pela primeira vez na Unicamp, um dos membros da banca examinadora participou a longa distância da defesa. A professora Veronica Boix Mansilla, da Universidade de Harvard, estava nos Estados Unidos e pode assistir a apresentação e contribuir com perguntas e comentários como se estivesse no auditório da DGA – onde foi feito o evento. Isto graças ao aparelho de vídeo-conferência adquirido recentemente pela Unicamp para a realização de seminários e congressos internacionais.

A originalidade foi tamanha que até mesmo os demais membros da banca – professores Nilson José Machado, da USP, José Elias de Proença, das Faculdades Integradas de Guarulhos, João Batista Freire, da Federal de Santa Catarina e Jocimar Daólio, da FEF – se surpreenderam com a iniciativa. Tudo começou, explica Souza, na hora da escolha dos membros para compor a banca. “Devido ao assunto, era imprescindível a presença da professora Verônica”, salienta a orientadora da tese, professora Vilma Mista-Piccollo.

Professora na pós-graduação em Educação naquela Universidade, Veronica é uma das especialistas na área de inteligência corporal cinestésica – objeto de estudo de Souza em seu trabalho. Além disso, a Universidade de Harvard foi o berço da teoria da inteligência múltipla de Haward Gardner, base utilizada para a tese intitulada “A inteligência corporal cinestésica como manifestação da inteligência humana no comportamento de crianças”.

Vilma conta que não foram medidos esforços para que a professora estivesse presente na defesa. As dificuldades financeiras, porém, impediram que as tentativas tivessem sucesso. “O alto custo das despesas com passagem e hospedagem inviabilizaram o projeto. Foi quando surgiu a idéia de contar com a participação dela, utilizando-se, para isso, o equipamento de vídeo-conferência”. Como a Universidade já possui o equipamento, o custo foi apenas da ligação, via Embratel. De acordo com José Luiz da Silveira, o Bola do Centro de Computação, uma ligação desta natureza custa em média R$ 400,00. “É fácil, prático e econômico”, afirma. Ele esclarece que basta apenas uma sala com ponto para a ligação e, é claro, o investimento inicial para a compra do equipamento que custa em média R$ 16 mil. .

De acordo com a orientadora, a sugestão foi logo aceita tanto pelo coordenador de pós-graduação da FEF, professor Ricardo Machado Leite de Barros, como pelo pró-reitor de Pós-Graduação, José Cláudio Geromel, que segundo ela, “comprou a idéia” e se empenhou ao máximo para o êxito da proposta.

Um dos problemas enfrentados foi a falta de normas internas para a defesa de tese nestas circunstâncias. Como as experiências com o equipamento na Unicamp são recentes não se imaginava como poderia legalmente efetivar a participação da professora Veronica no processo. Tanto é que os comentários feitos durante a defesa foram encaminhados por escrito via e-mail e via Correio para garantir a sua “presença”. Vilma destaca que a experiência é muito boa e a recomenda para os outros setores da Unicamp. Ela salienta apenas que é importante a discussão de normas e parâmetros para não se esbarrar em critérios legais já estabelecidos.

Souza foi aprovado por unanimidade pela banca examinadora e carregará a responsabilidade de ter sido o pioneiro na iniciativa. Além disso, os comentários da professora Veronica a respeito do trabalho “de qualidade, bem escrito e provocativo na variedade das vias”, ficará eternizado em sua memória.


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Inteligências múltiplas

O trabalho realizado por Maurício Teodoro de Souza, na Área de Pedagogia do Movimento da Faculdade de Educação Física, se baseia na teoria das inteligências múltiplas, proposta Haward Gardner, em 1983, no livro “Estruturas da Mente”. Pesquisador ilustre da Universidade de Harvard, Gardner contrapõe o conceito de inteligência baseada nos testes verbal-lingüístico e de lógica-matemática, nos quais são identificados o índice de QI do indivíduo.

Na concepção do pesquisador, as inteligências múltiplas possuem uma variedade de manifestações pelas quais podemos identificar o potencial da pessoa. São elas, a corporal, musical, espacial, interpessoal, intrapessoal, naturalista e existencialista. “É importante descobrir o domínio de cada um e a capacidade de solucionar os problemas nesta área”, explica Souza. Ele esclarece que, nos testes de QI, a pessoa tem que se adequar ao modelo imposto e muitas vezes o domínio é outro.

A pesquisa se concentrou na inteligência corporal. Durante alguns meses, o então doutorando, observou oito crianças de uma escola particular, em São Paulo, na prática do muro de escalada. A sua questão era, justamente, validar o esforço desenvolvido pelas crianças como manifestação da inteligência. “Não trabalhei com conceitos de mais ou menos inteligentes e sim se elas conseguiam ou não resolver o problema”.

Os estudos na área de Inteligência Corporal na Universidade já existem há cerca de quatro anos. O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inteligência Corporal Cinestésica da FEF, coordenado pela professora Vilma Mista-Piccollo, é um dos pioneiros em trabalhos nesta área e possui apresentações em congressos e seminários internacionais.

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